sexta-feira, dezembro 28, 2012

Menos austeridade à boleia da Irlanda?

Segundo o Sol, num texto dos jornalistas David Dinis e Luís Gonçalves, “o FMI autorizou a Irlanda a adiar parte do programa de austeridade para 2015, caso a economia caia mais do que o esperado este ano. Portugal poderá receber o mesmo tratamento. A troika poderá estar disponível para aplicar em Portugal a flexibilização anunciada, esta semana, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para a Irlanda. O país, também sob intervenção, foi autorizado a adiar ou suavizar a sua política de austeridade, caso a evolução da economia local seja pior do que o estimado pelos credores. Nas conclusões da última avaliação feita pelo FMI à Irlanda, o chefe de missão no país, David Lipton, afirmou que, «se o crescimento para o próximo ano ficar abaixo do esperado, as medidas extra de consolidação devem ser adiadas até 2015 para proteger a retoma». A margem de flexibilização dada à Irlanda pelo FMI deverá vir a ser oferecida também a Portugal, adiantaram ao SOL duas fontes próximas da troika. A possibilidade de abrandar ou adiar algumas medidas de austeridade, entre este ano e 2014, em Portugal é uma hipótese bem vista dentro do FMI – que partilha o grupo de resgate com a Comissão Europeia (CE) e o Banco Central Europeu (BCE). Na última terça-feira, o socialista Pedro Silva Pereira não perdeu a oportunidade para confrontar o ministro das Finanças. Numa audição parlamentar a propósito da sexta avaliação da troika a Portugal, o ex-ministro de José Sócrates apontou para as notícias do dia: «O FMI diz agora que, se falhar as metas económicas para 2013, a Irlanda não deve introduzir medidas adicionais até 2015», disse o deputado, referindo a proposta como desejável também para Portugal. A pergunta veio de seguida: «O sr. ministro está disponível para tomar esta atitude?». Vítor Gaspar deixou correr o debate e nunca respondeu ao socialista. A atitude do Governo português continua a ser uma incógnita sobre se irá tentar aproveitar mais uma ‘folga’ dada a um dos países intervencionados pela troika. A Irlanda recebeu ‘luz verde’ para adiar a austeridade e a Grécia beneficiou de uma descida de juros e de melhores condições nos seus empréstimos. Para uma das fontes contactadas pelo SOL, a atitude do Governo deverá ser igual a anteriores flexibilizações disponibilizadas pelos credores externos: negar que precisa até ao último minuto. Tal aconteceu com a descida dos juros dos empréstimos da troika em 2011, com a compra de dívida soberana pelo BCE_ou com a flexibilização das metas do défice para 2012 e 2013. Neste último caso, o Governo rejeitou publicamente, durante meses, que iria pedir mais tempo para cumprir os défices acordados com os credores, apesar da disponibilidade pública demonstrada por responsáveis de Bruxelas e do FMI devido aos desvios crescentes na execução orçamental. Acabou, porém, por solicitar aos credores mais um ano para atingir o défice de 3%. O mesmo se poderá passar agora com um eventual abrandamento da austeridade”.