Li aqui que "o não comparecimento do papa Francisco a
um concerto em que ele teria sido o convidado de honra enviou outro sinal claro
de que ele fará as coisas à sua maneira e de que não gosta do estilo de vida
luxuoso do Vaticano. O concerto de gala de música clássica, no sábado, foi
agendado antes de sua eleição, em março. Mas a poltrona papal branca, erguida
na suposição de que ele estaria ali, permaneceu vazia. Minutos antes do início
do concerto, um arcebispo disse à plateia, composta de cardeais e dignitários
italianos, que "um compromisso urgente que não podia ser adiado"
impediu a presença de Francisco. Os prelados, assegurados de que a saúde não
foi o motivo para o não comparecimento, pareceram desorientados, percebendo que
a mensagem que ele queria enviar era a de que, com a Igreja em crise, ele --e
talvez eles-- tinha trabalhos pastorais demais para comparecer a eventos
sociais. "Pegou-nos de surpresa", disse uma fonte do Vaticano na
segunda-feira. "Ainda estamos em um período de adaptação. Ele ainda está
aprendendo a ser papa e nós ainda estamos aprendendo o modo como ele quer fazer
isso", disse. "Na Argentina, eles provavelmente sabiam que não
deveriam organizar eventos sociais como concertos para ele porque ele
provavelmente não iria", disse a fonte, que falou sob anonimato porque não
está autorizada a discutir a questão. A imagem da cadeira vazia foi utilizada
por vários jornais, com o "Corriere della Sera" na segunda-feira
descrevendo sua decisão como "uma demonstração de força" para
ilustrar o estilo simples que quer que as autoridades eclesiásticas adotem.
Desde a sua eleição, em 13 de março, Francisco, o ex-cardeal Jorge Bergoglio da
Argentina, não passou uma única noite nos opulentos e espaçosos apartamentos
papais. Ele preferiu viver em uma pequena suíte em uma movimentada pousada do
Vaticano, onde faz a maioria das refeições em um salão de jantar comunitário e
reza a missa todas as manhãs na capela da pousada, em vez de na capela privada
do papa no Palácio Apostólico. Na véspera do concerto, Francisco disse que os
bispos deveriam ser "próximos do povo" e não ter "a mentalidade
de um príncipe". No sábado, enquanto o concerto acontecia em um auditório
a poucos metros de distância, Francisco supostamente trabalhava em novas
nomeações para a Cúria, a problemática administração central do Vaticano. A
administração foi responsabilizada por alguns dos contratempos e escândalos que
atormentaram o mandato de oito anos do papa Bento antes de ele renunciar em
fevereiro. Francisco herdou uma Igreja que luta para lidar com o abuso sexual
de crianças por padres, a suposta corrupção e rixas internas na Cúria, e o
conflito sobre o funcionamento do banco do Vaticano, atolado em escândalos".