quinta-feira, março 01, 2012

Portugal bate recorde com 92 jovens por dia a cair no desemprego

Li no Dinheiro Vivo que "Espanha e Grécia podem ter níveis de desemprego jovem superiores, mas é Portugal que lidera, de forma inequívoca, o agravamento da taxa de desemprego nas pessoas com menos de 25 anos. O que aconteceu entre Janeiro do ano passado e igual mês deste ano foi devastador. De acordo com o Eurostat, em apenas 12 meses, a incidência do fenómeno do desemprego jovem aumentou 8,6 pontos percentuais, em Portugal. Resultado: a taxa de desemprego ajustada respetiva chegou a 35,1% dos ativos jovens. Em números absolutos: Portugal tinha, em Janeiro, mais 33 mil jovens desempregados (92 por dia), uma subida de 28% face a igual mês de 2011. No total, há agora mais de 152 mil pessoas com idade inferior a 25 anos sem trabalho. Em Novembro, Portugal ultrapassou a Grécia neste campeonato. As subidas homólogas registadas em Portugal refletem o ambiente de recessão crescente, que penaliza sobretudo os mais jovens, por serem mais precários. O agravamento dos números é, de longe, superior ao segundo pior registo europeu (Espanha, com mais 5,9 pontos percentuais de subida) e ao terceiro (República Checa, com mais três pontos). Na Grécia a situação deverá ser muito má, mas não há valores disponíveis atualizados a Janeiro. Assim, o Eurostat está a mostrar que Portugal se aproxima rapidamente dos piores casos de desemprego jovem da Europa dado o ritmo recorde de degradação deste mercado de trabalho. A média europeia está em 22,4%, tendo aumentado apenas 1,3 pontos percentuais entre Janeiro de 2011 e Janeiro de 2012. Espanha lidera o desemprego jovem, com 49,9% da população ativa em Janeiro, seguem-se a Eslováquia com 36% e Portugal com 35,1%. O desemprego jovem na Grécia estava 48,1% em Novembro, o último dado disponível. O caso menos grave é o da Alemanha, país onde o desemprego jovem é o mais baixo (7,8%) e onde mais caiu (-1,2%).

Um problema europeu
Ontem, soube-se que o Governo vai contar com a generosidade dos fundos europeus para financiar um novo programa de bolsas de estágio para os jovens desempregados portugueses. Mas a medida será mais abrangente do que isso. Outros países, caso de Espanha, Grécia, Irlanda) deverão adotá-la. O desemprego, e sobretudo o jovem (que vale, em média, cerca de um quinto do total de casos) é um fenómeno cada vez mais agressivo pela Europa fora, daí a nova prioridade de agenda de Bruxelas. A situação é vista por muitos analistas como uma bomba-relógio. O ponto da situação feito pelo Eurostat em Janeiro deste ano fala por si: na União Europeia há 24,3 milhões de desempregados, dos quais quase 17 milhões estão na zona euro. Da mesma forma, contam-se 5,5 milhões de jovens sem trabalho na união dos 27, dos quais 3,3 milhões na zona euro, supostamente a região mais rica e desenvolvida. Todas estas realidades estão a crescer a um ritmo anual entre 4% a 8%.

Mais um desvio colossal?

A taxa de desemprego ajustada para a economia nacional, ontem anunciada pelo Eurostat, já vai em 14,8% da população ativa, a terceira pior marca da Europa. No quarto trimestre, o INE estimou 14% e o Governo apontou para uma média de 14,5% neste ano, embora estes cálculos não sejam normalizados, como faz o Eurostat. O ministro da Economia Álvaro Santos Pereira, embora “preocupado”, relativizou a subida recente do desemprego. “Já referi várias vezes que os números do desemprego são muito preocupantes”, mas “é preciso relembrar que a crise não começou em 2008, nos últimos dez anos tivemos uma tendência crescente de desemprego e de emigração. Os licenciados que o digam. Números do IEFP citados pela Lusa indicam que o número de diplomados que anulou a inscrição nos centros de emprego para emigrar subiu 49,5% entre 2009 e 2011. Esta semana, a unidade de análise orçamental do Parlamento (UTAO) avisou que o desemprego é uma das variáveis que pode deixar buracos na execução do OE, pondo em risco a meta do défice de 4,5%. Mais desemprego significa menos receita fiscal e mais despesa da Segurança Social".

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