segunda-feira, julho 27, 2015

Bruxelas avança com investigações aprofundadas ao Banif

As ajudas públicas ao Banif, que totalizaram 1100 milhões de euros, estão a ser investigadas pela autoridade da Concorrência europeia, para apurar se são compatíveis com as regras comunitárias, um passo essencial para que o oitavo maior banco possa avançar com o plano de reestruturação. A Comissão Europeia iniciou um “procedimento de investigação aprofundada para analisar a compatibilidade do auxílio de Estado prestado ao Banif com as regras sobre auxílios estatais da União Europeia”, informou esta sexta-feira o Governo português através de um comunicado emitido pelo Ministério das Finanças, que tem a tutela do sector bancário. A iniciativa europeia surge no quadro da recapitalização pública ao Banif, anunciada a 21 de Dezembro de 2012, envolvendo, numa fase inicial, a nacionalização de mais de 90% do capital. O Estado injectou um total de 1100 milhões de euros, dos quais 700 milhões foram directamente e 400 milhões empréstimos em CoCos (capital contingente). A operação de recapitalização previa ainda um aumento do capital de 450 milhões de euros a concretizar pelos investidores privados, sendo que parte já foi realizado. Segundo as regras europeias, os apoios financeiros prestados pelos Estados-membros aos bancos (bem com a outras empresas) têm de ser “acompanhados” para garantir que não há distorções da concorrência. Há cerca de dois anos que o Banif aguarda a decisão do regulador europeu para poder concluir o plano de reestruturação do banco, que tem sofrido alterações ao longo do tempo, a última foi em Outubro de 2014. Os ajustes visaram respeitar as disposições europeias destinadas, entre outros temas, a garantir a viabilidade da instituição (agora detida em mais de 60% pelo Estado) a longo prazo.
O Banif já se pronunciou sobre a decisão. Considerou que “apesar do plano de reestruturação submetido pelo Estado português à Comissão Europeia ainda não ter sido formalmente aprovado, tem vindo a proceder à sua implementação” com redução de endividamento e dos custos operacionais, bem como de “melhoria do produto bancário”. E observou que “já foi possível”, por exemplo, “concretizar uma redução da exposição do Estado Português ao banco, através da extinção de 1175 milhões de euros de empréstimos com garantia pública e ainda com o reembolso de 275 milhões de euros de Obrigações de Capital Contingente - CoCo’s.” A declaração do banco liderado por Jorge Tomé  surge momentos depois do Ministério das Finanças ter emitido o comunicado a lembrar que as averiguações são “da exclusiva competência da Comissão Europeia” e que “uma investigação aprofundada é uma fase procedimental  –  que não implica qualquer juízo de mérito quanto à conclusão final - e ocorre frequentemente em processos de auxílios de Estado”. As Finanças destacam que a investigação aprofundada não tem “qualquer implicação na situação prudencial, patrimonial e financeira” do banco, “nem afecta o plano de recapitalização em curso”.

O gabinete da ministra das Finanças Maria Luis Albuquerque garante estar “a acompanhar o processo, em estreita colaboração com a Comissão Europeia, com vista a fornecer os esclarecimentos necessários” e “a assegurar a compatibilidade do auxílio prestado ao Banif com as regras sobre auxílios de Estado” (texto do Público da jornalista Cristina Ferreira)

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