sábado, outubro 01, 2016

Jornalismo: USA Today rompe neutralidade histórica e apela ao não voto em Trump

O jornal USA Today rompeu, esta quinta-feira, com a sua histórica neutralidade nas eleições presidenciais dos Estados Unidos e instou os eleitores a não votarem no candidato republicano, Donald Trump, que qualificou de "mentiroso compulsivo". Nascido em 1982, o USA Today manteve uma posição neutra durante os 34 anos da sua história, uma postura que revia antes de cada disputa, "porque cada eleição é diferente", mas que, "nunca tinha encontrado razões para a alterar", "até agora". "Este ano, um dos candidatos - o republicano Donald Trump - está, de acordo com o critério unânime do conselho editorial - incapacitado para a presidência", escreveu o USA Today em editorial.
"Desde o dia em que anunciou a sua candidatura, há 15 meses, até ao primeiro debate presidencial desta semana, Trump demonstrou, por várias ocasiões, que lhe falta temperamento, o conhecimento, a firmeza e a honestidade que os Estados Unidos necessitam [de ter] nos seus presidentes", sublinhou. " Trump demonstrou, por várias ocasiões, que lhe falta temperamento, o conhecimento, a firmeza e a honestidade que os Estados Unidos necessitam" O editorial elenca os motivos pelos quais considera Trump inapto para chegar à Casa Branca, como as suas declarações sobre política externa, os seus preconceitos relativamente aos mexicanos ou aos muçulmanos ou a sua "acidentada" trajetória empresarial cheia de litígios judiciais. O USA Today descreve ainda o magnata nova-iorquino como um "mentiroso compulsivo" que "vulgarizou" a política nacional e compara-o ao ex-Presidente Richard Nixon (1969-1974) pela sua capacidade em fazer inimigos. O jornal esclarece, porém, que o editorial "não representa um apoio incondicional a Hillary Clinton, que tem os seus próprios defeitos", apesar de instar os leitores a votar na democrata, em candidatos de outros partidos ou mesmo a escrever o nome de alguém que não apareça nos boletins de voto, uma prática conhecida nos Estados Unidos como "write-in". "Independentemente do que fizeres, resiste aos cantos da sereia de um perigoso demagogo. Vota, mas simplesmente não o faças em Donald Trump", conclui o editorial. Além do USA Today, a candidatura de Trump tem levado muitos jornais tradicionalmente conservadores a inclinarem-se por Hillary Clinton nestas eleições. O The Dallas Morning News, do Texas, por exemplo, quebrou, em agosto, a tradição mantida durante décadas de apoiar o candidato presidencial republicano, considerando que Trump está "contra quase todos os ideais do partido" e que "não está qualificado para ser Presidente". É a primeira vez desde 1964, quando evitou comprometer-se na eleição disputada entre o democrata Lyndon B. Johnson, que era texano, e o republicano Barry Goldwater, que o diário de Dallas decide não apoiar o candidato do Partido Republicano à Casa Branca. Na quarta-feira, o Arizona Republic, o principal jornal do Arizona, acabou, por seu turno, com uma tradição de 126 anos - desde a sua fundação em 1890 - ao apoiar, pela primeira vez na sua história, o aspirante democrata à Casa Branca, por entender que Hillary Clinton é a melhor opção. No dia seguinte, foi a vez de o Detroit News, do Michigan, romper a sua tradição - neste caso de 143 anos - que foi a de apoiar sempre o candidato republicano (menos em três ocasiões em que se manteve neutro) ao apelar ao voto em Gary Johnson, ex-governador republicano do Novo México e candidato do Partido Libertário (terceiro maior partido dos Estados Unidos) (DN-Lisboa)

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