domingo, junho 29, 2014

Jornalismo: AP mentiu no caso dos 800 esqueletos infantis!



Li no DN de Lisboa que “a agência de informação americana Associated Press (AP) apresentou desculpas pela cobertura noticiosa no caso dos esqueletos infantis descobertos num lar de acolhimento na Irlanda. A agência admite "erros" nos textos que difundiu no início de junho, quando surgiu a notícia.
Descobertos em 1975 nos terrenos de um antigo lar de acolhimento de menores e mães solteiras na localidade de Tuam, no condado irlandês de Galway, os esqueletos de 796 crianças voltaram a ser notícia no início do mês de junho quando uma historiadora local anunciou ter estabelecido a identidade de muitos ao mesmo tempo que revelava detalhes da forma como estas crianças teriam sido tratadas entre 1925 e 1961 na instituição dirigida pelas Irmãs do Bon Secours.
A historiadora, Catherine Coreless, veio a aperceber-se que lhe foram atribuídas frases e extrapolações que ela não fizera e que constavam de diferentes textos difundidos pela AP. A declarações feitas por Coreless em que descrevia o ambiente em tons sombrios, a agência acrescentou frases como "crianças não batizadas" e "lançadas numa fossa sética", que aquela não proferira e que a levou a pedir explicações à agência.
Esta divulgou um comunicado em que reconhece que "nos despachos emitidos nos dias 3 e 8 de junho (...) a AP indicou por erro que as crianças não teriam recebido o batismo da Igreja Católica Romana; ora, está agora provado que muitas das crianças no orfanato receberam o batismo."
A AP refere constar dos referidos despachos a indicação de "o ensino católica na época recomendar a recusa de batismo e de sepultura cristã às crianças de mães solteiras. Ainda que esta prática pudesse existir, não era essa a doutrina da Igreja".
Por último, a agência reconhece ter atribuído a Catherine Coreless a afirmação de que a "maioria das crianças teriam sido enterradas numa fossa sética", que esta não proferiu, tendo a historiadora dito que nem sequer nas suas declarações alguma utilizara a expressão "fossa sética". A AP explica que, até ao momento, e na base dos trabalhos realizados não é possível fazer essa prova". A agência afirma ainda ter errado na data de fundação do lar, que coloca em 1925 quando, na verdade, foi fundado no ano seguinte.
As declarações de Coreless e a sua repercussão mediática levaram o Governo da Irlanda a abrir um inquérito para averiguar das reais condições de vida no orfanato para as crianças e as mães solteiras”