segunda-feira, julho 28, 2008

Cautelas nunca fizeram mal...

Eu acho que a posição mais cautelar, e neste momento politicamente mais recomendável, que o PSD da Madeira deve tomar - embora isso dependa ou da decisão do seu líder ou de uma deliberação do seu principal órgão executivo, a Comissão Política - em vez de enveredar pelo radicalismo que muitas vezes fragiliza, acabando por ter os feitos contrários aos pretendidos, será o PSD da Madeira esperar que MFL, quando o entender, esclareça se estava ou não a criticar os social-democratas madeirenses, e particularmente a sua festa do Chão da Lagoa, quando proferiu aquelas infelizes declarações nos Açores, das quais se retirou como essencial, o facto da nova líder do PSD não estar disponíveis para participar em festas populares ou marcar presença em ajuntamentos com muitos microfones. Creio que neste momento - e basta olhar para as sondagens, até porque a referida senhora não representa nenhuma renovação, tendo constituído uma espécie de última bóia de salvação à qual se agarrou um desesperado PSD a pensar em 2009 e nos efeitos do erro que constituiu a apressada e manipulada eleição de Meneses. Eu não tenho rigorosamente nada contra o que gosta MFL. Mas enquanto militante do PSD acho que temos todos, militantes e eleitores do PSD, o direito de querer saber como é que a senhora, valendo o que vale no interior do partido,e valendo o que a seu tempo constataremos, lá fora, quer ganhar eleições com reuniões que mais fazem lembrar os tradicionais e fastientos "chá das cinco", longe de grandes aglomerados populacionais, junto do povo, junto de quem quer que os líderes desçam de determinados patamares elitistas e venham sentir o pulsar das bases. Criticar - terá sido? - o PSD da Madeira, a sua festa, que se realiza há mais de 25 anos, criticar Alberto João Jardim, misturando divergências legítimas com declarações desadequadas e inoportunas, pode ter sido um erro. Em situações normais, o PSD da Madeira avançaria com uma imediata demarcação da sua liderança, colocando-se à margem da mesma, reclamando inclusivé um levantamento da maioria dos eleitores que nas "directas" não votaram na actual líder, para que ela esclarecesse afinal o que anda a fazer na política activa. Mas temos que ser cautelosos, até por tudo o que, a montante e a jusante, está associado a esta liderança, aos grupos que se movem na sua sombra ou à sua volta, etc. Por outro lado a instabilidade não serve à mobilização do PSD, à motivação das suas bases, à reunificação do eleitorado que precisa de uma alternativa que, embora sem se ter ainda afirmado como tal, será obrigada a fazê-lo. Contudo, existem outras prioridades políticas e eleitorais imediatas, nos Açores, não podendo o PSD da Madeira ser depois apontado como causa de instabilidade. Mas temos que pensar sobretudo em 2009, um ano que não pode constituir um desastre eleitoral para o PSD, sob pena do partido ter que lutar pela sua própria sobrevivência. Caso tal desfecho catastrófico porventura acontecesse, no qual não acredito, mesmo que seja evidente que a nível nacional PS e Governo lutam com armas desinguais face ao PSD e demais partidos da oposição, então sim, seria chegado finalmente o momento para confrontarmos a inutilidade de "chás das cinco" ou de mini-reuniões com meia dúzia de dirigentes e filiados que apenas ajudam a compor o cenário (uma técnica muito utilizada na Madeira por certos partidos cujos dirigentes até já sabem como se colocar quando as câmaras de televisão efectuam gravação de declarações...) já que se tratam de eleitorado certo - quando o PSD precisa de recuperar eleitores que não estão vinculados a nenhuma militância partidária activa e que não acreditam em MFL como alternativa e garantia de mudança - com as tais festas poeirentas, popularuchas, porventura anti-elitistas, mas que reúnem o povo, permitem o convívio entre cidadãos e garantem ao partido organizador a base de sustentação que o tem mantido no poder. Mas, por enquanto, as cautelas nunca fizeram mal, e o PSD da Madeira não perde nada em esperar que MFL quando o entender, diga de sua justiça. Porque tem esse dever.

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