sábado, setembro 26, 2015

Mania de escrever: o panorama dos média na RAM vai movimentar-se em 2016

O Governo Regional da Madeira reduziu em 15% os montantes canalizados para as rádios locais da Região, que se juntam a um anterior corte de 15%. No caso do "Jornal da Madeira", politicamente o "dossier" mais incómodo, a opção foi a de preparar a empresa, agora com outro nome, para uma venda a privados em 2016, cenário que me parece improvável, o que implica que o destino efectivo do JM - agora assim conhecido - seja o seu encerramento a partir do momento em que a Região deixe de canalizar para o periódico qualquer verba, como já anunciou.
Percebe-se o melindre da situação. Bem vistas as coisas o actual JM, detido na totalidade pela Região, depois da Diocese ter abandonado o projecto editorial e a empresa detentora do Jornal da Madeira, nada tem a vender a não ser o título, já que não possui espaço físico próprio nem uma estrutura gráfica de apoio, na medida em que recorre a terceiros.
O  anterior título Jornal da Madeira propriedade da Diocese voltou para a Diocese, por decisão desta, que é também proprietária do prédio na Rua Fernão de Ornelas onde o agora chamado JM tem a sua sede.
Embora legalmente tenha um ano para colocar na rua uma publicação do jornal por forma a manter o título na sua posse, sabe-se que existem algumas movimentações destinadas a retomar o projecto editorial, com outros moldes, liberto de qualquer conotação política mais directas como aconteceu no passado e que envolverá investimentos essencialmente privados, provavelmente com capitais de fora da Região, apesar de não estar excluída a possibilidade de surgirem interessados na Madeira. A Diocese do Funchal poderá ser um parceiro desse projecto, sem encargos financeiros, caso ele se concretize e não seja mais uma ideia que não passa do papel.
As rádios locais da Madeira dificilmente conseguirão manter-se com uma redução importante de receitas, já que o mercado publicitário destas estações, de âmbito concelhio, continua hoje, mais do que no passado, muito limitado. Não será de excluir que algumas rádios locais - algumas delas pertencente a conhecidos empresários da Região - possam encerrar portas em 2016,  embora de momento nenhuma decisão, ao que  me consta, tenha sido ainda tomada. Tudo dependerá do sucesso que as empresas consigam na procura de alternativas às verbas que auferiam no âmbito do contrato de prestação de serviços firmado com o Governo Regional. Embora sem indicadores concretos, estima-se em mais de 50 pessoas os trabalhadores directamente adstritos a estas rádios locais regionais.
No panorama da comunicação social regional - e com outras empresas que experimentaram dificuldades financeiras e prejuízos volumosos em 2011, 2012 e 2013 a recuperar, timidamente - destaque para o futuro da RTP.  Custando anteriormente mais de 12 milhões de euros anuais, a RTP madeirense se foi cortando despesas e com isso viu reduzidos os custos para uma verba que se situou nos 10 milhões de euros anuais, que entretanto terão baixado um pouco mais, para 8 a 9 milhões de euros. Estes dados foram-me fornecidos por fonte credível, mas com o pedido de alguma reserva, dado que existem dificuldades em saber exactamente esses custos reais.
O que se hoje se coloca em termos de futuro do centro regional da RTP na Madeira é saber até que ponto o estado continuará a garantir sozinho a responsabilidade pelas despesas ou se vai ou não exigir ao Governo Regional - tal como foi exigido ao anterior executivo regional - que seja a Região a assumir uma parte significativa, até 50%, desses encargos. Admite-se que a coligação  PSD-CDS caso seja a mais votada nas eleições de 4 de Outubro retome o projecto de privatização parcial numa primeira fase e depois venda total da empresa, mas atendendo aos valores que estão em cima da mesa uma fonte que está identificada com este processo garantiu-se que não há na Madeira recursos financeiros nem empresários interessados em dar a cara. O que não deixa de ser estranho atendendo ao que sobre esta matéria foi dito (e publicado) nos últimos anos.
Uma coisa é certa, o panorama da comunicação social regional em 2016 conhecerá provavelmente mais algumas alterações importantes.

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