A
política regional madeirense está cada vez mais condicionada à consequência
decorrente pela amplitude do confronto político entre o poder regional
social-democrata e os socialistas locais - estes mais a reboque dos efeitos da governação
nacional do que por mérito próprio, até porque falamos de um partido que no
xadrez político regional sofreu uma duríssima derrota em 2015.
Neste
quadro de bipolarização envergonhadamente assumida, PSD e PS pretendem
condicionar a agenda política e a agenda eleitoral regional, levando por
arrastamento os demais partidos locais, de menor dimensão no espectro político
regional, que começam a perceber que podem vir a ser extraordinariamente úteis
na negociação de cenários partidários posteriores às eleições regionais de
2019.
Para
os madeirenses 2019 será um ano triplamente eleitoral, já que às europeias e às
legislativas nacionais - que mobilizarão todos os portugueses - acrescem as
regionais.
Lembro
que em 2015, depois da mudança de liderança no PSD, com Miguel Albuquerque a
suceder a Alberto João Jardim, depois de um disputado processo de directas
internas nos social-democratas no final de 2014, o PSD obteve nas regionais
antecipadas de Março de 2015 e nas legislativas nacionais de Outubro desse mesmo
ano, os seus piores resultados de sempre, num quadro eleitoral marcado por
abstenção recorde. Nas autárquicas de 2017, apesar de ter sido o partido mais
votado, o pecúlio em mandatos ficou muito aquém do pretendido, não
ultrapassando as 4 em 11 Câmaras Municipais que os social-democratas já haviam
conquistado em 2013 com Jardim na liderança.
A maioria
absoluta que o PSD dispõe no parlamento regional é de apenas um deputado - ela
já tinha sido escassa em 2011, ainda com Jardim na liderança do PSD - pelo que
a conjugação de todos estes factos eleitorais faz com
que as regionais de 2019 estejam rodeadas de grande expectativa e porventura
venham ser as mais disputadas de sempre, sem que isso signifique que o PSD não
as pode voltar a vencer, embora com consequências parlamentares diferentes das
que existiram até hoje.
A
pressão do PS regional - que mudou de liderança este ano, num quadro político
interno radicalizado e ainda não devidamente esclarecido, sabendo-se apenas que
o sacrificado acabou por ser Carlos Pereira, anterior líder e actual deputado
na Assembleia da República (aliás, cada vez mais há a convicção de que foi esta
sua opção pelo parlamento nacional em detrimento do regional que fragilizou
Pereira e o deixou fragilizado sem o controlo de algumas estruturas importantes
na decisão da disputa eleitoral interna, como se veio a verificar) - tenderá a
aumentar mas existem outras situações a considerar.
O
Bloco de Esquerda mudou de liderança e sabe que 2019 será um teste decisivo à
sua própria existência; o CDS, maior partido da oposição regional (resultados
de 2015), tem tido alguns sintomas de instabilidade interna associados à sua
liderança; a JPP terá em 2019 um teste decisivo à sua afirmação como partido
regional e não apenas autárquico e circunscrito a uma Câmara Municipal local
(Santa Cruz); o PCP na crónica estabilidade interna, tentará sobretudo a
sobrevivência e o eventual reforço da sua representação eleitoral que lhe
assegure a manutenção de pelo menos um grupo parlamentar na assembleia regional.
Apesar
das absurdas ideias, alegadamente defendidas por alguns sectores - não
identificados - do PSD regional de antecipar as eleições regionais de Outubro
de 2019, para tentar estragar os planos do PS regional, mas colando-as perigosamente
aos previsíveis efeitos positivos da governação nacional nos resultados
eleitorais das legislativas nacionais de 2019 - o que demonstra alguma confusão
analítica na maioria regional - vamos continuar a assistir a uma situação no PS
algo caricata.
Caricata
porque o novo líder dos socialistas, Emanuel Câmara - que destronou este ano
Carlos Pereira da liderança do PS - nunca escondeu que não seria ele a disputar
com Albuquerque a chefia do governo regional em 2019 mas que tal empreitada
será protagonizada por Paulo Cafofo, Presidente da Câmara do Funchal que a
ganhou em 2013 - ainda com Jardim na liderança do PSD local - e em 2017, sucesso
eleitoral este agora com maioria absoluta.
Cafofo
virou o trunfo eleitoral que o PS vai usar para tentar conquistar o poder
regional em 2019, embora num quadro eleitoral que nada tem a ver com o
autárquico - onde o sucesso de Cafofo se ficou a dever em grande medida a uma
coligação com vários outros partidos - o que poderá ser decisivo.
Isto
porque, se nas autárquicas os partidos nada têm a ganhar ou a perder
concorrendo coligados previamente, já nas regionais, sobretudo depois do
fracasso da coligação liderada pelo PS em 2015, a sobrevivência desses partidos
(até em termos financeiros) passa por concorrer separadamente às eleições (LFM, Jornal Económico)
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