segunda-feira, julho 18, 2011

Cristas tirou gravata ao Ministério, mas nem Governo nem Parlamento seguem a moda...

Diz o Publico num texto dos jornalistas Ricardo Garcia e Nuno Simas, que "a Ministra da Agricultura quer poupar no ar condicionado durante o Verão. E espera pela experiência deste ano para propor a ideia ao resto do Governo, que continua "engravatado". Apesar das paredes grossas, faz algum calor dentro do edifício do Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território (MAMAOT). Os aparelhos de ar condicionado parecem estar todos desligados. À volta da mesa de reuniões, os homens não chegam a estar em mangas de camisa, mas a gravata já desapareceu. Um dia depois de a ministra Assunção Cristas ter assinado um despacho a dispensar os seus funcionários do uso deste símbolo universal de formalidade, todo o seu staff posa para as câmaras em conformidade com a nova norma. Ontem, nenhum outro gabinete ministerial seguiu o exemplo e, segundo disse fonte governamental ao PÚBLICO, cada ministério é livre de adoptar a medida. Na Assembleia da República também nada está previsto. E a própria ministra diz que irá esperar pelos resultados deste ano para apresentar a ideia ao resto do Governo. O objectivo é poupar energia, sem gastar nada. Segundo Assunção Cristas, há estudos que mostram que prescindir da gravata permite descer em 2 ºC a temperatura do ar condicionado. O Japão já tinha feito essas contas em 2005, quando lançou a campanha "Cool Biz", sugerindo aos trabalhadores do Governo e das empresas que deixassem o casaco e a gravata em casa e regulassem o ar condicionado para 28 ºC. Até 2009, a adesão estava em 57 por cento. Já este ano, com os problemas de abastecimento eléctrico devido ao acidente na central nuclear de Fukushima, o Governo japonês avançou com uma nova campanha - "Super Cool Biz" - sugerindo o uso de jeans, corsários, t-shirts, camisas havaianas e até sandálias. A iniciativa da ministra Assunção Cristas tem clara inspiração na experiência japonesa, até no nome - "Ar Cool". Mas não vai tão longe. Uma comunicação enviada ontem a todos os serviços do ministério estabelece que os homens estão dispensados do uso da gravata e que o ar condicionado deve ser regulado para 25 ºC. Assunção Cristas diz que não se trata de uma medida simbólica. "Estamos a falar de mais de 1500 edifícios e 10.500 funcionários", afirmou ontem, numa conferência de imprensa, ao lado dos seus secretários de Estado - sem gravata, mas com casaco. Pouco antes, o ministério organizara uma pequena visita a alguns gabinetes, onde os adjuntos já andavam sem gravata. Daniel Campelo, secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, estava reunido com um membro do seu gabinete, de janela aberta e sem o ar condicionado ligado. Numa sala ao lado, Miguel Moreira da Silva, membro do gabinete da ministra, só via vantagens na poupança. "Nem que seja um euro ou um grama de CO2, já é positivo", disse.
Com esta medida, o ministério quer dar um exemplo prático de poupança energética a outras áreas do Executivo. O programa do Governo prevê uma redução de 30 por cento, até 2020, no consumo eléctrico da administração pública. O impacto concreto da iniciativa "Ar Cool" - que se estenderá de Junho a Setembro, todos os anos - só será avaliado depois desta primeira experiência. Uma estimativa inicial aponta para uma redução de emissões de CO2 equivalente a um dia de tráfego rodoviário de uma cidade média, como Aveiro ou Braga.Assunção Cristas diz que, independente da sua magnitude, o impacto será sempre positivo. "É um corte que não custa nada às pessoas", afirma. Para a associação ambientalista Quercus, o exemplo que o Ministério da Agricultura e do Ambiente está a dar é positivo. "Mas não percebemos por que é que não é, desde já, uma medida para toda a administração pública ou todos os ministérios", afirma Francisco Ferreira, vice-presidente da associação. A dispensa da gravata é facultativa.Mas nas ocasiões em que esteja em causa a imagem do Estado, ela voltará a estar presente. "Para Bruxelas, vamos de gravata", diz a ministra".

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