terça-feira, janeiro 27, 2015

Estamos no "bom caminho": desemprego de longa duração mais do que duplicou em cinco anos

Li no Dinheiro Vivo que "desde que a crise estalou, cinco anos foram suficientes para que 9,5 milhões de pessoas ficassem sem emprego. Mais preocupante, o desemprego de longa duração no conjunto da União Europeia, Portugal incluído, mais do que duplicou entre 2008 e 2013. Em 2008 havia 16,7 milhões de desempregados, número que subiu para 26,2 milhões no final de 2013, elevando a taxa de desemprego para 10,8%. Entretanto, ainda com dezembro por contabilizar, o número de desempregados baixou para 24,4 milhões em 2014. Mas há um problema que a Europa ainda não conseguiu controlar. Entre a população desempregada com baixas qualificações, o desemprego de longa duração - aquele que persiste por mais de 12 meses - passou de menos de 5% em 2008 para mais de 10% em 2013 no conjunto da UE, alerta a Comissão Europeia, num relatório recentemente divulgado. O fenómeno teve um impacto menor nas pessoas com médias e altas qualificações, mas nem por isso é mais animador. O desemprego de longa duração passou de 1% para quase 3% entre os altamente qualificados e de pouco mais de 2% para mais de 4% entre os que têm qualificações médias. Portugal não escapou à tendência europeia e viu a taxa de desemprego de longa duração passar de 4% para 9% em cinco anos. É a quinta mais elevada da UE, só ficando atrás da Grécia, Espanha, Croácia e Eslováquia.
São principalmente os homens, os jovens com menos de 35 anos e os pouco qualificados que são mais afetados por este problema, em especial os profissionais dos sectores da construção e da manufatura, particularmente afetados pela recessão", nota o relatório da comissão. A agravar este cenário está o facto de um em cada cinco desempregados de longa duração - os jovens, essencialmente - nunca ter sequer chegado a estar alguma vez empregado, o que "cria um forte risco de marginalização". A solução passa pela educação. "Regra geral, uma maior participação dos desempregados em educação e formação traduz-se numa saída mais rápida do desemprego", diz o relatório.
Empregvo novo é temporário ou part-time
Apesar de, hoje, o número de pessoas a cair no desemprego estar a diminuir para níveis pré-crise, é cada vez mais difícil para aqueles que já estão desempregados conseguirem sair dessa situação, refere o relatório. Pior do que isso, grande parte do EMPREGO criado é temporário ou a tempo parcial, o que ilustra a incerteza que ainda se vive do lado dos empregadores e levanta preocupações em relação à robustez da recuperação económica. "Nos estados membros em que os contratos a termo desempenham um papel importante, os múltiplos e repetidos períodos de desemprego de curta duração são um fenómeno disseminado", aponta a comissão. Portugal volta a estar no grupo dos mais atingidos neste capítulo, juntamente com Espanha, Polónia e Eslovénia: 60% da população empregada só tem trabalho temporariamente, isto é, encontra-se contratada a termo certo. E, mais uma vez, são os jovens que mais sofrem o impacto destas tendências. "Os jovens são mais propensos a sujeitarem-se a condições de trabalho mais precárias", o que se reflete na enorme percentagem - 43% - de jovens que estão empregados com contratos a termo certo. Este valor tem vindo, contudo, a diminuir para os maiores de 25 anos. Ao mesmo tempo, um em cada três empregados jovens só tem um trabalho a tempo parcial. Resultado: "os jovens empregados têm um risco maior de experienciarem pobreza apesar de trabalharem".