No meu último texto aqui publicado falei-vos de
declarações de um dos vice-presidentes da comissão europeia, Dombrovskis,
segundo o qual o nosso país, contrariando as teorias do governo de Passos
Coelho e do CDS, vai precisar de mais medidas de austeridade para cumprir os
défices acordados com Bruxelas. E fi-lo porque é fundamental que se fale
verdade na política. Não podemos mais tolerar que os políticos andem a brincar
com a gente e que nos escondam a realidade, que nos tentem vender gato por
lebre e que atirem para debaixo do tapete todas as medidas de austeridade
porque, não sendo populistas e por poderem penalizar eleitoralmente um partido
ou partidos de uma coligação no poder, há que esconder essas situações (e
ameaças) do eleitorado antes de ele votar.
O referido dirigente europeu recusou comentar
“eventuais impactos orçamentais de medidas que os dois principais partidos
anunciaram que vão levar a cabo caso vençam as legislativas, como a reversão
dos cortes salariais dos funcionários públicos e o fim da sobretaxa, que o PSD
propõe fazer em quatro anos e o PS em dois”.
É sabido que um dos mistérios que reconhecidamente
marcarão presença na próxima campanha eleitoral tem a ver com a reforma do
sistema de pensões e com o já anunciado corte de 600 milhões de euros que o
governo de Passos Coelho e do CDS querem impor. Obviamente que escusado será
dizer que voltará a ser uma vez mais o mexilhão a se lixar porque
recorrentemente é ele o penalizado por estes cortes bandalhos da corja de pândegos
do costume. Nos milhões desviados para a banca e para alimentar as negociatas
das PPP e dos contratos swap eles nem mexem. Nos salários, pensões e reformas
são os primeiros a roubar. Mas como se trata de uma medida polémica e que pode
ter consequências eleitorais negativas, nunca mais se ouviu falar do tema. Foi,
por assim dizer, encaixotado até melhor oportunidade.
Aquele membro da comissão na entrevista que venho
citando, tenta passar ao lado do assunto ao revelar que “esta não é uma medida
imediata, mas sim para ser feita a médio e longo prazo, porque se deve avançar
logo que possível e de preferência com um suporte alargado entre os partidos e
os parceiros sociais. Fizemos essa recomendação a vários Estados-membros. A
Europa está a envelhecer e temos de tornar os sistemas de pensões sustentáveis.
Quanto mais demorarmos a fazer ajustes mais dramático será".
Ou seja estão-nos, uma vez mais e neste item em
concreto, a esconder a verdade. Há negociatas de bastidores mantidas sem
segredo, há medidas que vão chegar e que nos vão lixar a todos, mas apenas as
conheceremos depois das eleições. Há a aldrabice do costume associada à
propaganda de trampa deste governo de Passos e do CDS de Portas, repito e
insisto, há mais austeridade já negociada e desenhada e que apenas espera pelas
eleições, tudo isto sempre à custa do povo e não dos bandalhos do costume, dos
corruptos de colarinho branco que são a seiva doentia do capitalismo selvagem,
os hipócritas corruptos que infestam a banca e o sistema financeiro em geral e
todos os que aldrabam o estado e depois obrigam-nos a ter que pagar milhões
(casos do BES, BPP, BPN, PPP, contratos SWAP, SCUTS, etc). Estamos a falar de
mais de 15 mil milhões de euros espatifados na banca, de benefícios ocultos
para o sistema financeiro e de mais cerca de 25 a 30 mil milhões de euros em
contratos PPP, SCUTS, contratos SWAP, etc que serão suportados até 2030 por
este povo enganado mas que parece gostar – e bem! – que lhe mintam…
Aliás esta vinda da “troika” para Portugal começou
muito mal e custou indevidamente aos cidadãos portugueses vários milhares de
milhões de euros que nunca lhes deviam ser imputados. Se se tratasse de um povo
mobilizado, se as estruturas da sociedade em vez de andarem as promover greves
- algumas delas idiotas - destinadas a garantirem a sobrevivência do movimento
sindical controlado pelos partidos da esquerda, cada vez com menos espaço de
manobra e de intervenção, provavelmente as coisas teriam sido diferentes. Falo
dos 12 mil milhões de euros, incluídos no empréstimo de 78 mil milhões de euros
concedidos a Portugal, valor aquele que foi consignado exclusivamente à banca,
mas que está a ser pago (juros, comissões e capital) pelos portugueses que em
nada beneficiam com esses milhões. E quem lhes disser o contrário é um
aldrabão, está a enganar-vos, manipulá-los e a tentar atirar poeira para os
olhos das pessoas, com o propósito deliberado de esconder a tramoia oculta
subjacente a estes 12 mil milhões de euros. Tudo isto vai estar em cima da mesa
antes das próximas eleições. Cabe ao povo a última palavra, fazendo as suas
escolhas e dizendo-nos afinal se o masoquismo é algo que o agrada assim tanto.
Basta ver as sondagens... (LFM)
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