quarta-feira, agosto 27, 2014

A última carta que James Foley enviou à família – através de um colega de cativeiro

Li no Observador que "um James Foley que conseguia encontrar momentos de felicidade no cativeiro, que reganhara o peso perdido no último ano e que planeava reencontrar-se com os seus pais, irmãos e avó muito brevemente. É esta a imagem que a última comunicação entre Foley e os pais transmite do jornalista assassinado pelo Estado Islâmico. A ‘carta’ foi agora divulgada pela família de Foley, depois de este a ter ditado a um outro refém dos jihadistas, que foi libertado em junho. Segundo os pais do jornalista, os combatentes islamitas ficavam com todas as cartas que Foley escrevia à família e amigos, pelo que este pediu a um colega de cativeiro que memorizasse uma mensagem e que a entregasse aos familiares assim que fosse libertado. Na carta, Jim, como era carinhosamente tratado, relembra pequenos episódios da sua vida nos Estados Unidos. “Recordo-me de ir ao centro comercial com o pai, um grande passeio de bicicleta com a mãe. Recordo-me de tantos bons momentos em família que me tiram desta prisão. Sonhar com a família e amigos tira-me daqui e a felicidade enche o meu coração.” James Foley esteve em cativeiro durante dois anos, depois de ter sido capturado enquanto fazia a cobertura da guerra civil na Síria. E passou parte desse período numa cela com 17 outros prisioneiros. “Temos tido conversas intermináveis uns com os outros sobre filmes, banalidades, desporto”, relata. “Eles têm sido uma grande ajuda. Contamos histórias e rimos para quebrar a tensão”. Ao longo da carta, Foley fala diretamente com os seus irmãos por diversas vezes e refere como os momentos de oração ajudavam a suportar a situação em que se encontrava. “Eu sei que estão a pensar em mim e a rezar por mim. E estou tão grato. Eu sinto-vos especialmente [perto] quando rezo. Eu rezo para que vocês sejam fortes e que acreditem. Sinto mesmo que consigo ‘tocar-vos’ até mesmo nesta escuridão quando rezo”.
Vídeo encenado?
O vídeo em que o jornalista norte-americano é alegadamente decapitado foi divulgado na passada terça-feira. O carrasco de Foley está a ser identificado como sendo Abdel-Majed Abdel Bary, um rapper britânico de 23 anos que terá avisado os seus fãs de que iria combater lado a lado com os jihadistas do Estado Islâmico. Agora, contudo, surgem dúvidas relativamente à verdadeira autoria do assassinato. Segundo alguns especialistas forenses britânicos que analisaram o vídeo, poderão ter sido utilizados efeitos de edição para transmitir a ideia de que o homicídio ocorreu diante da câmara, mas não terá sido esse o caso. Além disso, segundo o Telegraph, a voz de Foley tem algumas inconsistências, havendo mesmo um momento no seu discurso em que há um corte, o que poderá indicar que o jornalista teve de repetir algumas frases. Mas, para já, não há ainda certezas"