sexta-feira, janeiro 31, 2014

Sondagem Jornal I/Pitagórica: Portugueses não querem referendo à adopção e co-adopção



Li no Jornal I que "não é apenas uma questão de timing. Mas também. A maioria dos inquiridos mostra-se contra a realização de um referendo e mais de 50% dizem que o momento não é "nada oportuno". Os portugueses não querem que a co--adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo seja levada a referendo. A opinião fica clara com o barómetro i/Pitagórica de Janeiro - 58,1% dos inquiridos mostram-se descontentes com a possibilidade de serem convocados a pronunciar-se sobre este tema. Esta semana, o cenário proposto pelo PSD subiu a um novo patamar. Depois da aprovação na Assembleia da República - pelos deputados do PSD, obrigados a disciplina de voto - o Presidente decidiu enviar o projecto para o Tribunal Constitucional, afastando o cenário de um veto político prévio. Esta possibilidade não fica excluída, mas a realização do referendo ganhou, com o gesto, outra dimensão. Se decidir viabilizar a consulta popular, a escolha de Cavaco Silva agradará a não mais que 30% dos portugueses, quase metade daqueles que se opõem ao referendo. De facto, apenas 3,9% dos inquiridos mostra convicção absoluta na auscultação dos portugueses ("concordo totalmente"). No outro extremo, são 28,3% aqueles que rejeitam por completo a proposta avançada pelo deputado social-democrata Hugo Soares ("discordo totalmente"). Nem mesmo o timing em que esta possibilidade é lançada para cima da mesa merece a aprovação da maioria dos inquiridos. Os próprios proponentes já reconheceram que este não é o tema mais importante com que os portugueses estão confrontados, numa altura em que o país se prepara para fechar três anos de programa de assistência financeira. Nesse mesmo sentido pronunciam--se 72,6% dos inquiridos do barómetro. A esmagadora maioria considera que o momento está longe de ser o ideal para um referendo sobre a co--adopção e adopção de crianças por casais do mesmo sexo. Desses portugueses, 50,4% dizem mesmo que o momento escolhido para alargar o debate - foi esse o argumento apresentado pelo presidente da JSD para justificar a proposta de referendo - não é "nada oportuno".
MAIORIA APROVA ADOPÇÃO
A assertividade que os portugueses mostram sobre a realização do referendo esvai-se no exacto momento em que são confrontados com a questão fundamental: devem ou não os casais do mesmo sexo poder co-adoptar, ou mesmo adoptar, crianças? À imagem daquilo que aconteceu na votação do diploma do PS na Assembleia da República, em Maio de 2013 - e ainda que aí se votasse apenas a possibilidade de abrir a porta à co-adopção -, os pesos da balança ficam repartidos em duas metades quase iguais, se considerada a margem de erro do barómetro. De um lado estão todos aqueles que concordam com ambas as perguntas a que poderão ser chamados a responder em referendo - que no caso do barómetro é apresentada numa formulação única, ao contrário daquilo que acontecerá num futuro referendo. Ao todo, 43,5% dos inquiridos revêem-se no princípio consagrado no diploma apresentado pelo PS e gostariam de ver o conceito alargado à adopção plena. Do outro lado, e à distância de pouco mais de três pontos, estão aqueles que se opõem ao alargamento total dos direitos parentais dos casais do mesmo sexo, deixando-os em pé de igualdade com a situação já em vigor para casais heterossexuais. São 41,9% - um pouco menos que a súmula das opiniões favoráveis - e rejeitam, quer a adopção, quer a co-adopção de menores por casais do mesmo sexo. O tema deixa indiferentes - "não concordo nem discordo" - uma parcela significativa de inquiridos. Se forem considerados como tendo opiniões em aberto, passíveis de ficar fechadas até à realização do referendo, os 12,3% de elementos que compõem este grupo podem fazer pender a decisão da consulta popular - que, a concretizar--se, deverá acontecer já depois do Verão - para qualquer um dos lados da balança".