sexta-feira, janeiro 22, 2016

Mania de escrever: primeiro soco no estômago

Eu acho que ninguém dúvida sobre o que pensava - porque escrevi e mantive sempre a mesma linha de crítica - sobre o anterior governo, sobre a forma como aplicou a austeridade, pela indiferença revelada face aos problemas sociais graves que dela resultaram, face à pobreza, ao desemprego, aos problemas dos jovens forçados a emigrar, pela forma patética como lidava como desmantelamento do estado social, pelas crescentes dificuldades de acesso das pessoas à saúde, etc.
Mesmo sabendo que a memória das pessoas é curta, há coisas que não se pode negar.  Nunca apoiei o anterior governo - e isto nada tem a ver com o facto de não ter qualquer margem de tolerância com Passos e Portas, que me causam apenas asco - mas isso não significa que aceite branquear as patifarias da governação socialista de Sócrates que faliu com esta porcaria toda e foi obrigado a pedir ajuda externa, algo que as pessoas não esquecem. Falo, repito, da forma desumana, nojenta e submissa como executou o programa de austeridade, pelo autoritarismo fascista que foi imposto à política e ao exercício da política, pela distorção causada ao PSD, que hoje não sei bem ideologicamente onde se posiciona, pela manipulação das instituições, tudo graças à maioria absoluta que detinha no parlamento, pela propaganda vergonhosa e mentirosa que usou e abusou (veja-se os casos recentes do BES, do BANIF, da devolução da sobretaxa do IRS, da manipulação dos dados do desemprego, etc).
Mas não posso deixar de reconhecer que os portugueses levaram hoje o primeiro soco no estômago, enganados pela nova propaganda, iludidos pela devolução de salários ou pela descida da sobretaxa do IRS. De que serve isso tudo se o governo socialista, apoiado pela esquerda e pela extrema-esquerda, não altera os escalões do IRS? Os portugueses rapidamente vão perceber que mantendo-se as taxas de IRS que o patético Vítor Gaspar impôs quando falou no tal "aumento brutal de impostos", tudo o que for "devolvido" aos portugueses corre o risco de não assar de um embuste e de volta a entrar nos cofres do estado devido aos mecanismos de descontos do IRS. Não se passou isso já quando o anterior governo  pomposamente devolveu - não devolveu coisa nenhuma - em Janeiro de 2015 os primeiros 20% do salário aos funcionários públicos? É ou não factual que muitos dos "beneficiários" com essa devolução perceberam rapidamente que acabaram por descontar mais IRS apesar da devolução do ordenado devido a uma mudança de escalão ou na taxa de retenção. Ou seja, sem alterar os escalões do IRS, sem acabar com a roubalheira institucionalizada pelo governo de Passos e do CDS de Portas, tudo vai continuar na mesma? Veremos se tenho ou não razão. Os escalões de IRS não deixam uma grande margem entre eles pelo que aumentos insignificantes acabam por não beneficiar ninguém - sobretudo nos vencimentos da ordem dos 1500 ou mais euros -  antes pelo contrário, são devorados pela roubalheira fiscal que este governo socialista vai manter.
Aliás causou estranheza o facto de Costa e o governo do PS  e da esquerda terem mantido a vergonha dos duodécimos com o subsídio de Natal, o oposto do que prometeram na campanha, de que na prática não passou de uma patifaria introduzida pelo governo de Passos e do CDS de Portas que ao dividirem o subsídio de Natal por 12 prestações, na esperança de impedir que funcionários públicos, pensionistas, reformados e privados que aceitassem este esquema,  percebessem a dimensão dos corte e da roubalheira que todos os meses lhes é feita.
Se é assim que este governo e a esquerda vão governar, então estamos perante métodos iguais aos do passado, apenas com outras cores (na imagem as taxas de IRS de 2015)

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