Marcelo Rebelo de Sousa - começou com mais de 60% mas foi perdendo até chegar pelas sondagens aos
51 a 55% à medida que a campanha foi evoluindo.
Era o único candidato da área política de
centro-direita mas paradoxalmente não era o candidato desejado pelo PSD e pelo
CDS, apesar destes terem recomendado o seu voto nele. Basicamente PSD e CDS
perceberam que Marcelo não lhes faria o frete, se eleito, o de dissolver o
parlamento e provocar eleições legislativas antecipadas. Marcelo recusou desde
sempre essa ideia talvez porque acredita que, é tudo uma questão de tempo,
esta coligação nacional vai dissolver-se porque dificilmente conseguirá
sobreviver.
Uma vitória muito significativa de Marcelo
nestas presidenciais pode ser um problema para os partidos porque abre-se um
precedente. As presidenciais são eleições personalizadas, não partidárias mas
acho que todos reconhecem que pelo menos até hoje o envolvimento dos partidos é
factual e indesmentível. O problema é
que PSD e CDS apesar de terem recomendado o voto em MRS nunca estiveram com ele de forma entusiasmante e incondicional. Marcelo nunca foi entusiasta apoiante de Passos e
teve problemas no passado com Portas no caso da antiga coligação e de um
episódio que ganhou então espaço mediático irritando MRS e o PSD.
Ao manterem-se à margem CDS e PSD
distanciaram-se porque MRS era o único candidato de centro-direita, facilitando-lhes o trabalho. Ser houvesse outro candidato aí seriam os
problemas. Julgo que PSD e CDS pretendiam manipular MRS, obriga-lo a
comprometer-se com a dissolução da AREP depois da sua eleição, exclusivamente
para fazer um frete político aos dois parceiros da extinta PAF. Quando isso não
aconteceu, quando MRS se distanciou dessa teoria tonta, Passos e Portas perceberam que salvo se a
actual maioria de esquerda o desejasse (e provocasse), não seria MRS a fazer a vontade e a viabilizar uma
pretensa vingança eleitoral. Portas por isso anunciou a sua saída da liderança
do CDS e Passos em vez de fazer o mesmo - porque prejudica o PSD colocando-o
refém do sonho de um ajuste de contas pessoal com Costa que pode condicionar e
penalizar o PSD - resolveu manter-se sem que possa oferecer nada, rigorosamente
nada aos militantes do PSD no próximo Congresso, salvo se a coligação de
esquerda ruir por iniciativa e culpa própria.
Portas foi uma vez mais mais perspicaz e
inteligente e politicamente mais astuto. Passos dá uma ideia de agarrado ao
poder como uma lapa, e nem mesmo o que se passa em Espanha lhe mostra que a realidade política está a mudar numa Europa em crise e farta da austeridade
que ele tanto gosta e da qual depende na expectativa de brilhar junto dos seus
parceiros europeus conservadores e mais radicais com os quais ele melhor se
entende.
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