Candidatura de Paulo Cafôfo à presidência do governo regional no centro da polémica. Carlos Pereira fala em “assalto ao palácio”. A estratégia para as eleições regionais de 2019 está a provocar divisões entre os socialistas da Madeira. Emanuel Câmara, presidente da câmara de Porto Moniz, candidata-se à liderança do PS/Madeira contra o atual presidente Carlos Pereira com o objetivo de apostar na candidatura de Paulo Cafôfo. Carlos Pereira acusa-o de estar a dividir os socialistas numa altura em que, pela primeira vez, o partido tem hipóteses de conquistar a presidência do governo regional. “A existência de uma candidatura de divisão do PS é, obviamente, uma má notícia para o PS, mas é uma boa notícia para o PSD. É uma boia de salvação para Miguel Albuquerque que tem tido muita dificuldade em se afirmar”, diz ao i Carlos Pereira, recandidato e vice-presidente do grupo parlamentar do PS. O PS apoiou a candidatura de Cafôfo à câmara do Funchal, mas a atual direção rejeita que o independente seja a aposta certa para confrontar Miguel Albuquerque e argumenta que os mandatos são para cumprir. “O nosso apoio não foi dado para que ele pudesse ganhar a câmara e a seguir salte para ser outra coisa qualquer a nível regional ou nacional”, acrescenta Carlos Pereira.
A luta entre Carlos Pereira, que se vencer as eleições internas será o candidato do PS, e Emanuel Câmara tem sido travada também nas redes sociais. O atual presidente do PS/Madeira garantiu, na sua página do facebook, que “os militantes do partido não gostam da ideia de um partido desonrado e humilhado como se, no fim de 40 anos de oposição e luta, não houvesse um único quadro capaz de liderar o governo regional”. O socialista refere-se à candidatura adversária como uma “aventura absurda suportada num processo mais parecido com um assalto ao palácio” e promete que “o golpe que pretendia atingir o PS/Madeira não resultará”.
As eleições estão marcadas para dia 19 de janeiro e o congresso dos socialistas da Madeira para 3 e 4 de fevereiro. Emanuel Câmara respondeu às críticas da atual direção do PS/Madeira com a garantia de que não alimentará “os insultos gratuitos, as mentiras desmedidas e os anúncios de desgraça que vão surgindo pontualmente, nos jornais e nas redes sociais, sempre pelas mãos de um grupo restrito”. O candidato garante que o seu adversário “não é nenhum socialista, não é nenhum autarca eleito com o apoio do Partido Socialista, é o PSD e o governo regional do PSD”.
Paulo Cafôfo foi reeleito nas últimas eleições autárquicas com o apoio do PS, Bloco de Esquerda, Juntos pelo Povo, Nós, Cidadãos! e PDR. O independente não tem fechado a porta a uma candidatura à presidência do governo regional e, numa entrevista ao “Funchal Notícias”, há menos de um mês, garantiu que, apesar de não ser filiado em nenhum partido, identifica-se “claramente com o Partido Socialista. Identifico-me com os princípios, identifico-me com os valores, e com o ADN do PS, incluindo o PS-Madeira”. O PSD governa a Madeira desde 1976 e esta é a primeira vez que os socialistas alimentam a expectativa de vencer as eleições nesta região (texto do jornalista do Sol, Luís Claro)
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