terça-feira, junho 28, 2011

Programa de Governo: estranho

Se há uma coisa que eu detesto é ficar com a dúvida de que estarei a ser incoerente, por qualquer motivo. A política não se compadece com hipócritas, idiotas úteis, manipuladores, etc. Mas não se revê também nos incoerentes e nas incoerências.
Por isso se este programa de governo - com poucas ou nenhumas referências à Madeira e nenhuma à autonomia regional, enquanto compromisso do Estado, a que se junta, por exemplo, a ausência de qualquer referência à questão do CINM que tem sido apontado como fundamental para o futuro, apesar de ter grandes reservas sobre o impacto do memorando da “troika” naquele Centro – tivesse sido apresentado por um governo socialista já teria manifestado a minha desconfiança e uma crítica ao facto da autonomia não merecer qualquer destaque. Em coerência, não posso deixar de estranhar, manifestar a minha surpresa, porque não esperava, o facto do programa não conter nenhuma alusão às autonomias. Não que isso seja obrigatório, tal como não é obrigatório, nem sequer importante, na minha perspectiva, que um madeirense integre um governo nacional, quando as relações são essencialmente políticas e funciona m ou não funcionam conforme a predisposição do primeiro-ministro. Mas porque a autonomia regional faz parte do património político do PSD. Não sei se foi esquecimento, desconheço que foi exigência do CDS/PP, parceiro da coligação, que obviamente tem uma visão diferente daquele que o PSD tem. Não sei mesmo se tal omissão mais concreta se ficou a dever ao facto de estarmos a escassos meses de eleições regionais. Não sei, nem me importa saber. O que eu sei é que o documento passa ao lado de uma realidade política, que tal como tudo o que construímos nestes mais de 30 anos de percurso democrático, tem os seus defeitos e as suas virtudes, mas é uma realidade pujante, constitucional e que precisa de dar passos significativos na sua consolidação e na superação de omissões e mesmo de algumas contradições no domínio do
legislativo. Fica contudo o meu registo de surpresa e de desconfiança, sem com ele querer criar “casos”, até para que não se confunda abusivamente uma opinião pessoal com o partido de que faço parte, ou não envolvam, indirectamente, Alberto João Jardim num acto de liberdade pessoal que é este, o de dar expressão a uma opinião pessoal que reafirmo. Obviamente que as palavras valem o que valem, os compromissos duram o que duram. O que importante são os actos, as decisões no momento em que terão que ser feitas escolhas e formalizadas opções. Isso é que importa, Mas, pormenor ou não, acho sinceramente que o programa de governo, de um governo onde o PSD é a parte liderante, não podia ter ignorado a autonomia regional, limitando-se a transpor para o texto hoje divulgado as referências que já constavam do memorando de entendimento assinado com a "troika". (LFM)

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