sexta-feira, abril 29, 2011

Crise: "5 conselhos para proteger o seu dinheiro"

"Distribuir a poupança por vários produtos, e mesmo por vários bancos, é o primeiro passo a dar. Depois é preciso escolher os produtos certos, protegendo o dinheiro do risco e da subida da inflação
Certificados: Tirar partido do risco do país
Quem investe em certificados de aforro e do Tesouro está na prática a emprestar dinheiro ao Estado. Ora é o facto de a percepção de risco sobre a dívida de Portugal estar em níveis recorde desde a entrada no euro que obrigou o país a pedir apoio financeiro. Um dos receios é que o Estado tenha de restruturar a dívida, pagando menos do que pediu emprestado. O IGCP está a garantir aos aforradores que o cenário de perda total ou parcial "não se enquadra, de forma alguma, em qualquer hipótese actualmente em estudo". E lembra que as condições não podem ser alteradas por um período de 10 anos. É o que diz a Lei. Mas juristas contactados pelo Negócios lembram que a lei pode ser alterada. Certo é que o retorno oferecido nos certificados do Tesouro é imbatível para aplicações a cinco anos: 6,8%. A 10 anos sobe para 7,1%.
Escolha depósitos à prova de inflação
Os depósitos a prazo são, actualmente, uma opção atractiva para as suas poupanças, fruto da alta dos juros oferecidos pelas instituições financeiras. As melhores aplicações apresentam taxas brutas anuais que chegam perto da fasquia dos 5%. Mas, na maioria dos casos, os juros anuais rondam os 3%. É por isso que, numa análise realizada pelo Negócios, se concluiu que apenas um quarto dos depósitos comercializados pela banca em Portugal apresenta um retorno bruto superior àquela que é a taxa de inflação estimada pelo Banco de Portugal. A última previsão é de que os preços no consumidor registem, este ano, um acréscimo de 3,6%. Considerando o retorno líquido dos depósitos, nenhum dos produtos oferecidos pela banca consegue oferecer um ganho real. Além disso, apesar dos depósitos estarem protegidos até 100 mil euros pelo Fundo de Garantia de Depósitos, é preciso ter em conta que mesmo baixo, existe risco numa aplicação destas.
Prefira acções que pagam bons dividendos
Se não resiste à tentação de investir na bolsa ou acredita que esta é uma oportunidade para entrar no mercado accionista português, evite as empresas mais dependentes da economia nacional, que tenderão a ser mais castigadas pelos investidores. A aposta deve recair sobre as empresas que obtenham a maior "fatia" dos seus lucros no exterior. E também naquelas que são mais generosas para com os seus accionistas, ou seja, as que entregam aos investidores a maior "fatia" dos lucros obtidos. Nem sempre as que têm o dividendo mais alto são as mais atractivas. Por isso, deve sempre ter em conta o rácico entre o peço da acção e a remuneração que será paga. Quanto mais elevado o retorno, melhor o investimento. Na bolsa de Lisboa há várias empresas que lhe oferecem "dividenda yields" de mais de 4% e 5%. A PT, com o dividendo ordinário e extraordinário, apresenta um retorno de 15,8%.
Não se deixe ofuscar pelo brilho do ouro
O ouro é um dos refúgios mais procurados em tempos de incerteza, além de servir como "antídoto" para a inflação. Características que têm levado a cotação a fixar recordes sucessivos nos últimos meses, chegando ontem aos 1.534 dólares por onça. A subida do preço é um factor de sedução para quem receia ter as poupanças no banco ou entregues ao Estado. Mas o ouro, tal como o investimento em acções, tem risco. A cotação pode desvalorizar significativamente e o metal vender menos quando o quiser vender. Investir quando os preços atingem um pico também não é avisado. Depois de 10 anos a valorizar, a maioria dos analistas acredita que a cotação vai corrigir nos próximos anos. Poucos são os que vêem o metal precioso chegar aos 2.000 dólares. Uma alternativa são os metais industriais, como o cobre, que é considerado o "termómetro" da economia, mas cujo investimento é mais complexo.
Diversifique o risco investindo em fundos
Diversificar é uma das regras de ouro do investimento. Pôr o dinheiro numa só aplicação é meio caminho para arriscar perder tudo. Deve distribuir a poupança por diferentes produtos e até por vários bancos. Uma das formas de o fazer são os fundos de investimento, que permitem com quantias reduzidas aplicar o dinheiro num cabaz alargado de activos, com gestão profissional. Existem soluções para diferentes perfis de risco, desde as que só investem em obrigações de "rating" muito elevado às mais expostas a acções . Os fundos de investimento tem ainda a vantagem de não ficar exposto ao risco do banco. O dinheiro aplicado é património autónomo, não ficando no balanço do banco, como acontece com os depósitos
". (pelos jornalistas do Jornal de Negócios, André Veríssimo e Paulo Moutinho)

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