quarta-feira, outubro 26, 2016

Venezuela: Ex-ministro acusa Maduro de abrir portas à violência

O ex-ministro venezuelano do Interior e Justiça, Miguel Rodríguez Torres, acusou esta quarta-feira o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de "fechar as portas à democracia" e abri-las "à violência" ao suspender a realização de um referendo revogatório do mandato presidencial. O ex-ministro de Nicolás Maduro recomendou ao Chefe de Estado que siga o exemplo dado pelo falecido líder socialista Hugo Chávez (que presidiu ao país entre 1999 e 2013), que aceitou submeter-se a um referendo em 2004. "Fechar as portas à democracia é abri-las à violência. Por isso o referendo é uma alternativa, impulsionada por Hugo Chávez, que além disso teve a maturidade para realizá-lo", disse em declarações à cadeia Circuito Êxitos e à Unión Rádio. Segundo Miguel Rodríguez Torres, que foi ministro de Interior e Justiça entre 2013 e 2014, "o referendo revogatório é um direito dos venezuelanos, permiti-lo é um tema de maturidade política".
"A Venezuela está a passar por uma situação de perigo, em qualquer momento pode haver uma rutura constitucional e é um erro envolver as Forças Armadas (FA) na diatribe política do país", frisou. Torres, que também é major general do Exército, sublinhou que envolver o setor castrense "põe em risco a estabilidade do país" e que as FA têm sido ofendidas por um setor da oposição venezuelana.

"Nas FA há a mesma angústia que sentem os políticos ao decidirem sobre os problemas da vida dos venezuelanos. Tirem as FA desse debate político, é perigoso, porque é jogar com o fogo. Os políticos têm que entender que há que falar ao país sem manipulações", disse. A 21 de outubro último o Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) adiou "até nvoa ordem judicial" as recolhas de assinaturas para a realização do referendo para revogar o mandato do Presidente Nicolás Maduro pedido pela oposição, previstas para 26, 27 e 28 de outubro.
O adiamento teve lugar horas depois de vários tribunais anularem as assinaturas recolhidas na fase anterior do processo, correspondentes a um por cento dos eleitores, uma medida que vários opositores insistem ter sido aplicada com base em milhares de assinaturas que foram descartadas pelo CNE. A oposição venezuelana quer realizar um referendo revogatório ainda este ano e tem acusado o CNE de atrasar propositadamente a calendarização das diferentes etapas do processo para atrasar a saída de Nicolás Maduro do poder.
Se o referendo se realizar até 10 de janeiro de 2017, deverão ser convocadas novas eleições presidenciais, segundo a legislação venezuelana. Depois dessa data, será o vice-Presidente em funções a substituir Maduro até ao final da legislatura. A 28 de setembro último, o CNE afastou a possibilidade de o referendo se realizar antes de meados do primeiro trimestre de 2017 (Lusa)

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