Escreve o jornalista do Publico, José António Cerejo que “a Associação Nacional de Freguesias (Anafre), drigida pelo antigo deputado do PSD Armando Vieira, contratou a Tecnoforma em 2005 para executar um plano de formação financiado pelo Foral em cerca de 2,4 milhões de euros. O presidente da Tecnoforma diz que o negócio foi arranjado por um ex-deputado do PSD, Luís David Nobre, que tem uma empresa da qual Passos Coelho também era consultor. "É totalmente falso!", responde este. O programa incluía cinco projectos, um por região, e o seu objectivo consistia na formação à distância (e-learning) de pessoal e autarcas de 2400 juntas de freguesia. As cinco candidaturas tinham sido apresentadas pela Anafre, mas esta adjudicou a sua execução à Tecnoforma, da qual Passos Coelho era então gestor. Na Região Norte, tinha sido aprovada uma despesa de cerca de 415 mil euros, em Lisboa e Vale do Tejo 404 mil, no Alentejo 418 mil, no Algarve 122 mil e no Centro 1 milhão e 73 mil euros (44% do total). Para levar por diante este plano, que o primeiro-ministro disse ao PÚBLICO ter sido liderado por ele e ter sido "muito bem sucedido", a Tecnoforma estabeleceu uma parceria com a Universidade do Minho. De acordo com o presidente da Anafre, que preside à Junta de Oliveirinha (Aveiro), a execução final do plano acabou por se ficar, já em 2007, por cerca de 1,4 milhões de euros, o que equivale a um sucesso moderado (59% do aprovado). A forma como a Anafre optou pelos serviços da Tecnoforma é que não é clara. Vieira afirma que não se recorda de como chegou ao contacto com a empresa. Mas admite que a associação "se tenha informado de quais as empresas certificadas pelo Inofor [entidade que certificava as empresas de formação] para o efeito e que possuíssem plataforma informática capaz de dar resposta a esta importante acção formativa". O presidente da Anafre acrescenta que essas empresas eram "raras" e que a Tecnoforma foi a escolhida "por possuir as condições exigidas para o efeito, iniciando-se os contactos no primeiro trimestre de 2005". Uma resposta claramente diferente é dada por Sérgio Porfírio, presidente da empresa. "Fomos apresentados à Anafre pelo dr. Luís David Nobre, que era amigo do dr. João Luís Gonçalves [então accionista e administrador da Tecnoforma e antigo secretário-geral da JSD]", afirma o empresário, sem hesitar. Mas quem é Luís David Nobre? É advogado, foi vice-presidente da JSD, quando Passos era seu presidente e quase ao mesmo tempo que João Luís Gonçalves foi seu secretário-geral. Nobre foi depois deputado do PSD e entre 2001 e 2004 deu emprego a Passos Coelho como consultor da LDN - uma empresa de consultoria que criara anos antes. Num memorando elaborado por Francisco Nogueira Leite (outro ex-dirigente da JSD) sobre as actividades desenvolvidas por ele e por Passos, quando foram administradores da Tecnoforma, entre 2005 e 2007, referem-se, aliás, "reuniões com a Anafre e com a LDN com o objectivo de reanimar o projecto de e-learning e iniciá-lo em ordem a não ser definitivamente cancelado". Certo é que Nobre rejeita categoricamente a afirmação de Porfírio quanto ao facto de ter sido ele o elo de ligação entre a associação e a Tecnoforma. "É totalmente mentira! Eu não conhecia o Armando Vieira, nunca me tinha cruzado com ele no Parlamento, porque saí em 1999 e ele entrou nesse ano." Luís Nobre confirma, no entanto, que esteve ligado aos projectos da Tecnoforma com a Anafre, mas apenas como subcontratado, através do seu amigo João Luís Gonçalves. E acrescenta que as coisas até não correram bem. "Ficaram-me a dever dezenas de milhares de euros e ainda hoje tenho uma acção em tribunal contra a Tecnoforma por causa disso." Sérgio Porfírio contrapõe: "Também temos uma acção contra ele, porque ele se portou mal." O dono da LDN deixa uma última farpa dirigida aos actuais patrões da Tecnoforma. "Eles não tinham nenhuma plataforma informática de ensino à distância para o projecto. Havia muitas empresas no mercado que as tinham, mas eles tiveram de alugar uma."
