quarta-feira, agosto 29, 2012

Salários perdem 1,5 mil milhões desde a chegada da troika

Li no Correio da Manhã, num texto do jornalista Pedro Gonçalves que “os portugueses já perderam 1537 milhões de euros em salários desde que, em Maio do ano passado, Portugal assinou o memorando de entendimento para receber 78 mil milhões de euros de ajuda financeira. Assim, em média, cada trabalhador português por conta de outrem perdeu 30 euros de poder de compra por cada mês sob a ajuda da troika. Segundo os cálculos do economista Eugénio Rosa, feitos com base nos números do Instituto Nacional de Estatística (INE), antes de ter sido assinado o memorando com a troika (Banco Central Europeu-BCE, Fundo Monetário Internacional-FMI, e Comissão Europeia--CE), os portugueses ganhavam em média 813 euros líquidos por mês. No primeiro trimestre deste ano, esse rendimento tinha caído para 805 euros, em termos nominais. É preciso, contudo, descontar a inflação para calcular que os portugueses ganhavam na realidade, em média, 783 euros nos primeiros três meses do ano. Multiplicando esta perda no salário real de 30 euros pelos 3,66 milhões de trabalhadores por conta de outrem, a quebra real de poder de compra no País atinge os 109,8 milhões de euros por mês, ou seja, 1,53 mil milhões de euros por ano. A explicar a redução dos vencimentos dos trabalhadores em Portugal estão vários factores, como as empresas que contratam por salários mais baixos ou a recibos verdes, os desempregados que estão obrigados a aceitar empregos com vencimentos mais reduzidos, o que baixa a média salarial nacional, numa altura em que o Governo continua a implementar medidas de austeridade para equilibrar as contas públicas. Os cortes na Função Pública e a subida da carga fiscal também levam à redução do rendimento disponível dos portugueses. Apesar da quebra, o Banco Central Europeu recomenda que os salários desçam ainda mais, em nome da competitividade e do emprego. António Borges, antigo director do Fundo Monetário Internacional para a Europa, chegou a defender a mesma ideia, alegando que a "diminuição dos salários é uma emergência, não é uma política".
NOVO CÓDIGO CORTA NOS FERIADOS E HORAS EXTRAS
O novo Código do Trabalho que entrou em vigor veio tornar o trabalho mais barato. Com a redução da remuneração relativa a feriados e horas extraordinárias, há profissões que vão sofrer um grande corte no ordenado. "Há casos em que os trabalhadores vão perder 400 a 500 euros", explicou ao Correio da Manhã José Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Sector Ferroviário, criticando o facto de os trabalhadores, que agora têm direito a uma remuneração extra a 100% mais um dia de descanso (ou 250% sem a folga complementar), passarem a receber apenas 50%. "Vamos pagar para vir trabalhar e ficamos com saldo negativo ao fim do dia, porque não compensa", defende. O sindicalista garante ainda que se irão criar sérios problemas aos trabalhadores, porque estes "assumiram um nível de vida e gastos já a contar com a habitual remuneração do trabalho extraordinário".

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