terça-feira, março 27, 2007

Europeismos...

Tem gerado alguma polémica - e eu até aceito que compreensivelmente - o facto de Cavaco Silva ter reunido em São Bento uma "romaria" de iluminados, ao que consta todos eles ligados ao processo de construção europeia, desde que Portugal aderiu. Ressalvando que cada um convida quem quer para a sua "casa", a verdade é que Cavaco Silva terá dificuldade, sempre que for interpelado sobre este assunto, em justificar a ausência de Soares. No plano politico-partidário estaria nas tintas para a presença ou ausência de Soares naquele repasto lucubrador. Ainda por cima Cavaco deve ter presente - e os socialistas nisso são uns "mestres", sempre que se trata de branquear factos e filtrar comportamentos - as cenas tontas de Soares, quer tudo o que ele disse de Cavaco durante a campanha, quer o que disse depois de levar nas "trombas" nas presidenciais de Janeiro de 2006, quer depois quando não foi cumprimentar o Presidente após a sua posse. Mas no plano institucional e meramente da lógica, acho que foi um lapso de Cavaco. Segundo a imprensa, o debate promovido pelo Presidente da República, Cavaco Silva, sobre a adesão de Portugal à União Europeia teve a presença de 30 personalidades que considerou relevantes no processo de entrada de Portugal para o clube dos mais ricos da Europa. No encontro, que terminou com um almoço, participaram os ex-ministros dos Negócios Estrangeiros desde o pedido de adesão à então Comunidade Económica Europeia, em 1977. Da lista constavam Carlos Correia Gago, Freitas do Amaral, André Gonçalves Pereira, Jaime Gama, Pedro Pires de Miranda, João de Deus Pinheiro, Martins da Cruz, Teresa Patrício Gouveia e António Monteiro. Além dos ministros e dos dois ex-comissários europeus Cardoso e Cunha e António Vitorino, participaram no encontro os antigos secretários de Estado responsáveis pelos assuntos europeus, os antigos representantes permanentes de Portugal na União Europeia e os responsáveis pelas negociações de adesão.
O problema é que o ex-Presidente Mário Soares, era primeiro-ministro na altura da formalização da adesão e foi ele também quem subscreveu o pedido em 1977. Cavaco parecer ter justificado a ausência de Mário Soares dizendo que o encontro visa "homenagear os funcionários executivos que criaram condições para uma boa adesão e o bom desempenho que se seguiu". Funcionários? Jaime Gama? António Vitorino? João de Deus Pinheiro? Martins da Cruz? Cardoso e Cunha? Gonçalves Pereira? Por amor de Deus, há cada desculpa mais esfarrapada que se revela ainda mais tonta que a tontice original.

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