Marco
Lisi, professor de Ciência Política da Universidade de Lisboa, salienta que,
apesar de darem vantagem a Clinton, as sondagens apontaram sempre para
diferenças dentro da margem de erro. E que a tendência dos media e da opinião
pública terá sido a de desvalorizar a recuperação de Trump no final da campanha De
acordo com a esmagadora maioria das sondagens, Hillary Clinton seria a 45ª
presidente dos EUA. Durante várias semanas, apenas uma apontava para a vitória
de Donald Trump. Como
podemos ver no quadro comparativo do New York Times, em todas elas, a diferença
entre os dois candidatos era bastante reduzida – dos dois aos seis pontos
percentuais. O suficiente para que Marco Lisi, professor de Ciência Política na
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, lembre que
todos estes estudos salvaguardavam que "a diferença entre Clinton e Trump
estava na margem de erro".
Além
disso, ao longo do último mês, as tracking polls diárias foram dando conta de
que Trump estava a subir nas intenções de voto, não chegando, no entanto, para
o colocar na frente. No entanto, de acordo com o professor, "a opinião
pública e os meios de comunicação podem ter tido um discurso favorável a
Hillary Clinton, não refletindo as indicações que eram dadas pelas
sondagens". Por
causa destas previsões, a vitória do republicano não deveria ter sido uma
surpresa assim tão grande.
EM
QUE É QUE AS SONDAGENS FALHARAM?
De
acordo com Marco Lisi, o erro pode ter a ver com a existência de uma maioria
silenciosa, um conceito que surgiu nos anos 70 e que, segundo explicou, surge,
de vez em quando para justificar a falhas das sondagens.
"A
opinião pública, do ponto de vista normativo, acha que dizer determinada coisa,
socialmente, é errado, então esconde as suas verdadeiras intenções: ou não tem
opinião, ou diz que vai votar de uma maneira diferente daquela que está
convencida de que irá votar", esclarece. Estas eleições podem ter sido um
caso assim, visto que houve uma tendência para a opinião pública considerar
Trump politicamente incorreto.
Outro
problema poderá estar relacionado com o tipo de sondagens realizadas. Nos EUA
existem vários tipos de técnicas e amostras. O que acontece é que algumas
sondagens foram realizadas através da internet. Geralmente, nestes casos, os
inquiridos caracterizam-se por ter um maior nível de educação. "É muito
difícil, com esta técnica, apanhar uma certa representatividade de todos os
grupos sociais, como os emigrantes e pessoas que moram em zonais mais rurais,
que parecem ter votado claramente a favor do Trump", clarifica o
professor. A
participação dos eleitores e o voto antecipado são outros fatores que podem ter
prejudicado o trabalho das sondagens.
Em
reação aos resultados, Jonathan Barnett, um representante republicano e
apoiante de Trump disse que as sondagens tinham perdido muita credibilidade e
que iria ser difícil confiar nelas de novo. As
eleições presidenciais deste ano foram bastante competitivas. Isso nota-se,
aliás, nas diferenças percentuais apresentadas pelas sondagens. Marco Lisi
disse que, "normalmente, as sondagens dos EUA são fiáveis. Em condições
normais não falham, têm tido um bom desempenho" (Visão)
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