sexta-feira, julho 15, 2011

Condições "desumanas" nas fábricas das grandes marcas


Li no DN de Lisboa que "as condições de trabalho nas fábricas chinesas do sector da eletrónica que produzem para as grandes marcas mundiais são "desumanas", refere um relatório da organização de defesa dos direitos humanos China Labor Watch. O relatório da China Labor Watch (CLW) hoje divulgado debruça-se sobre dez das fábricas que trabalham para as grandes marcas mundiais, como a Dell, IBM, Ericsson, Philips, Microsoft, Apple, HP e Nokia. Em nove das dez fábricas analisadas por aquela organização não governamental, "os operários não ganham um salário que lhes permita cumprir apenas as horas de trabalho normais, sendo forçados a cumprir um elevado número de horas extra". "O número de horas extra cumpridas mensalmente pelos operários varia entre 36 e 160" e "nenhuma fábrica cumpre estritamente a legislação de trabalho da China" que fixa um limite máximo de 36 horas extra de trabalho por mês, refere a CLW sedeada em Hong Kong. A jornada de trabalho nestas fábricas prolonga-se entre as 10 e as 14 horas, com fortes variações sazonais, relacionadas com a procura dos produtos. "Durante a época alta manufatureira, os operários cumprem um número excessivo de horas extraordinárias, trabalhando muitas vezes até à exaustão", refere o relatório da CLW. Entre Outubro de 2010 e Junho de 2011, a China Labor Watch fez inquéritos a 408 operários para a elaboração deste relatório e para entrar em três fábricas alguns membros da organização fizeram-se passar por operários. "A intensidade do trabalho é extremamente elevada nas dez fábricas" analisadas, refere o relatório da organização, acrescentando que numa linha de montagem da HP "os operários têm de repetir a tarefa que lhes foi atribuída de três em três segundos, em pé e durante 10 horas consecutivas". A CLW analisou a fábrica em Shenzhen do fabricante de Taiwan Foxconn, onde ocorreu uma onda de suicídios em 2010, mas concluiu que a duração e intensidade do trabalho "não são ali piores do que nas outras fábricas da indústria eletrónica" na China. "Enquanto que as empresas com marcas internacionais e os produtores chineses procuram reduzir os custos de compras e produção ao nível mais baixo possível, a segurança e o bem-estar dos operários chineses são sacrificados", conclui a organização não governamental".

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