segunda-feira, julho 28, 2008

Low cost e a Madeira: Estudo da ACIF (IV)

No que respeita ao contributo económico, em 2015, estimam-se os seguintes impactes no consumo receptor, por cenário.

Assim, com a entrada das operações das LCC na RAM, estima-se que o PIB turístico possa crescer a uma taxa que varia entre 1% e 4.3% entre 2007 e 2015, correspondendo a um acréscimo entre 44 e 220 mil milhões de euros, a preços de 2001. Tendo em conta as perspectivas de evolução da capacidade de alojamento na RAM consideradas e o número de colaboradores por quarto em 2007 (pressupondo que a optimização via outsourcing já está concluída), é possível estimar que a indústria hoteleira venha a empregar em 2015, cerca de 9.4 mil pessoas, representando um aumento em mais de 40%, face ao emprego registado em 2007.

Análise de sensibilidade

Tendo presente o grau de influência que os licenciamentos de camas turísticas apresentam ao nível da determinação do impacto económico turístico, procedeu-se à análise de sensibilidade do PIB turístico, a políticas mais, ou menos, restritivas de licenciamento de camas turísticas. Da análise de sensibilidade efectuada, resulta que o aumento continuado da oferta hoteleira, desalinhado com o crescimento da procura, poderá não permitir maximizar o contributo do turismo para o PIB. De facto, para qualquer dos cenários, a oferta actual em número de camas apresenta-se suficiente para responder à procura, em número de dormidas, até 2015.

Linhas de orientação estratégica

Importa ter presente que a realidade turística da RAM não confere ainda as condições necessárias para a concretização com sucesso das actividades tendentes aos cenários que mais atractivos se configuram (“Madeira sénior” e “Madeira, destino Europeu”), em particular decorrente do seguinte:
􀂃 A adaptação da oferta turística da RAM às exigências de um turista sénior mais activo encontra-se ainda pouco integrada, não potenciando o seu crescimento;
􀂃 A captação e fidelização directa do cliente final é um factor preponderante no sucesso do destino e que actualmente, ainda é efectuado de forma limitada;
􀂃 A dependência de alguns agentes e a falta de integração da oferta não potenciam o crescimento de “novos tipos de procura”;
􀂃 O limitado orçamento de promoção da região e a diversificação relativamente alargada do investimento do mesmo, especialmente em termos geográficos, não optimizam os resultados respectivos;
􀂃 O conhecimento sobre a procura e, mais concretamente sobre o perfil do turista da RAM, é particular a cada agente, havendo um nível limitado de informação partilhada disponível.

Para responder aos desafios e oportunidades colocados pelos vários cenários e, de forma a alavancar os resultados e sucesso da RAM, propõem-se um conjunto de medidas que deverão ser trabalhadas no futuro, com o principal intuito de mobilizar e focalizar os meios e agentes turísticos da região, quer a nível sectorial, quer a nível institucional.


Desta forma, a nível sectorial sugerem-se cinco eixos de acção, que deverão ser organizados, de modo a captar e fidelizar de forma focalizada, o turista da RAM. Ao nível do turista, é determinante:
􀂃 Servir o turista de forma consistente, assegurando a qualidade dos serviços e a qualidade dos activos;
􀂃 conhecer o turista, compreender os seus gostos, as suas necessidades, exigências e motivações, designadamente através da criação de um “observatório do turista”.

Relativamente aos segmentos, é importante:
􀂃 a continuação da focalização e fidelização do actual turista da RAM, o turista sénior;
􀂃 conceber uma oferta para o tradicional segmento do turismo sénior passivo, que procura actividades relacionadas com a natureza, o “viver a Madeira”, explorando a cultura local e a saúde e bem estar, mas também para o turismo sénior activo que procura actividades adicionais como o golfe, touring, náutica e cruzeiros.

No que diz respeito à origem do turista é necessário:
􀂃 definir uma área de referência relevante para captação turística;
􀂃 dar sequência a um esforço de prospecção turística pelas origens da procura de maior relevo na RAM, designadamente nas zonas de influência dos actuais aeroportos de origem, bem como aeroportos secundários com catchment areas compatíveis com o perfil do turista da RAM.

Os canais de distribuição e meios de transporte desempenham um papel determinante no sucesso do turismo na RAM, seno necessário:
􀂃 não criar demasiada dependência de um único canal;
􀂃 potenciar as oportunidades decorrentes do canal on-line e do canal directo como forma de redução da dependência dos operadores tradicionais;
􀂃 criar condições atractivas para os vários meios de transporte;
􀂃 alcançar um equilíbrio entre os voos regulares, charter e as LCC, abrindo caminho para novos modelos de distribuição;
􀂃 investir na sustentabilidade do destino per si, designadamente através
da fidelização do turista.
A promoção é um eixo fundamental para que em todos os outros surtam efeitos positivos para a RAM, sendo necessário:
􀂃 dar a conhecer a RAM de forma consistente e focalizada através de um canal “central”, resultado de esforços concertados entre institucionais, públicos e privados;
􀂃 divulgar e promover uma mensagem “única” e de acordo com as orientações definidas para a captação e manutenção de tráfego, focalizada nos objectivos traçados relativamente ao público-alvo a atingir.
Ao nível institucional apresenta-se, assim, crucial definir um plano estratégico para o turismo da Madeira (RAM).

Este plano pretenderá definir tarefas específicas para o turismo da RAM, com o intuito de atingir objectivos concretos num horizonte temporal a médio/longo prazo, relativamente ao(s):
􀂃 Posicionamento da Madeira como destino turístico Europeu;
􀂃 Produtos estratégicos que deverão definir a oferta turística da RAM;
􀂃 Meios de comunicação e promoção a utilizar primordialmente;
􀂃 (Potenciais) turistas-alvo;
􀂃 Investimentos prioritários;
􀂃 Entre outros.
Na sequência da definição do Plano Estratégico de Turismo da Madeira e, com base nas linhas orientadoras e conclusões finais do mesmo, será possível, de forma estruturada e consistente, efectuar a revisão necessária do Plano de Ordenamento Turístico da RAM e procurar enquadrar ao investimentos necessários em mecanismos de financiamento potenciais (fonte ACIF)

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