sábado, julho 27, 2013

Há 30 anos que não se consumia tão pouco




Segundo o Sol, há pelo menos 30 anos que os portugueses não cortavam tanto no consumo de produtos básicos como leite, fruta ou pão. No primeiro semestre deste ano, a compra de bens de grande consumo caiu 3,7%, mesmo que as idas às compras até tenham tido uma ligeira subida de 0,3%, indicam dados da Kantar WorldPanel, que analisa 4.000 lares de Portugal continental. De cada vez que os consumidores foram ao supermercado, o volume de artigos postos no carrinho diminuiu 4,9%. “É a primeira vez que temos uma queda desta magnitude no volume dos produtos de grande consumo. Este é o sector que mais resiste à crise. Deve ser a quebra mais acentuada dos últimos 20 ou 30 anos”, refere Paulo Caldeira, um dos directores da consultora. Desde o final de 2011 que estas categorias de artigos já davam sinais de quebra, mas nunca tão acentuada. Nas últimas décadas, os bens de grande consumo até haviam ganho preponderância, com a diversificação da oferta.
“Este já é um ajuste muito importante das famílias. Não estamos a falar de comprar menos roupa ou carros. Estamos a falar do que é básico, onde 84% é alimentação”, reforça a outra directora, Sónia Antunes.
A análise semestral da Kantar mostra que o consumidor português está em ‘modo de sobrevivência’: compra o essencial, foca-se na alimentação, corre pelos melhores preços e promoções, reduz stocks e gastos supérfluos. Por cada acto de compra, a aquisição de azeite caiu 25,7%, a farinhas diminuiu 12%, a de pão 9,5%, e a de fruta 7,4%. Feitas as contas, a quebra do volume consumido em Portugal já alcançou a da Grécia, cujo pico da queda do consumo destes bens (-3,9%) aconteceu no segundo semestre de 2012. Na Irlanda, a maior redução foi de 1,5%, no primeiro semestre de 2011, e a maior quebra em Espanha – que actualmente já não está a perder volume nos bens de grande consumo – foi de 1,1%.