quarta-feira, julho 25, 2012

Misericórdias: colaboradores levados a aplaudir Passos Coelho...

Segundo a jornalista do Jornal I, Márcia Oliveira, “Pedro Passos Coelho esteve presente na cidade alentejana de Borba para participar na cerimónia do lançamento da primeira pedra do novo Centro de Apoio a Deficientes da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) e terá havido colaboradores da UMP levados a estar presentes na cerimónia. A UMP enviou um mail a convidar todos os colaboradores a estar presentes em Borba. Ao i, chegaram relatos de trabalhadores que dizem ter sido obrigados a estar presentes na cerimónia com Passos Coelho, mas Miguel Lemos, presidente da UMP, garantiu ao i que as denúncias são “falsas”. “Isso é muito engraçado, pois é completamente falso. Nem sequer me passaria isso pela cabeça.” Segundo Miguel Lemos, quem decidiu ir à cerimónia foi por sua livre vontade. “Nós convidámos as pessoas e dissemos: ‘Quem quiser ir, vai.’ Eu até fiquei surpreendido, pois foi toda a gente, menos os que estavam de férias”, realça. Para além disso, e de acordo com o presidente da UMP, apenas as pessoas que trabalham na sede da organização, em Lisboa, é que foram convidadas para ir ao evento. “Não convidámos ninguém de Viseu nem de Fátima. Achámos que não fazia sentido, devido à distância”, explica Miguel Lemos. No entanto, há trabalhadores que asseguram ao i que receberam um email da UMP a convocar a sua presença em Borba, e pelo menos um deles é do centro do país. Segundo um outro email enviado pelas Misericórdias Portuguesas, a que o i teve acesso, a organização esteve fechada durante todo o dia de ontem “com motivo da cerimónia do lançamento da primeira pedra” do novo centro, Luís da Silva em Borba. “Relembramos que é muito importante que todos estejamos no dia 16 de Julho, na sede, às 8h, para evitarmos atrasos na viagem e podermos chegar pontualmente à cerimónia”, frisa o email. Para o evento, a UMP chegou a alugar um autocarro para todos os seus trabalhadores. “Os colaboradores que se desloquem para a sede no seu carro particular, nesse dia poderão deixar o mesmo dentro da zona de estacionamento, para seguir no transporte facilitado pela UMP para o evento”, pode ainda ler-se no email. Passos vaiado Apesar da presença dos colaboradores da UMP com o objectivo de apoiar o primeiro-ministro em Borba, Pedro Passos Coelho foi vaiado na cidade alentejana. À entrada da cerimónia do lançamento da primeira pedra do novo centro para deficientes profundos das Misericórdias Portuguesas, cerca de uma centena de manifestantes esperavam pelo primeiro-ministro, acusando-o e gritando palavras como “gatuno”, “mentiroso”, “o FMI não manda aqui”, “os salários a baixar e os lucros a aumentar” e “com Passos a mandar, o país vai-se afundar”. Os protestos na vila alentejana foram organizados pela União dos Sindicatos do Distrito de Évora, afecta à central sindical CGTP.
Protecção social
Indiferente à manifestação de protesto que recebeu quando chegou a Borba, Pedro Passos Coelho, discursou durante a cerimónia, realçando que o Estado deve ser “um elemento pivô numa acção de protecção social”, durante o período em que a economia “nos permita voltar a crescer”. “Em momentos de crise económica e social, os que estão em condições de maior vulnerabilidade são sempre mais duramente atingidos”, afirmou. “Precisamos, em tempo de crise, de ter respostas práticas para aqueles que mais sofrem”, acrescentou, realçando ainda a necessidade de ter em execução o plano de emergência social. O primeiro-ministro aproveitou ainda para elogiar o “trabalho social extraordinário” que as misericórdias, no seu conjunto, realizam e o enquadramento que a UMP “tem vindo a dar, que é crucial”.

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