quinta-feira, abril 24, 2008

PSD: o que disse Jardim no Conselho Nacional

Alberto João Jardim foi um dos oradores no Conselho Nacional do PSD ontem realizado em Lisboa. Para que não andem a dizer o que ele disse, quando afinal não disse, ou esqueçam de dizer o que ele disse, de facto, aqui fica o que realmente o líder do PSD da Mafdeira - porque foi nessa inerência que esteve no Conselho - transmitiu aos conselheiros (com uma nota adicional: na qualidade de "blog oficial" do dr. Jardim, segundo a RDP nacional, entendi que não devia guardar esta informação que obtive, muito menos atirá-la para o lixo. Daí ter resolvido partilhar com os que me visitam e que esperam encontrar aqui informação e não polémica, factos e não deambulações, jogo aberto e não jogatadas de bastidores):
"Não posso, responsavelmente, deixar de expressar a minha preocupação com a situação nacional do Partido que tem o mandato democrático de governar a Região Autónoma da Madeira, bem como todos os seus Municípios. Todos sabem que fui dos primeiros a apoiar a solução Santana Lopes quando da imprescindível aceitação por Durão Barroso, da presidência da União Europeia. E se o Pedro resolver avançar de novo, não me lhe oporei, antes, a manter-se este quadro fraccionado, terá o meu apoio. Embora, com toda a franqueza, eu acho que, então, a hostilidade a Sampaio merecia ser concretizada nos termos constitucionalmente possíveis, quando do vergonhoso “golpe de Estado” constitucional que nos trouxe ao presente estado de coisas.
Todos sabem que, nas últimas eleições internas, não votei no Companheiro Luís Filipe Menezes.
Todos sabem que, no discurso que fiz no Congresso Nacional da sua posse, em tom de dúvida metódica exprimi-lhe a confiança de que seria ele próprio a assumir a ética da avaliação das suas possibilidades para Outubro de 2009, durante o primeiro trimestre desse ano.Mas, a partir do momento em que o Dr. Filipe Menezes assumiu a presidência do Partido, ele pode confirmar a lealdade, a solidariedade e o respeito que lhe dediquei. Não fiz mais do que o meu dever de militante.
O execrável, foi a oposição interna constante que, desde logo, lhe passou a ser movida organizadamente. O execrável, foi ver, a pretexto dessa oposição, nomes do Partido até a elogiar Sócrates e a sua política desastrosa, aquilo em que em linguagem técnica de Acção Psicológica, se os classifica de “idiotas úteis”. O execrável, foi o narcisismo de alguns, satisfazer o respectivo ego, ao perorar dislates em programas de comunicação social. Autênticos marionetas da “esquerda”, ao se disporem a camuflar com o nome do PSD, programas onde de facto o Partido não tinha, nem tem voz.
Tudo isto com eleições à porta, onde temos de dar o tudo por tudo!
Tudo isto foi e é execrável. Discordar, sim, é legítimo. Facas nas costas, em benefício do adversário, tal é abominável!
Hoje, o Luís Filipe Menezes pode crer que ganhou uma amizade minha, para o futuro, para a vida, mais intensa e solidária do que há meses atrás. O que Lhe fizeram, não se faz! E até compreendo o desgaste legítimo a que chegou.
Seria imoral que o Partido beneficiasse os infractores!
Seria suicídio, o Partido julgar que os Portugueses têm memória curta em relação a actos governativos que então repudiaram.
A nada conduzirá, alguém se apresentar agora à liderança do Partido, em nome só de um dos grupos em que infelizmente estamos fraccionados. A vitória em 2009 exige, passa, por um consenso responsável entre todos nós e com dignidade para todos.
O futuro dos Portugueses passa necessariamente por alterações governativas nacionais em 2009, pelo que é importante que o Partido Social Democrata encontre o rumo certo. Das onze maneiras seguintes:
1.º Até agora andámos a perder tempo com a fidelidade interessada de alguns, ao Sistema político-constitucional. O qual, este Sistema, não serve aos Portugueses.
2.º Agora, andamos a discutir pessoas, quando o essencial é discutir PROJECTOS.
3.º Quando o essencial, é o Partido Social Democrata saber se libertar da indicação, pela comunicação social de “esquerda”, dos candidatos a líderes nacionais que convêm a esta.
4.º Quando, neste momento, o Partido Social Democrata só pode ter um Projecto. Ganhar as eleições de 2009.
