quinta-feira, janeiro 31, 2013

Quando Relvas tentou suspender um PDM

A revista Visão desta semana, num texto dos jornalistas Paulo Pena e Raquel Ponte, "conta alguns dos segredos da alta finança portuguesa e explica o carrossel financeiro onde o dinheiro, as empresas e os seus donos se confundem. E conta-lhe mais um episódio do trajeto político de Miguel Relvas, de quando ele era secretário-geral do PSD. No último Conselho de Ministros (CM) do Governo PSD/CDS liderado por Pedro Santana Lopes, no dia 2 de fevereiro de 2005, uma urbanização do Grupo Espírito Santo, o empreendimento Portucale, em Benavente, levantou suspeitas públicas. O caso dá que falar até hoje. Mas da agenda do CM constava, também, a suspensão do Plano Diretor Municipal de Gaia, que permitiria o andamento dos trabalhos da Quinta Marques Gomes. Há uma conexão entre o caso Portucale e este de que aqui falamos: ambos foram motivo para conversas ao telemóvel entre Abel Pinheiro, do CDS, e Miguel Relvas, secretário-geral do PSD. Relvas afirmou em tribunal, durante o julgamento do caso Portucale (em que compareceu como testemunha), que teve uma "participação direta" na tentativa de fazer passar a suspensão do PDM de Gaia, que viabilizaria o andamento do projeto da Quinta Marques Gomes. Um dos juízes, citado pelo JN, tentou perceber por que razão o secretário-geral do PSD, à época, se dedicava a tentar suspender o PDM de Gaia, quando o Governo já estava de saída: "Secretário-geral do PSD não é um cargo de Estado! Têm que ser os aparelhos partidários a tratar destes assuntos? As pessoas que estão no Governo parece que não têm competência para isto e têm que ser pessoas como o secretário-geral do PSD e como o dr. Abel Pinheiro a fazê-lo...", questionou o magistrado Fernando Pina, no dia 19 de maio de 2011. Não há registo da resposta do atual ministro-adjunto.
Saiba como dois terrenos se podem valorizar em 35 milhões de euros, sem que esteja aprovada qualquer urbanização. E como os proprietários se ocultam atrás de quatro sociedades interpostas entre Lisboa, o Luxemburgo e as Ilhas Caimão. Agarre-se bem. Vai entrar num carrossel financeiro onde o dinheiro, as empresas e os seus donos se confundem: sociedades que mudam de nome e trocam várias vezes de posições acionistas. Esta é também a prova da ligação especial entre o Grupo Espírito Santo e a Ongoing, que marcou a história recente dos grandes negócios, no nosso país. Veja como, já depois da crise financeira mundial, se usaram, em Portugal, fundos de pensões para investir em jogadores do Benfica e outros negócios de alto risco"