terça-feira, julho 29, 2008

Madeira: mais cenas do deputado do PND

O deputado do PND José Manuel Coelho voltou a comportar-se de uma forma que envergonha para a democracia e sobretudo a Assembleia Legislativa, e que nada tem a ver com o direito que lhe assiste de poder criticar aspectos funcionais da instituição. Não acredito que as pessoas que votaram no "Bexiga", porque lhe acharam piada, e elegeram Baltazar Aguiar, se revejam neste comportamento do "deputado comunista" do PND, que todos os anos até vai à Festa do Avante. Não me recordo de semelhante comportamento em nenhum parlamento. Coelho começou por protagonizar uma cena ridícula - que fica mal, desde logo para ele próprio e para a sua dignidade perante as pessoas que assistem a estas palhaçadas - sentando-se num cadeirão de praia, com chapéu, roupa adequada ao areal enquanto lia um jornal, tudo isto junto à pequena lagoa existente junto a uma das portas do edifício do Parlamento, numa alusão crítica ao período de férias parlamentares que hoje se inicia (informe-se o PND de qual o período de férias em todos os parlamentos europeus, no que diz respeito à convocação de plenários , já que as comissões funcionam normalmente). Nesta cena idiota, era ver o antigo deputado Baltazar do PND, que mais parecia um encenador, dando instruções, cuidando do visual do deputado-actor, tudo porque algumas figuras do PND andaram manhã cedo a telefonar, como fazem sempre, para os jornalistas convocando-os para a palhaçada que ele, por razões de estatuto social que todos conhecemos, seria incapaz de protagonizar. O "jet-set" não se mete em "rafeirices", não é verdade?! Por isso, nada melhor que escolher um "actor" disponível (ou forçado?) como o deputado Coelho, que lamentavelmente se sujeita a tudo, manobrado por indivíduos que se julgam iluminados - eu já sei que sou o "amanuense mais caro do país", mimo com que o deputado com mandato suspenso costuma brindar-me, não é preciso repetirem, mas não me façam falar sobre as misérias de alguns finórios ou como alguns deles vivem e à custa de quê... O PND, para estas brincadeiras, que não conseguiu mais de 3 mil votos, critica os outros mas custa ao erário público mais de 2 mil contos mensais, fora despesas resultantes da utilização de instalações do parlamento. E não me parece que o PND devolva mensalmente essas verbas ao parlamento ou que as entregue a instituições de solidariedade social. Produziram um cartaz que distribuíram pela cidade, pago pelas verbas recebidas do parlamento, mas depois "cortaram-se" todos, temendo que o Tribunal de Contas, no parecer relativo a 2007, lhes salte em cima, e lhes instaure um processo junto do Ministério Público, já que esse tipo de actividade (cartazes) não é de natureza parlamentar. O PND tem outra particularidade, a de ser o único partido da Assembleia Legislativa, embora receba verbas para esse fim, aparentemente (?) sem qualquer funcionário registado como tal, ao contrário dos demais partidos. Mas tem as suas instalações sempre cheias.... Há duas ou três semanas, foi a encenação do ordenado parcialmente entregue a uma instituição de solidariedade - por imposição dos dirigentes do PND local, e que o deputado contrariado teve que prescindir - por causa da não realização de plenários, como se fosse o PND a impôr regras no parlamento madeirense. Já agora, nestes dois meses de férias parlamentares - onde apenas funcionam, em permanência, as comissões parlamentares, das quais o deputado Coelho não faz parte (portanto ele será um dos deputados regionais que mais férias gozará) - a quem vai este parlamentar entregar os salários e respectivo subsídio de férias? Hoje voltou a protagonizar outra cena no plenário, assanhando-se todo depois de ter recebido um telefonema dos "assessores" do PND - é assim que as coisas funcionam. Sem que a Mesa lhe desse a palavra - uma das mais elementares normas do parlamentarismo e da boa educação - o deputado levantou-se e resolveu falar, microfone desligado e tudo, numa gritaria triste, provocando uma interrupção dos trabalhos até que tudo se normalizasse. Eu dou razão a Manuel Monteiro: o PND é hoje um um partido de extrema-direita. Realmente com cenas destas - a quem interessa desacreditar as instituições democráticas senão à extrema-direita, às ideologias totalitárias apologistas de modelos políticos nas quais o parlamento não existe ? - o melhor é extinguir o partido, aliás como ele já admitiu. Um conselho do deputado Coelho: aproveite as férias para reflectir, até porque a rotatividade não tarda muito vai mandá-lo para fora. E um desabafo: confesso, e acredite se quiser, é-me indiferente, que nunca o imaginei aceitar ser cúmplice de cenas que não o dignificam, desde logo enquanto pessoa credora de respeito, como todas as demais, as quais eu não acredito o façam sentir-se realizado. E isto nada tem a ver com o facto de se assumir, repetidamente, como um comunista e/ou anarquista (expulso do PCP), memso sendo agora deputado do PND, porque até sou capaz de achar isso normal. Não tem nada a ver com a liberdade e o direito que tem de criticar politicamente o regime social-democrata, atacar a governação ou alguns dos seus protagonistas ou do partido maioritário. Tem a ver com uma coisa superior, com o seu direito a ter direito à dignidade, a ser o cidadão José Manuel Coelho, e não o "tipo do relógio", ou "deputado da cadeira de praia" que faz umas palhaçadas ou coisas do género. Por acaso vê os que o mandam fazer tudo isso, seguir-lhe o exemplo? Lembra-se do que se passou e do que foi obrigado a fazer, quando na Assembleia acusou o grupo Sousa (de Luis Miguel Sousa) de ter financiado o CDS/PP e descobriram que lhes tinham dado uma "falsa informação"?

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