quarta-feira, abril 30, 2008

Transportes aéreos: bom ou mau?

Vamos a ver se nos entendemos. Quem disser que o novo modelo tarifário a aplicar nos transportes aéreos entre a região e o Continente – vamos utilizar Lisboa, por exemplo - é o que melhor serve os Madeirenses está a mentir descaradamente. De resto, o desafio que aqui deixo aos meios de comunicação social é o de pedir que contactem as agências de viagens, peçam os diferentes tipos de tarifas existentes, façam simulações não com “brincadeiras” na Internet) – comprando só ida, comprando um bilhete completo sem alteração das datas de regresso, comprando um bilhete completo mas com a previsão de ter, depois que alterar o regresso, comprando na véspera uma viagem a Lisboa por precisar que realizar por qualquer imprevisto, etc - indiquem os valores a serem pagos para cada caso (valores totais, não misturem reembolso com tarifas pagas, porque as pessoas já sabem que têm direito a receber 60 euros, depois de comprovadamente realizarem a viagem respectiva) para depois explicarem as novas opções de tarifas, as diferenças quantitativas entre as tarifas praticadas até hoje e os novos valores, as opções mais recomendáveis que agora se colocam aos passageiros (por exemplo comprar apenas uma ida e depois, quando quiser regressar, comprar no Continente uma vinda) a “impossibilidade” de comprar uma ida e deixar o regresso em aberto, porque nesse caso a viagem vai-lhe para quase 500 euros, etc.
Hoje termina o prazo para que as agências de viagens emitam os bilhetes, em função das reservas já feitas, aplicando ainda as tarifas antigas. Ou seja, as agências de viagens vão estar de plantão pelo menos enquanto tiverem viagens para emitir. A partir de amanhã aplica-se o novo modelo e as novas tarifas. Pouco me importa a questão de andarem na internet e fazerem ”brincadeiras”. O problema é que as tarifas mais baixas estão condicionadas à oferta de lugares. Por exemplo, nas alturas de ponta – tipo Natal e Páscoa – em que a afluência de turistas à Madeira é (ou era?) grande, os lugares disponibilizados para tarifas mais baratas, em determinados horários ou já desaparecerem no tal “leilão” da TAP ou só serão marcados se aplicada a tarifa máxima. Neste contexto os estudantes madeirenses que estejam em Universidades continentais, ficarão prejudicados e o desafio que deixo aos que fazem uma “festança” com o novo modelo é este: deixem as coisas como estão, caso queiram, por exemplo até ao Natal e depois a gente fala! No passado dia 23 de Abril realizou-se no Funchal uma reunião entre a TAP (e convém esclarecer que a transportadora nacional, neste caso, não tem nada a ver com o assunto, limita-se a aplicar legislação aprovada) e os agentes de viagens que no dia 24 de Abril começaram a contactar os clientes para emissão de bilhetes, apenas em função das reservas confirmadas até 24 de Abril, terão e que impreterivelmente terão que ser emitidos até hoje. Não podem ultrapassar esta data. Obviamente que quem vem para a blogoesfera falar por falar, sem conhecimentos concretos, corre o risco de dizer asneira, sobretudo os “artistas” que misturam política com tudo. Os que tem filhos têm a estudar fora obviamente que não sabem que a realidade é esta: hoje, 30 de Abril, se quiserem emitir o bilhete da viagem para o(a) filho(a) em para Setembro deste ano (retoma do novo ano escolar) com regresso ao Dezembro (Natal) ou fazem-no ainda com base na tarifa antiga, mas o passageiro (estudante) não pode alterar datas – se o fizer pagará a diferença entre a tarifa actual e a nova tarifa, o que pode atirar o custo do bilhete para m ais de 450 euros – ou ou mantém a reserva, compra o bilhete mais tarde porque os estudantes não conhecem os horários das aulas nem as datas dos exames das datas de viagens do(a) filho(a) mas já fica a saber que vai ter que pagar as novas tarifas.
Então – perguntarão as pessoas – fizeram uma alteração à lei para ficar tudo pior do que estava? Isso mesmo. E sabem porquê? Apenas por um motivo: este novo modelo funcionaria normalmente, pelo menos é isso que os especialistas dizem, se existissem mais do que uma companhia a operar na linha. Com duas ou mais empresas, a oferta aumentaria e a concorrência do tarifário entre elas beneficiaria as pessoas. Por isso, penso que pelo menos até a entrada na linha de mais pelo menos um operador, estes novos procedimentos agora adoptados deveriam ser imediatamente suspensos. E porquê? Porque a alegada entrada da “Easyjet” na linha Madeira-Continente-Madeira (só Lisboa? Ou Lisboa e Porto?) – que foi anunciada há meses e que poderá explicar que este processo de tivesse desenvolvido normalmente – está longe de se concretizar até porque a empresa pretende negociar previamente compensações financeiras com o Governo Regional num esquema semelhante ao que se passa nas ligações com Londres (curiosa a revelação que esta empresa transportou desde Outubro de 2007 quase 94 mil passageiros entre a Madeira e a Inglaterra…). Quanto à SATA, recordo que esta empresa trabalha em “code share” com a TAP e não vejo interesse na companhia açoriana em libertar-se desse acordo e passar a trabalhar sozinha, sem a bengala do operador nacional que ainda por cima comprou a Portugália. Estão a perceber o puzzle?

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