sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Opinião: PCP,CGTP ou o jogo duplo dos comunistas ante o PS...

Todos sabemos que a CGTP, liderada por Arménio Carlos, é uma extensão natural do PCP para o mundo sindical. O PCP vive muito da influência que tem nas estruturas sindicais que consegue controlar e sem as quais provavelmente teria uma dimensão política e eleitoral menor. Arménio Carlos é membro do Comité Central do PCP, foi deputado nos anos noventa do PCP na Assembleia da República, pelo que a partidarização da CGTP ao nível da sua cúpula - anteriormente foi  Carvalho da Silva, também ele dirigente do PCP - é um facto. Aliás o discurso do  PCP e o de Arménio Carlos confunde-se. Ainda esta semana isso passou-se com a alegada nacionalização do ex-BES, reclamada pelo PCP e secundada nos mesmos termos por Arménio no Congresso da CGTP que decorre em Almada.

O problema é que o PCP joga habilmente em duas frentes: por um lado na Assembleia da República vota ao lado do governo socialista porque os comunistas temem a realização de eleições antecipadas nos tempos mais próximos, sobretudo depois da catástrofe eleitoral inesperada sofrida nas presidenciais de Janeiro. Por outro, porque não querem ficar dependentes do PS nem querem ser abafados pelos socialistas que facilmente passariam um atestado de "desnecessidade" ao PCP, os comunistas jogam na rua, via CGTP, para manterem a sua prática político-sindical intocável e manter sobretudo as estruturas sindicais que controla sob a influência do partido, evitando assim dissidências ou a perda de influência.
Aliás essa é a razão principal da reclamação insistente da reversão das concessões e da privatização no domínio dos transportes que, a par do funcionalismo público são reconhecidamente as duas últimas áreas de actividade sócio-profissional onde o PCP não quer perder influência por nada.
Podemos assim afirmar que a CGTP faz e diz tudo o que o PCP quereria dizer e fazer mas não pode, dado que está amarrado na Assembleia da República a um acordo parlamentar de governação com o PS. Mais ou menos o que se passa com o Bloco de Esquerda (LFM)

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