sexta-feira, março 15, 2013

Opinião: "As verdades das sondagens"


Costuma-se dizer que as sondagens valem o que valem. Mas para uns e para outros, para os que gostam dos resultados e os que os contestam, os resultados são os que constam do trabalho revelado. Para quem acompanha a política com atenção ao longo dos anos e olha para estes resultados a primeira reação é a de espanto pela subida do PSD num contesto de contestação social e de crise. Embora ressalvando que PSD e PS têm por norma entre 20 a 22% de eleitorado fixo - dado que as maiorias e as vitórias eleitorais regra geral funcionam em função das opções tomadas pelo chamado eleitorado flutuante - a verdade é que depois percebe-se os resultados quando o universo de eleitores que serviu de referência a este trabalho justifica as suas opções: "se o Governo é mau (77%), a Oposição não faria melhor (61%). Se as medidas do Governo são ineficazes (60%), as que propõe a Oposição não convencem (57%). Se a maioria dos portugueses já não acredita em nada, é o PSD quem ganha com isso" (...) De acordo com uma sondagem da Universidade Católica para o JN, é o PS quem ainda lidera (31%) as intenções de voto. Mas com o mesmo "score" que obteve em setembro do ano passado, quando ainda não havia Orçamento, nem os seus duros efeitos no empobrecimento geral. O PS não é capaz de abrigar o descontentamento popular. A soma da Esquerda mantem-se maioritária (51%) mas perde fulgor. A recuperação do PSD na sondagem pode ser explicada pelas restantes respostas dos inquiridos. Se é verdade que 77% continuam a opinar que o Governo é mau ou muito mau, e que as suas medidas não vão tornar o país mais competitivo ou desenvolvido (60%); estão também em maioria os que opinam que a Oposição não faria melhor (61%) e os que não se revêm em nenhuma das medidas que os partidos da Esquerda apresentam (57%)".
Contudo, e apesar desta explicação perfeitamente plausível dos autores da sondagem, a constatação mais evidente - e que em certa medida foi omitida - tem a ver com o facto de que os eleitores continuam a não esquecer, ao contrário do que possa parecer, quem foram os causadores da falência do país, quem foi pedir apressadamente ajuda externa e dinheiro, quem negociou com a troika o memorando de ajustamento, quem negociou e se comprometeu com a implementação da austeridade que hoje estamos todos a pagar. Essa é a principal explicação, na minha opinião, para o fracasso indiciado pelas sondagens, mas que ninguém parece ter a coragem de o assumir. Porque as pessoas sabem onde estava e por onde andava Seguro durante o período do "socretismo", sentado na última fila dos deputados socialistas na Assembleia da República, tentando brilhar à volta de questões relacionadas com a "ética" enquanto os seus comparsas faliam o país e o levavam para a falência.