quarta-feira, maio 28, 2014

"Guerra" no PS: à coligação PSD/CDS interessa segurar Seguro e fazer tudo por isso...

 Farinha do mesmo saco...

Qualquer manual de ciência política, qualquer pensador político mais astuto esclarecem e sabem o que se faz em momentos como este. Não vale a pena andarmos a tentar vender a teoria tonta de que em política são todos uma cambada de anjinhos todos de branco vestidos e que entre eles vagueiem uns tantos demónios. O que é que a coligação PSD/CDS - derrotada copiosamente nas autárquicas de 2013 e derrotada estrondosamente nas europeias de 2014 - precisa de fazer, mesmo que ache (mal) que tem aspirações a vencer as legislativas de 2015, sem não fazer nada para isso?
Muito simples, sem qualquer maquiavelismo político
Para a coligação PSD/CDS, e nas perspectiva de 2015, é muito melhor que Seguro se mantenha na liderança do PS do que esta ser conquistada por um António Costa, claramente com melhor imagem, com mais bagagem política que Seguro  e que ganhou a Câmara de Lisboa com maioria absoluta. Não vale a pena sermos parvos.
É isso mesmo, Seguro não mobiliza ninguém, não estimula nada, não convence os cidadãos, não os tranquiliza, não lhes transmite esperança, não espelha convicção, não tem ideias massificantes e consistentemente fundamentadas. Seguro revela um alucinante vazio quase absoluto, não consegue colar o PS a qualquer ideia de alternativa política, não é capaz de capitalizar para o PS o descontentamento popular que, por outro lado, recusa o aventureirismo de opções partidárias pouco credíveis. Os portugueses não querem voltar ao passado e temem o PS na hora da decisão eleitoral, provavelmente porque sabem qual foi o legado deixado por Sócrates e pelo PS em 2011.
E bem pode o PS de Seguro - com uma miserável vitória eleitoral nas europeias de pouco mais 3,5 pontos e mais um deputado que a coligação - tentar distorcer a realidade e manipular os factos e a a apreciação política feita às europeias de 2014, que esta vitória soube a pouco. O PS e Seguro não convencem as pessoas, não são capazes de construir uma alternativa devidamente estruturada, não conseguem marcar uma diferença acentuada face à "praxis" política e governativa desta maioria no poder. Faz-me lembrar, usando uma figura imaginária, o tipo que esta vendado e todo amarrado frente a um batalhão de fuzilamento, mas que ganha mais uns minutos porque todas as armas se encravaram no momento em que receberam ordem de disparo.
Seguro e o PS perderam a batalha da propaganda do 17 de Maio (fim do programa de ajustamento e alegada saída da troika do país) tal como tal como não se distanciaram convenientemente de Sócrates (que por dignidade pessoal devia recusar qualquer aparecimento público nesta campanha eleitoral, sabendo o que a sua figura ainda hoje carrega).
Seguro sabe, tal como o PS percebeu, que não tem perfil, que não consegue mobilizar as pessoas, que pode controlar a máquina partidária - não a vontade dos militantes, algo substancialmente diferente (quando falamos em controlar a máquina falamos de estruturas partidárias de freguesia, concelho ou distrito que estão nas mãos de Seguro e da sua "entourage") mas não é por isso que ganha as "diretas" caso se realizem e muito menos que ganhe o pais quando o partido exige isso dele. Mas continua a alimentar a ideia de que um dia será primeiro-ministro. Pior do que isso, mesmo que perceba que não chegará lá - porque não acredito que este governo de coligação, face ao resultado das europeias, não perceba que precisa de fazer alguma coisa em 2015, passível de devolver aos cidadãos o que lhes foi roubado nestes anos -  Seguro parece estar refém da tal "entourage" que o rodeia e que quer fazer tudo para manter-se no poder, decisão que dá de Seguro uma imagem de fragilidade política que não lhe convém neste momento.
Ou seja, regressando aos manuais de ciência política, se a coligação sabe que é melhor que Seguro se mantenha na liderança do PS, então precisa de negociar qualquer coisa de concreto com os socialistas, precisa de "dar" alguma coisa a Seguro, inclusivamente deixando-o,  a mais de um ano das legislativas de Outubro de 2015, sem que daí venha qualquer mal ao mundo - brilhar publicamente com uma qualquer conquista reivindicada pelo PS. Se a coligação não "der a mão" a Seguro, dificilmente ele se manterá na liderança, dificilmente será capaz de resistir à convocação de um congresso extraordinário com caráter eletivo e muito dificilmente manterá um PS unido, dado que a dúvida subsistirá sempre. Depois a coligação PSD/CDS que não se queixe...