quarta-feira, novembro 18, 2015

Paris foi ontem, Paris voltou a ser uma lição. Mas aqui acabou

Hoje tomei a decisão de não publicar mais nenhuma notícia na minha página pessoal do facebook sobre os atentados de Paris. O que havia para dizer foi dito, não tenho pachorra para alimentar histórias da carochinha, as notícias tontas sobre aeroportos ou praças evacuadas por causa de pacotes alegadamente abandonados, e mais não sei o quê. Aqui, neste facebook, Paris passou. Ficam as lições, ficam as vítimas, ficam as memórias dos mortos. Fica a carnificina. Mas deviam ficar as dúvidas sobre como foi possível tudo isto acontecer, com a facilidade que parece ter acontecido, os erros, as omissões dos serviços de informação, as incompetências, a cumplicidade dos governos europeus, a falta de garantia de segurança aos cidadãos europeus, etc. Paris não se esquece, mas não alimento mais histórias, porque bem vistas as coisas é isso que os radicais pretendem, que o crime tenha a amplitude mediática susceptível de gerar medo nas sociedades. Os que têm que garantir a nossa segurança que façam o que têm a obrigação de o fazer. Os que têm que retaliar contra estes bandidos criminosos, que façam o que têm que fazer. Paris não se esquece, mas foi ontem. Por acaso ainda se lembram dos atentados na redacção do Charlie Hebdo no início deste ano, de quantos jornalistas foram assassinados, de quais os seus nomes? Pelos vistos não aprenderam a lição já que o governo de Hollande - agora muito falador e muito ameaçador - continua a não garantir a segurança dos franceses. E isso é grave.
Uma nota complementar. A amplitude mediática destes eventos demonstra - e uma fez mais ficou comprovado - que os meios de comunicação perdem o controlo dos acontecimentos, limitando-se a irem por arrastamento dos factos gerados por fontes nem sempre credíveis ou sectárias, porque interessadas no medo. Hoje foi a notícia da morte de mais dois reféns do Estado Islâmico, a divulgação de uma lata de refresco como se se tratasse da bomba que deitou abaixo o avião russo, foi um terminal do aeroporto de Copenhaga fechado devido a um pacote abandonado, foram dois jogos de futebol internacional cancelados por alegadas ameaças, foi uma praça no centro de Madrid evacuada porque viram um pacote algures por ali, foram, duas ou três bombinhas artesanais que causaram o pânico e evacuarem descontroladamente a Praça da República em Paris sem que ninguém tenha percebido o que se estava a passar, etc. Acabou. Não alinho nestas tretas. Agora é uma história da carochinha à volta da portuguesa mãe de um dos alegados terroristas com a notícia de que as nossas secretas andaram por Braga a vasculhar não se sabe o quê. Na televisão são testemunhos tontos de pessoas que explicam o que ouviram nos tiroteios em Paris, esta noite, imitando até a cadência a dos tiros. Acabou. Os jornais, as televisões, as agências, as rádios que façam esse trabalho, porque os mentores de tudo o que se tem passado é isso que querem. E tudo indica que estarão a conseguir.

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