domingo, novembro 28, 2010

Pois é Berardo, mas...

Li ontem no site da TVI que o comendador Joe Berardo "considera que José Sócrates «tentou fazer alguma coisa pelo país, mas foi crucificado» e que, estando legitimamente à frente do Governo, «deveria ser apoiado». Os portugueses não deveriam «estar contra» Sócrates, pois «as coisas estão muito difíceis», acrescentou o coleccionador de arte em declarações à agência Lusa, considerando que as pessoas, em vez de se preocuparem com o país, querem é tratar da «sua casinha, do seu partido». Joe Berardo está convencido que vai haver eleições antecipadas, mas afirma que não está «nada preocupado», nem lhe «interessa quem vai ganhar», pois «o sistema vai manter-se». A maioria de que resultar o novo governo não vai, mais uma vez, ser uma maioria para «promover a unidade dos portugueses» em torno de combates às dificuldades que o país atravessa e para alcançar «objectivos que Portugal tem de definir», sublinha. Joe Berardo não vê, entre os actuais dirigentes partidários, «nenhum líder» capaz de combater o sistema político-partidário e de, simultaneamente, «juntar os portugueses» para que «o país dê um passo em frente». «Para dar um passo em frente», Portugal tem de voltar a ser, como foi na época dos descobrimentos, pioneiro e corajoso, alerta, acreditando, no entanto, que os portugueses, «se unirem esforços, serão capazes de voltarem a ser» uma referência no mundo. Referindo-se a Pedro Passos Coelho, o comendador Joe Berardo discorda do presidente do PSD, quando este diz que são necessários «oito a dez anos» para Portugal recuperar da actual situação, pois «nós não sobrevivermos esse tempo todo» na situação em que estamos, adverte. «Não vejo ninguém com a ideia» de mobilizar o país e agir de imediato, confessa Joe Berardo. A não ser que, ressalva, num tom irónico, exista quem assim pense e «não o diga com medo de não ganhar as eleições». Enquanto empresário, «nunca fui chamado para ser ouvido pelos políticos» e para discutir com eles o que deve ser feito pelo país, lamenta o comendador, recordando que quando viveu na África do Sul, era um dos empresários conselheiro do presidente daquele país. «Cá, quando os políticos chamam os empresários» é para fazerem passar a sua mensagem, para dizerem «o que lhes interessa» e não para ouvir o que realmente pensam os empresários e com eles discutirem o país, acusa. De todo o modo, Joe Berardo acredita no futuro de Portugal. Basta, advoga, «aproveitar o que temos de bom: os portugueses, o sol, a terra, a nossa história e a nossa cultura». Tenho por princípio respeitar as opiniões alheias, concorde ou não com elas, pelo que neste caso nem sequer ouso abrir uma excepção, pese o facto de não concordar como que Berardo afirma. De todo! O que eu sinceramente queria que Joe Berardo me dissesse é o que vai acontecer ao Hotel Savoy, se o projecto vai ou não andar, se existem ou não problemas de financiamento (importante clarificar isto, por exemplo, se existem ou não dificuldades inesperadas de financiamento...), em em vez de andar a defender Sócrates - obviamente que podendo-o fazer, porque está no seu ditreito. O que me parece é que as pessoas também são livres de pensarem, mesmo para dentro (!) sobre quais os motivos destas declarações, a causa mais próxima para este tipo de reacção quando é evidente que existe um sentimento no país que aponta para um caminho totalmente oposto ao que Berardo sustenta.

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