5.º Para ganhá-las, há que agarrar os temas que hoje mais afligem os Portugueses. Mas, apelando aos que trabalham nestes sectores, e não os hostilizando ou prejudicando.
Agarrar estes oito temas seguintes, e não perder mais tempo com questões laterais:
a) a Educação
b) a Saúde
c) a Segurança de pessoas e bens
d) o sistema de Justiça
e) a questão dos impostos e a necessidade de mais investimento público sustentável e de mais investimento privado.
f) o combate ao capitalismo selvagem.
g) o Emprego e a defesa dos Direitos de Quem trabalha.
h) a recuperação económica da Classe Média e das Classes mais desfavorecidas.
6.º Tudo isto tratado através de um discurso mobilizador e popular, feito para atrair as grandes massas. Optar pelos comícios, em vez de os jantares só de família política.
Não vejo como mobilizador, um discurso que diga que não se deve descer os impostos!
7.º Explicar que, neste momento após trinta e quatro anos do necessário 25 de Abril de 1974, hoje a “esquerda” é o passado, nós somos o futuro. Basta ver o desastre que, desde há sessenta anos, vem sendo a “esquerda” na Europa e, desde há trinta anos, em Portugal.
8.º Contra-atacar forte e em público a comunicação social de “esquerda”, para aviso das populações e para obrigá-la a se focar contra nós.
9.º Reconstituir a Aliança Democrática, antes que se dê uma balcanização na nossa área do Centro, e também na área da Direita, com então uma fatal reformulação partidária destes espaços. É tempo de quem preferir o “bloco central”, ou na sua indigência cultural se sentir de uma “esquerda” hipócrita, situacionista e nababa, nos deixar em paz definitivamente. Ou, então, sermos nós a abandonar o Partido, com lágrimas de saudade pelo projecto que, aqui, quisemos construir para os Portugueses.
10.º Ataque político feroz, inteligente e sem o erro da pessoalização, contra o Primeiro-Ministro, explorando todas as asneiras e faltas no honrar de compromissos, tudo isto expressivamente já acumulado, deixando que seja o Senhor a perder a cabeça, como, por enquanto, habitual e previsível.
11.º Disciplina interna – o PSD funcionar como uma Armada, não tendo receio em marginalizar publicamente os que não ajudem neste Plano de Operações. Se é inaceitável que, no Partido Social Democrata, haja quem defenda o Sistema por causa dos seus “interesses” pessoais, muito mais ridículo e inaceitável é a ideia derrotista de alguns fazerem as suas contas individuais de se posicionar para o post-2009,quando o PSD, face ao actual descalabro nacional, se encontra ainda em condições de ganhar 2009.
***
Esta é a minha obrigação de dizer o que penso, ao Partido e aos Portugueses.
Faço-o nos termos da própria Constituição da República e dos Estatutos nacionais do Partido Social Democrata. Faço-o, porque qualquer que seja a evolução na vida nacional e partidária, não dizer, nem propôr a tempo, colocar-me-ia mal com a minha consciência.
Faço-o por Portugal, por tempos mais felizes para os Portugueses e por este Partido que ajudei a construir. Como tenho o Direito e o Dever de não apoiar, nem representar, quaisquer facções internas. Não apoiar quem eu estou convicto que não ganhará as eleições de 2009.
Temos aí uns nomes mediáticos que nunca ganharão em 2009, mas que estão deslumbrados consigo próprios, só porque a comunicação social de “esquerda”, ardilosamente, usa o nome deles para nos rasteirar a todos. A situação em que vamos sendo sistematicamente condicionados pela comunicação social de “esquerda”, sendo esta que vai escolhendo os nossos líderes, ronda um autêntico anedotário!
A Senhora Dr.ª Manuela Ferreira Leite, a Quem muito prezo e respeito e que tenho pena que não esteja aqui para ouvir isto, faria um grande Serviço ao partido, não se candidatando. Não tem hipóteses de ganhar 2009. Se a Senhor Dr.ª Manuela Ferreira Leite, ou outros de certo modo exóticos, persistem em ir para a frente, representarão, todos, sem excepção meras facções do partido. Com o risco de fazerem o Partido implodir, na sequência das eleições internas. Não tenham ilusões!
E nisso eu não entro. Como não entro nisso de facções. Estou como o poeta: «Sei que não vou por aí» A responsabilidade está do Vosso lado!”.

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