Li no DN de Lisboa que “a agência de informação americana
Associated Press (AP) apresentou desculpas pela cobertura noticiosa no caso dos
esqueletos infantis descobertos num lar de acolhimento na Irlanda. A agência
admite "erros" nos textos que difundiu no início de junho, quando
surgiu a notícia.
Descobertos em 1975 nos terrenos de um antigo lar de
acolhimento de menores e mães solteiras na localidade de Tuam, no condado
irlandês de Galway, os esqueletos de 796 crianças voltaram a ser notícia no
início do mês de junho quando uma historiadora local anunciou ter estabelecido
a identidade de muitos ao mesmo tempo que revelava detalhes da forma como estas
crianças teriam sido tratadas entre 1925 e 1961 na instituição dirigida pelas
Irmãs do Bon Secours.
A historiadora, Catherine Coreless, veio a aperceber-se que lhe
foram atribuídas frases e extrapolações que ela não fizera e que constavam de
diferentes textos difundidos pela AP. A declarações feitas por Coreless em que
descrevia o ambiente em tons sombrios, a agência acrescentou frases como
"crianças não batizadas" e "lançadas numa fossa sética",
que aquela não proferira e que a levou a pedir explicações à agência.
Esta divulgou um comunicado em que reconhece que "nos
despachos emitidos nos dias 3 e 8 de junho (...) a AP indicou por erro que as
crianças não teriam recebido o batismo da Igreja Católica Romana; ora, está
agora provado que muitas das crianças no orfanato receberam o batismo."
A AP refere constar dos referidos despachos a indicação de
"o ensino católica na época recomendar a recusa de batismo e de sepultura
cristã às crianças de mães solteiras. Ainda que esta prática pudesse existir,
não era essa a doutrina da Igreja".
Por último, a agência reconhece ter atribuído a Catherine
Coreless a afirmação de que a "maioria das crianças teriam sido enterradas
numa fossa sética", que esta não proferiu, tendo a historiadora dito que
nem sequer nas suas declarações alguma utilizara a expressão "fossa
sética". A AP explica que, até ao momento, e na base dos trabalhos
realizados não é possível fazer essa prova". A agência afirma ainda ter
errado na data de fundação do lar, que coloca em 1925 quando, na verdade, foi
fundado no ano seguinte.
As declarações de Coreless e a sua repercussão mediática
levaram o Governo da Irlanda a abrir um inquérito para averiguar das reais
condições de vida no orfanato para as crianças e as mães solteiras”