sexta-feira, setembro 27, 2013

Eurocéticos alemães limitam movimentos de Merkel

Escreve o jornalista do Expresso, Jorge Nascimento Rodriguesque "o impacto nos mercados financeiros das eleições alemãs foi até agora muito limitado", diz-nos Olaf Storbeck, colunista dos Breakingviews da Thomson Reuters. "A vitória de Merkel acabou por não ser uma surpresa. O único problema potencial acabará por surgir se a chanceler não for capaz de formar uma coligação ou com o SPD ou com os Verdes", refere este jornalista e economista alemão baseado em Londres. No passado domingo, houve uma vitória expressiva da chanceler Angela Merkel nas eleições legislativas, que foi toldada por ter ficado a cinco lugares da maioria absoluta no Bundestag (parlamento) e por ter perdido o seu pequeno parceiro liberal de coligação, o partido dos liberais.  "SPD e Verdes estão muito relutantes em se coligar com Merkel neste momento. Eventualmente, o SPD poderá fazê-lo, mas potencialmente só depois de um período prolongado de ruído político", prossegue Storbeck, para frisar: "Dependendo do que acontecer no resto da Europa, este ruído poderá irritar os mercados financeiros". O SPD teve 25,7% dos votos e os Verdes 8,4%. A CDU, de Merkel, com o partido CSU, obteve 41,5%. Por isso, no caso de uma coligação CDU-SPD, os analistas falam de uma "grande coligação" suportada por 503 deputados num parlamento com 630 lugares. A CDU/CSU mobilizou mais 7,7 pontos percentuais em relação às eleições legislativas de 2009 e o SPD mais 2,7 pontos percentuais. Os Verdes perderam eleitorado.
Mais do mesmo
Apesar de alguns analistas admitirem que a alteração da composição da coligação na Alemanha poderá trazer algumas nuances nas opções alemãs, o colunista dos Breakingviews, salienta que "o resto da zona euro pode esperar mais do mesmo". Reconhece que o SDP está "menos focado na austeridade", mas logo sublinha que os social-democratas serão sempre "o partido mais fraco numa coligação, com um impacto limitado em termos relativos". Chama a atenção que, politicamente, o SPD está mais centrado "em temas domésticos, como impostos mais elevados sobre os ricos e a introdução do salário mínimo". Por isso, a orientação da chanceler Merkel continuará a centrar-se na sua política de "apoio limitado e sempre condicional, com muitas amarras". Além do mais o pragmatismo de Merkel terá de ter em conta "a ascensão de um novo partido eurocético, a Alternativa para a Alemanha (AfD), que limitará qualquer deriva da chanceler", refere Olaf Storbeck. O AfD não conseguiu representação parlamentar, tendo ficado à beira dos 5% de votação. Mas como "corteja os votos conservadores" poderá aproveitar a sua criação e os 4,7% que alcançou logo na sua primeira ida às urnas para alavancar melhores resultados nas eleições para o Parlamento Europeu do próximo ano"