sábado, janeiro 21, 2012

Urgências em risco de ruptura já em Fevereiro

Segundo a jornalista do Publico, Margarida Gomes, “os serviços de cuidados intensivos, as urgências hospitalares e as unidades diferenciadas de cuidados intermédios vão deixar de ter médicos em número suficiente para assegurar o funcionamento daqueles serviços a partir de Abril, embora haja casos em que essa situação possa acontecer já a partir de Fevereiro.Mário Jorge Neves, presidente da FNAM (Federação Nacional dos Médicos), diz que o caos vai instalar-se naqueles serviços, porque há "milhares de profissionais" que já mostraram a sua indisponibilidade para fazer mais de 100 horas extraordinárias por ano. "Milhares de médicos entregaram nas respectivas secções de pessoal de cada hospital declarações individuais de recusa em fazer mais de 100 horas anuais, que são as que a legislação em vigor obriga". Ao PÚBLICO, Mário Jorge explicou que a decisão da classe decorre do facto de "o Governo ter afastado de forma ilegal os instrumentos de regulamentação colectiva de trabalho dos médicos, atirando-os para o regime geral que estabelece o máximo de 100 horas extraordinárias anuais". "No passado dia 28 de Outubro, a FNAM e o SIM (Sindicato Independente dos Médicos) tiveram uma reunião com o ministro da Saúde e os secretários de Estado durante a qual chamaram a atenção para aquilo que estava na proposta do Orçamento de Estado, tendo Paulo Macedo informado que compreendia a situação, mas que existiam medidas transversais no OE que não eram susceptíveis de alteração", contou. A aprovação do OE para 2012 foi seguida de uma "grande indignação" e de "muita raiva" por parte dos médicos, o que os terá levado a entregar as declarações às administrações hospitalares. Afirmando que "o movimento é imparável", o dirigente responsabiliza o Ministério da Saúde e o Governo, que "souberam atempadamente dos riscos e não fizeram nada". Denunciando o clima persecutório que existe por parte da tutela e que "é intolerável", o presidente da FNAM disse ainda ao PÚBLICO que "nos hospitais da zona da Grande Lisboa, que têm maior concentração de médicos, até os internos de especialidade já começaram a entregar as declarações de recusa em fazer mais horas extraordinárias para além do que a lei fixa". Segundo relatou, "há hospitais que já começam a apresentar buracos nas escalas do serviço de urgência para o mês de Fevereiro".

Sem comentários: