terça-feira, agosto 28, 2012

Troika: Falta 1% para violar meta da dívida pública estimada

Li no Dinheiro Vivo que "a dívida pública total direta do Estado valia 188,8 mil milhões em julho, 99% do que prevê a troika para o final do ano. A quinta avaliação ao programa de ajustamento português, que hoje começa e se prolongará por duas semanas, estará totalmente centrada na construção do Orçamento do Estado de 2013 e, em concreto, na questão do endividamento. Mais do que o défice orçamental, os investidores internacionais e analistas que integram as agências de rating, por exemplo, já fizeram saber que o rácio da dívida é a variável mais importante para perceber se Portugal conseguiu estancar ou não a subida do peso da dívida no produto interno bruto. Aparentemente, não está a conseguir. Segundo o Banco de Portugal, que cita números do IGCP (agência do crédito público), a dívida total no final de julho valia quase 189 mil milhões de euros, estando assim prestes a furar a projeção da Comissão Europeia e do FMI para o ano como um todo (cerca de 191 mil milhões de euros). Pior: com o défice desde ano a derrapar por causa dos impostos, significa que a necessidade de financiamento do país (que é tapada integralmente com recurso a dívida já que as receitas não chegam para cobrir as despesas) aumenta. Se o desvio rondar 1,5 mil milhões a dois mil milhões de euros este ano, significa que Portugal terá de ir pedir mais dinheiro ao mercado de curto prazo (bilhetes do Tesouro). Se não o puder fazer, cenário mais provável já que a troika não dará mais dinheiro este ano e o IGCP tem um programa de financiamento relativamente contido para não engrossar ainda mais o stock da dívida, a meta do défice só continuará em 4,5% com recurso a mais medidas adicionais. Ou mais impostos, ou maiores cortes na despesa, ou mais flexibilidade para usar dinheiro que permita financiar o orçamento sem entrar nas contas oficiais do Eurostat. É o caso das verbas do QREN. Os 'mercados' querem, no fundo, saber como é que Portugal vai honrar os compromissos (pagar aos credores) e em que condições poderá ir ao mercado sozinho pedir emprestado cerca de dez mil milhões de euros em obrigações de médio/longo prazo, uma modalidade até agora suportada integralmente pelo envelope da troika. Para tal, o país não pode continuar a acumular endividamento. Tem de estabilizar o referido rácio, custe o que custar. Esta é a preocupação central da atual missão da troika quando faltam apenas dois mil milhões de euros (1% do total) para furar o limite de endividamento estimado pela missão externa para 2012".

Sem comentários: