quinta-feira, novembro 26, 2009

João Jardim: "Nestes próximos dois anos, os autonomistas sociais-democratas têm de se manter firmes"

Intitulado "Caminho firme e inteligente", Alberto João Jardim publica nesta edição do Madeira Livre a distribuir esta semana um artigo de opinião no qual a aborda a realidade financeira regional:
"Com as enormes dificuldades financeiras que a Madeira sempre viveu, agravadas pelas represálias político-partidárias do Governo socialista de Sócrates – vergonhosa instrumentalização do Estado – no entanto foi possível ir realizando os Programas de Governo, incluso com recurso à Dívida Pública. Obviamente que isto exigiu um Plano e uma enorme disciplina na respectiva execução. Um Plano para cada mandato, em que de antemão ficasse estabelecido o que era para lançar ao longo dos quatro anos que se seguiam.
Mas um Plano conscienciosamente elaborado.
Começava-se por um cômputo das receitas previsíveis para esse período de tempo, bem como de uma avaliação do até quanto podia ir a despesa pública. O Governo Regional, em conformidade, estabelecia quais as prioridades possíveis para o novo mandato a que se proponha.Depois, eram ouvidos todos os Presidentes de Câmaras Municipais, a fim de, sempre dentro dos meios considerados possíveis, se poder estabelecer quais os contratos-programas a realizar com cada Município, em função de prioridades por Estes apresentadas e destinados a investimentos ao âmbito da respectiva competência, mas que dado o volume financeiro que comportavam, ou não Lhes era possível concretizar, ou a sua concretização comprometeria irremediavelmente a normal actividade das Autarquias. Em função das prioridades que definia e das que os Municípios apresentavam, paralelamente o Governo Regional ia ouvindo as suas equipas técnicas, aos diversos âmbitos departamentais. Sobretudo para deter informação completa sobre os investimentos pretendidos, nomeadamente quanto à viabilidade, opções possíveis, custos e sua reprodutividade.
Benefícios estudados não apenas sob uma óptica meramente economicista de rentabilização, mas também, a par ou em alternativa, sob uma óptica de resultados sociais ou educativos, em função da dimensão da população abrangida ou da verificação de situações inadiáveis.
Após toda esta informação reunida, seguia-se um outro passo decisivo. Ouvir a própria população.
Assim, com o Plano já provisoriamente elaborado, toda a equipa do Governo Regional, acompanhada de Técnicos, deslocava-se Freguesia a Freguesia e, no adro da respectiva Igreja, após a Missa, informava o Povo do que pretendia fazer nos quatro anos seguidos, principalmente quanto ao com mais incidência nessa Freguesia e no respectivo Concelho.
Várias vezes, as informações prestadas pela população foram de uma importância tal que levaram a algumas alterações no que pré-estabelecido e dentro sempre dos valores financeiros disponíveis, visto assim ser possível detectar outras prioridades não logo perceptíveis nos trabalhos de gabinete.
Mais. Tais encontros com a população permitiram os mais diversos tipos de esclarecimento a questões até pontuais, colocadas aos mais variados âmbitos sectoriais.
Como permitiram explicar porque não era possível satisfazer todos os anseios colectivos de uma vez só, embora não fossem poucas as Freguesias onde a própria população já não tinha infraestruturas importantes para legitimamente reivindicar.
Claro que tudo isto implica muito trabalho e muita necessária disponibilidade e empenho.
Depois, consensualizado o Plano directamente com a população, num exercício de «democracia directa», restava aos autonomistas sociais-democratas traduzirem-no em programa eleitoral sério, sem demagogias e mentiras para «caçar votos», na medida em que a maioria do próprio eleitorado já sabia o que era para lançar, e o que, de facto, por enquanto não era possível.
Finalmente, o Programa de Governo daqui nascido.
A única alteração nesta metodologia verificou-se em 2007, quando, dado o garrote financeiro imposto pelos socialistas ao Povo Madeirense, o Governo Regional teve de se demitir e solicitar ao eleitorado um mandato para prorrogar o programa 2005-2008 até 2011. Embora, nestas circunstâncias, tenha sido possível considerar mais alguns investimentos públicos, mas poucos.
Como se vê, é assim que se deve trabalhar.
Porém, sempre e ao longo de todos os mandatos, o género de Oposição que temos no arquipélago não entendeu ou finge não entender.
Nunca apresentou, sequer, um Plano alternativo ao dos autonomistas sociais-democratas. Um dia uns, outro dia outros, postavam-se algures em qualquer sítio e avançavam com propostas pontuais e descabidas, isoladas de qualquer contexto global de planeamento e, principalmente, de qualquer contexto financeiro viável.
A Oposição dava assim por feito o «trabalho de casa», fomentando ilusões numa minoria incauta e contando com os critérios da comunicação social local, sobretudo rádio e televisão, que lhe dava visibilidade pública ao respectivo «esforço laboral» de três minutos, nem todos os dias.
Por enormíssima que fosse a asneira debitada, tal nunca foi objecto de apreciação crítica na própria «informação», esta preenchendo assim comodamente os espaços diários que tem de apresentar, transformando os noticiários numa esquelética sucessão de «tempos de antena» e ficando a população sem saber muito do que de mais importante se passa no País e no mundo.
Claro que os autonomistas sociais-democratas tiveram o bom-senso de não prestar muita atenção a toda esta asneirada. Sabendo o algum desgaste que tal sempre acaba por provocar, principalmente nas pessoas menos informadas que ainda embarcam neste tipo de ilusões demagógicas, mas conscientes de que a maioria do Povo Madeirense entende e não aceita estas irresponsabilidades do «bacalhau-a-pataco», houve que fazer «ouvidos de mercador» a tanto disparate.
Porque se assim não acontecesse, toda a lógica e viabilidade de um Plano ficariam comprometidas, não seria possível lançar os Programas sufragados democraticamente.
Ah! Também, por vezes, sucedem outras. A Oposição, apesar de tão «fatigada», alguma ao menos ainda lê os programas de Governo. E então, vai daí, apresenta como reivindicação «sua», aquilo que, por estar no Programa, sabe que vai ser lançado. Como se a maioria das pessoas «enfiasse» que se tratava de uma «iniciativa» da dita Oposição!...
E simultaneamente, dando o dito por não dito, até às vezes manifesta-se contra o que se vai fazendo, ao mesmo tempo que «reivindica» as mesmíssimas coisas que contesta.
Aliás, creio que um dos maiores erros da Oposição, na Madeira, foi nunca ter percebido que o Povo Madeirense, na sua maioria, é inteligente, e que, por isso, é errado tentar enganar uma população que entende o que se passa à sua volta.
Mas como a débil e fragmentada Oposição que temos, sempre os mesmos personagens, não toma juízo, mesmo após a dolorosa sucessão de derrotas eleitorais ao longo de todos estes anos e mesmo após as três últimas «sovas», ei-la a persistir na asneira.
Mesmo nestas últimas semanas não têm faltado «propostas» que se resumem sempre ao mesmo: DIMINUIR A RECEITA E AUMENTAR A DESPESA.
Se é assim que administram as respectivas casas ou os seus negócios, estão bem arranjados!... Nestes próximos dois anos, os autonomistas sociais-democratas têm de se manter firmes na metodologia de sucesso que permitiu a transformação da Madeira e do Porto Santo.
Deixar a Oposição disparatar.E como tem de preencher tempo e espaço, a comunicação social que os ature...".

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