terça-feira, outubro 03, 2017

Remodelação governativa na Madeira? A falsa questão de Rui Gonçalves e a necessidade de Albuquerque não ser manipulado

A anunciada saída - ou disponibilidade para sair - de Rui Gonçalves do governo madeirense, embora possa  agradar a alguns sectores do PSD regionais mais "radicais" neste domínio, não é a solução dos problemas. Pelo contrário. Muito sinceramente acho que a meio do mandato não é nada recomendável, que  Miguel Albuquerque ceda a pressões e seja induzido no erro de achar que o problema existe e está nas finanças. Não está.
Ruio Gonçalves foi dos poucos membros do governo que manteve uma presença constante com a candidatura do PSD em Santa Cruz, participando nas iniciativas, envolvendo-se, falando, etc. Não se trata de um político na verdadreira acepção da palavra, mas está longe de ser o tecnocrata cinzento e vazio que alguns consideravam ser em anos anteriores.
O titular das finanças para além de apresentar resultados em matéria de finanças regionais, obviamente que precisava agora de ter porventura mais ousadia nalgumas áreas sociais, evitando insuficiências que poderiam ser superadas ou minimizadas, reclamação que porventura alguns levaram à Quinta Viga que sentiu sempre alguma dificuldade em interferir no trabalho do titular das finanças.
Salvo se a solução alternativa for melhor, salvo se essa alternativa for mais credível, e mesmo correndo o risco de eu não ser apoiado pelos tais sectores mais radicalizados que exigem a cabeça de Rui Gonçalves, mesmo antes das eleições autárquicas, não me parece  que a remodelação, claramente necessária, urgente e fundamental, que Miguel terá que fazer, seja a adequada indo por esse caminho. O que se nota neste governo é a ausência de uma componente política, na verdadeira acepção da palavra. A tão propagandeada ligação ao parlamento, embora cumprindo disposições regimentais e estatutárias, e com a qual concordo, não tem constituído nenhuma mais-valia política clara quando o GRM vai para o confronto com a oposição. Vejam o que  António Costa faz em relação ao PSD e a Passos e vejam o que aconteceu, como consequência dessa agressividade política -  no bom sentido - em termos eleitorais. Porque falta da parte do executivo um discurso contundente, politicamente falando - nada de confundir com discurso ofensivo ou agressivo, coisas diferentes - que permita ao executivo marcar um espaço claro, delimitando aquela ideia de que agora, estes alegados novos tempos é uma espécie de "make love not war" onde anda tudo deitado na mesma cama sem brigas nem amuos. Acho que é essa confusão, a diluição das diferenças que sempre existiram entre partidos, programas e discurso, que tem vindo a fragilizar o PSD regional quando é mais do que evidente, e repito, uma renovação progressiva e geracional do eleitorado madeirense, o que obriga os partidos a se adaptarem rapidamente a novas realidades. Uns aos poucos têm conseguido, outros não.
Espero que Miguel Albuquerque não se deixe enganar, salvo se pessoalmente perdeu toda a confiança política no titular das finanças.
Se assim for, e porque essa confiança do chefe de um governo no seu titular das finanças é fundamental, nesse caso não resta outra alternativa. Se se trata apenas de zumbido nos ouvidos, estamos perante uma falsa questão que tenta desviar a atenção das pessoas do essencial e fazer distrair a opinião pública, afastando-a do essencial. O essencial é ter presente que governação é política. Discursos tecnocratas, complexos de neutralidade, farsas de "independentismo" da treta, tiradas naifes para os média, sem conteúdo, banalidades atrás de banalidades, isso é para outros palcos, que não os políticos e muito menos os governativos. Desculpem a frontalidade, sem ofensa para ninguém. Mas apelando a que reflictam muito sobre isto (LFM)

Nota final: porque gosto de saber tudo antes, recuso inventar seja o que for, coloquei o assunto da campanha eleitoral em Santa Cruz e do envolvimento de Rui Gonçalves a um destacado dirigente social-democrata cuja resposta diz tudo: "Fez campanha sempre, em todas as freguesias e cantinhos e esteve sempre disponível". Não restem dúvidas...

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