sexta-feira, novembro 26, 2010

Açores: equipas nomeadas para prestar cuidados paliativos não funcionam

Segundo o jornalista Luís João Costa do Diário dos Açores, "a Biblioteca Municipal de Ponta Delgada foi o palco escolhido para a realização do colóquio "Os Procedimentos e atitudes em Cuidados Paliativos" que contou com uma palestra de Isabel Almeida assim como da participação da presidente do núcleo regional da Associação Portuguesa de Cuidados Paliativos dos Açores a especialista Maria Teresa Flor de Lima. Ainda no decorrer do mês de Novembro, no dia 29, realizar-se-á pelas 21 horas um segundo colóquio subordinado ao tema "Conviver com a Demência" que será apresentado pela Enf.ª Lina Andrade. Por sua vez, no dia 3 de Dezembro, pelas 21 horas, decorre um colóquio subordinado ao tema "O que é Espiritualidade; Espiritualidade no fim da Vida" que será apresentado pelo Padre Paulo Borges sendo o orador convidado o Prof. José Carlos Bermejo. Os colóquios surgiram de uma parceria entre a Biblioteca Municipal de Ponta Delgada e o Núcleo Regional de Cuidados Paliativos com o objectivo de esclarecer o público sobre a temática dos cuidados paliativos. Segundo Maria Teresa Flor de Lima os cuidados paliativos são cuidados prestados por equipas especializadas a doentes seleccionados, nomeadamente, doentes com uma doença incurável que necessitam de cuidados especiais na área de todas as suas necessidades físicas, psicológicas, sociais, espirituais e económicas. As equipas especializadas são formadas por vários elementos multidisciplinares onde estão sempre incluídos médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, assistentes espirituais, entre outros elementos. Nos cuidados paliativos o doente é atendido no seu todo onde poderá ser tratado dentro da estrutura hospitalar ou em IPSS e Misericórdias.
Cuidados paliativos nos Açores não estão organizados
De acordo com Maria Teresa Flor de Lima o doente que necessita de cuidados paliativos apresenta queixas, dor, problemas, nomeadamente, falta de ar, falta de apetite, falta de alimentação, diarreias entre outros sintomas. Para além das queixas físicas o doente que necessita de cuidados paliativos necessita de apoio psicológico para resolver problemas psico-sociais. Outra das características dos cuidados paliativos é o apoio à família dos doentes durante a doença e até mesmo durante o luto. As áreas onde são aplicados os cuidados paliativos são a oncologia, nos doentes com SIDA, nos doentes com insuficiência de órgãos bem como outras áreas da medicina. Presentemente Maria Teresa Flor de Lima assume que os cuidados paliativos nos Açores não estão organizados contudo salvaguarda que os doentes não morrem desprezados e abandonados são minimamente tratados. Com os cuidados paliativos pretende-se dar qualidade de vida aos últimos dias de vida do doente. Segundo Maria Teresa Flor de Lima nos Açores presentemente existem equipas nomeadas mas não estão em pleno funcionamento. Actualmente o núcleo regional de cuidados paliativos conta com 25 profissionais que ainda não estão devidamente organizados para que possam prestar um serviço eficaz na área dos cuidados paliativos na região. Na área dos cuidados paliativos existe também as equipas de cuidados domiciliários onde é proporcionado ao doente que termine os seus dias no seu domicílio com todas as condições necessárias. Nos cuidados paliativos quem decide o tratamento a aplicar é o doente em conjunto com a família do mesmo é o chamado binómio do tratamento onde ambos devem fazer parte das decisões uma vez que são necessários respeitar princípios éticos. Maria Teresa Flor de Lima esclarece que questões como a eutanásia e o testamento vital não poderão ser confundidos com cuidados paliativos. A nossa interlocutora esclarece que os cuidados paliativos são uma abordagem humanizada da doença grave, da doença terminal até à morte. Presentemente e de acordo com dados avançados pelo núcleo regional de cuidados paliativos ocorrem por ano nos Açores um total de 2 250 óbitos onde 60% necessitam apoio pelas equipas especializadas de cuidados paliativos, ou seja, são 1 350 doentes a que acresce 1 a 2 familiares segundo dados da Organização Mundial de Saúde".

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