quarta-feira, julho 20, 2011

A tal entrevista que não conheceu desenvolvimentos...

Continuo a interrogar-me como é que uma entrevista (7 de Janeiro de 2009, feita pelo jornalista Élvio Passos) com acusações políticas graves, e ninguém foi saber, mais em pormenor, do que falava João Carlos Gouveia. Dessa entrevista nem andaram a recolher reacções nem nada. Foram feitas declarações contundentes, acusações graves, insinuações concretas, mas o branqueamento foi imediato, talvez porque não interessava andar a escavar mais para que os pôdres não viessem à tona. E, como as memórias devem ser avivadas, recordo essa entrevista de João Carlos Gouveia:


"(...)


- Um presidente sozinho no meio dos deputados?
- É a luta política. Não estamos a falar de feijões. Não vos passa pela cabeça o poder que tem o presidente do PS. É o que eu digo: este telemóvel só tratou de questões políticas, não tratou de outras questões, mas podia ter tratado. A mim foi-me solicitado e eu reneguei.
- O que é que lhe foi solicitado?
- Benesses e favores do Governo da República, que eu recusei.
- Por parte de militantes do PS?
- Por aqui me fico.
- Uma cunha?!
- Sim. Estamos a falar não de um varandim de uma casa. Estamos a falar de negócios chorudos. Estamos a falar de poder. A certa altura pensou-se que o JCG, pressionado, ia ficar com as pernas tão a tremer que ia abandonar isto tudo e ia para casa e os tais cavalos de Tróia já estavam a dirigir o partido. E chegavam ao congresso a dirigir o partido. Falhou tudo. Passou-se a ideia de que o JCG ficou tão deslumbrado com o poder, que se agarrou a ele.
(...)
- Na questão dos candidatos autárquicos, muitos não foram os que pretendia. Qual? Quais?
- Santa Cruz, Funchal... Pedi encarecidamente ao Filipe Sousa, era genuíno o que pretendia, mas ele queria uma candidatura independente, sempre a quis Carlos Pereira, no Funchal.
- Tem de perguntar ao dr. Carlos Pereira por que é que ele não quis.
- Não há erro seu, em dizer que eles eram os candidatos...
- Erro seu?
- Quer que eu lhe mostre duas folhas para dizer qual foi o erro?
- Sim.
- Não mostro. Eu aceito isto como questões de poder (...)"

Sem comentários: