terça-feira, janeiro 26, 2016

CURIOSIDADES DAS PRESIDENCIAIS: vitória de quem nunca foi, de facto, o candidato de Passos e de Portas, dpois dos derrotados destas eleições. Mas foi o candidato das bases do PSD e do CDS

Marcelo Rebelo de Sousa - começou com mais de 60% mas foi perdendo até chegar pelas sondagens aos 51 a 55% à medida que a campanha foi evoluindo.
Era o único candidato da área política de centro-direita mas paradoxalmente não era o candidato desejado pelo PSD e pelo CDS, apesar destes terem recomendado o seu voto nele. Basicamente PSD e CDS perceberam que Marcelo não lhes faria o frete, se eleito, o de dissolver o parlamento e provocar eleições legislativas antecipadas. Marcelo recusou desde sempre essa ideia talvez porque acredita que, é tudo uma questão de tempo, esta coligação nacional vai dissolver-se porque dificilmente conseguirá sobreviver.
Uma vitória muito significativa de Marcelo nestas presidenciais pode ser um problema para os partidos porque abre-se um precedente. As presidenciais são eleições personalizadas, não partidárias mas acho que todos reconhecem que pelo menos até hoje o envolvimento dos partidos é factual e indesmentível.  O problema é que PSD e CDS apesar de terem recomendado o voto em  MRS nunca estiveram com ele de forma entusiasmante e incondicional. Marcelo nunca foi entusiasta apoiante de Passos e teve problemas no passado com Portas no caso da antiga coligação e de um episódio que ganhou então espaço mediático irritando MRS e o PSD.
Ao manterem-se à margem CDS e PSD distanciaram-se porque MRS era o único candidato de centro-direita, facilitando-lhes o trabalho. Ser houvesse outro candidato aí seriam os problemas. Julgo que PSD e CDS pretendiam manipular MRS, obriga-lo a comprometer-se com a dissolução da AREP depois da sua eleição, exclusivamente para fazer um frete político aos dois parceiros da extinta PAF. Quando isso não aconteceu, quando MRS se distanciou dessa teoria tonta,  Passos e Portas perceberam que salvo se a actual maioria de esquerda o desejasse (e provocasse), não seria  MRS a fazer a vontade e a viabilizar uma pretensa vingança eleitoral. Portas por isso anunciou a sua saída da liderança do CDS e Passos em vez de fazer o mesmo - porque prejudica o PSD colocando-o refém do sonho de um ajuste de contas pessoal com Costa que pode condicionar e penalizar o PSD - resolveu manter-se sem que possa oferecer nada, rigorosamente nada aos militantes do PSD no próximo Congresso, salvo se a coligação de esquerda ruir por iniciativa e culpa própria.
Portas foi uma vez mais mais perspicaz e inteligente e politicamente mais astuto. Passos dá uma ideia de agarrado ao poder como uma lapa, e nem mesmo o que se passa em Espanha lhe mostra que a realidade política está a mudar numa Europa em crise e farta da austeridade que ele tanto gosta e da qual depende na expectativa de brilhar junto dos seus parceiros europeus conservadores e mais radicais com os quais ele melhor se entende.

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