sábado, agosto 01, 2015

210 mil empregos destruídos em quatro anos de legislatura

Foram destruídos 210,4 mil empregos em precisamente quatro anos de legislatura PSD-CDS, indicam as séries longas do Instituto Nacional de Estatística (INE) hoje divulgadas. Há sinais positivos, como seja a subida homóloga (face a junho de 2014) do emprego total, mas voltou a haver destruição de emprego entre os jovens neste período.
Hoje, o porta-voz do PSD, Marco António Costa, quase pintou um quadro idílico ao tentar fazer um diagnóstico de fim de legislatura do mercado de trabalho em Portugal.
Citado pela Lusa, o ex-governante, entretanto remodelado por Passos Coelho, acenou que "a verdade dos factos comprova que, face a junho de 2011, primeiro mês de governação do atual Governo da maioria", houve "uma redução efetiva do número absoluto de desempregados em Portugal".
E relevou que "face aos 661 mil existentes em junho de 2011, temos hoje em junho de 2015 636 mil. Isto é, temos uma redução superior a 20 mil desempregados".
Disse ainda que "entre janeiro de 2013 e maio de 2015, há mais 204 mil portugueses, felizmente, a trabalhar" e que "o país está no rumo certo".
Os números referidos estão corretos. Mas trata-se de uma análise algo omissa (não apanha o período de junho de 2011 a dezembro de 2012) e com alguns lapsos. Uns inócuos, outros mais graves.
Primeiro, faz um balanço do emprego desde janeiro de 2013 quando todo restante diagnóstico é feito para o período de quatro anos que leva já a legislatura (o governo assumiu funções em julho de 2011).
Há menos 66,6 mil jovens com trabalho
Nos quatro anos desta legislatura, a destruição de emprego vai em 210,4 mil postos de trabalho (líquidos). Entre os jovens (15 a 24 anos) há menos 66,6 mil empregos, nos adultos com 25 ou mais anos a redução chega a 143,8 mil, mostram os dados do INE recolhidos pelo Dinheiro Vivo.
Depois o desemprego. Marco António Costa fala de uma "redução superior a 20 mil desempregados" desde 2011, mas na verdade o saldo até é melhor: há menos 25,7 mil pessoas sem trabalho.
Problema: os jovens continuam a beneficiar pouco do "rumo certo" de que fala o dirigente laranja. Em quatro anos, o desemprego jovem caiu apenas 7,5 mil casos, para 112,5 mil em Junho deste ano. Face a maio de 2015, o contingente aumentou ligeiramente.
Mas como lembra o INE, estes números ainda são provisórios, podendo ser sujeitos a revisões importantes no mês que vem.
A taxa de desemprego estabilizou em junho em 12,4% e antes disso tinha vindo a reduzir-se de forma consistente. Marco António Costa sublinhou esse facto, mas esqueceu-se de referir que a taxa de desemprego só estabilizou porque não alastrou nos adultos (taxa de 11% em junho, igual a maio).
Taxa de desemprego jovem sobe para 31,6%
Pior: a taxa de desemprego jovem registou uma subida significativa, a maior do ano. Passou de 31,1% em maio para 31,6% em Junho.
Face a junho de 2011, o desemprego jovem está pior em 3,7 pontos percentuais da população ativa correspondente. Aqui, não dá para fazer um balanço positivo da legislatura de centro-direita, de facto.
A taxa de desemprego total está uma décima acima do valor de junho de 2011 (era 12,3% quando José Sócrates saiu), apesar da evolução favorável dos últimos meses.
Entre junho de 2011 e 2015, os vários tipos de desemprego desceram em termos absolutos, mas as taxas agravaram-se.
Isto acontece porque a população ativa (denominador) diminuiu bastante. Além dos que arranjaram emprego (a maioria), muitos desempregados passaram à reforma, outros emigraram ou voltaram a estudar. Há ainda centenas de milhares inativos desencorajados e pessoas que trabalham menos horas do que desejam, mas que não são abrangidos pelo conceito oficial de desemprego.
No próximo dia 5 de agosto, o INE publica os dados do inquérito ao emprego relativo ao 2º trimestre o qual permitirá dissecar melhor as nuances da situação no mercado de trabalho (Dinheiro Vivo)

Sem comentários: