domingo, agosto 16, 2015

"Mania de escrever": Salgado e a comunicação desastrosa

Não vou comentar nada do que se passou com o BES, porque não julgo as pessoas pelos jornais. Além disso toda a gente é inocente até que seja julgado e condenado. Nada disso aconteceu ainda. Poderia, e seria fácil, despejar uma serie de adjectivos pouco abonatórios para tudo o que se passou que facilmente encontraria um coro de apoio. Mas o bom senso e as regras deontológicas que balizam a minha postura, fazem com  que tenha que ter cautelas acrescidas perante um "caso" com esta amplitude e com contornos ainda mal esclarecidos. A família Salgado, a propósito desta crise no  BES, tem sido desastrosa em termos de comunicação. Salgado pode ter o dinheiro que tiver, pode achar que continua a ser o "maior", pode continuar a pensar que vai conseguir dar a volta à justiça e que vai esclarecer as acusações de que é alvo no processo de falência do antigo BES. Mas há uma coisa que Salgado não pode contrariar: ele não percebe patavina de jornalismo, não sabe como é que estas coisas funcionam, para além das paredes em que o dinheiro compra tudo. Mais do que isso, Salgado não tem uma política de comunicação quer precisa, não consegue fazer passar qualquer mensagem para o exterior de forma eficaz e com alguma aceitação justificada pelas dívidas que persistem sem resposta, não sabe lidar com as notícias que o contrariam, não sabe fazer a gestão de uma crise com a dimensão e as especificidades desta.



Salgado, penso eu, tem sido desastroso na gestão dessa comunicação e em vez de atenuar a seu favor seja o que for, consegue agravar ainda mais as suspeições e a aversão da comunidade e da sociedade em geral e relação à sua pessoa e família. Neste momento o que é fundamental para Salgado é que ele saiba como e o que comunicar, quando o deve fazer, saiba como elaborar uma mensagem, saiba manter alguma tranquilidade na reacção, deixe o processo evoluir normalmente. Salgado não pode andar a correr atrás do prejuízo, indo a reboque dos acontecimentos à medida que eles são gerados na comunicação social que não terá dificuldade, caso queira, em desgastar Salgado e em colocá-lo refém de uma estratégia comunicacional que o incomoda. Salgado tem que perceber que uma coisa é contratar uns tipos que tanto vendem sabonetes como vendem produtos bancários de alto risco e altamente corrosivos que acabaram por ter o efeito que tiveram. Chegaram a um ponto - a família Salgado - em que não há mais espaço para pensar que continuando a vender sabonetes se safam. Não, neste momento a escolha é simples, balizando-se entre o respeitar ou não a justiça, entre o querer ou não o apuramento da verdade, entre preservar ou não a própria família honrando pelo menos os seus antepassados. Se forem pelo caminho oposto, vão bater de frente.
O que se passou há dias entre Salgado e os jornais Sol e I demonstra bem a falta de competência e de qualidade nestes domínios. Não creio que Salgado tenha ganho fosse o que fosse com a forma como reagiu a notícias publicadas nos dois jornais e que o visaram claramente de forma negativa.

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