sábado, março 16, 2024

Galiza: quando os emigrantes tiraram em 2005 a maioria absoluta ao PP de Iribarne

 Em 2005, nas eleições regionais na Galiza, os resultados foram estes:

Deputados, 75

Votos contabilizados: 1.680.202 (64,21%)

Abstenção: 936.609 eleitores (35,79%)

Votos nulos: 7.646 (0,46%)

Votos em branco: 20.912 (1,24%)

Os partidos que obtiveram lugares no parlamento autonómico da Galiza foram os seguintes:

Partido Popular (PP): 37 deputados com 756.562 votos (45,03%).

Partido dos Socialistas de Galicia (PSdeG): 25 lugares, con 555.603 votos (33,07%).

Bloque Nacionalista Galego (BNG): 13 lugares, con 311.954 votos (18,57%).

O PP liderado então pelo já falecido Manuel Fraga Iribarne, ganhou as eleições mas sem maioria absoluta (que por exemplo obteve nas regionais de 2024, 40 deputados contra 35 de toda a oposição, contrariando todas as expectativas), o que levou a um acordo entre o Partido Socialista da Galicia e o Bloco Nacionalista Galego para governar juntos, com Emilio Pérez Touriño a ser empossado como Presidente da Xunta de Galicia (governo autonómico da Galiza). Tratando-se de uma comunidade autonómica onde o PP tivera sempre posição eleitoral destacada e confortável, e sendo Manuel Fraga Iribarme, apesar da sua ligação à política no tempo do franquismo, um dos políticos com maior pese na direita espanhola e na Galiza, onde onde era natural, foram os resultados da emigração que acabaram por atirar o PP para a oposição, de onde entretanto já saiu, repetidamente, nos últimos anos.

CERA

De facto os eleitores do denominado "Censo Electoral de Residentes Ausentes" (CERA) favoreceram os dois grandes partidos galegos, PP e PSOE, em detrimento das outras forças políticas. Em 2005 o chamado voto emigrante viria a ter grande repercussão nestas eleições regionais na medida em que, como referi, o PP da Galiza de Manuel Fraga acabaria por perder a maioria absoluta parlamentar, algo nunca antes acontecido. O PP elegeu 37 deputados contra 38 da oposição, sendo 25 dos socialistas e 13 do nacionalistas galegos, naquilo que foi uma das primeiras "geringonças" espanholas, algo que nos dias que correm praticamente se banalizaram e a diferentes patamares do poder local, ou regional. Lembro ainda que um dos deputados do PP eleitos em 2005 por Pontevedra foi Alberto Núñez Feijóo, actual líder nacional dos populares espanhóis.

Como curiosidade refira-se que nas regionais de 2024, o PP obteve 47,4% dos votos, 40 deputados, contra 35,6% do Bloco Nacionalista Galego, com 25 deputados, 14% do PSOE, com 5 deputados, grande derrota neste acto eleitoral, e ainda um partido de Ourense que com 1% logrou eleger um deputado naquela localidade da Galiza (LFM)

"Directas" no PSD-Madeira

Na corrida eleitoral paras a liderança do PSD-Madeira, cujas directas se realizam a 21 de Março, teremos a repetição do que aconteceu na segunda volta das primeiras eleições directas social-democratas no pós-Alberto João Jardim. São protagonistas Manuel António Correia e Miguel Albuquerque. Como não se prevê que os cerca de 4 mil militantes com quotas pagas - e que são o universo eleitoral do partido, possam ter numa das suas sedes, um debate entre os dois candidatos, recordo as entrevistas que o jornalista Gil Rosa recentemente realizou para a RTP-Madeira na expectativa de que os social-democratas fiquem melhor informados. Miguel Albuquerque aqui e Manuel António Correia aqui

Açores: Chega viabiliza "verde verde" ao programa de governo. Até ver....

O Programa do Governo dos Açores (PSD/CDS-PP/PPM) foi aprovado sexta-feira, na Assembleia Legislativa Regional, com votos a favor dos partidos que integram o Executivo, as abstenções do Chega, PAN e IL, e voto contra do PS e BE. A continuidade do atual Governo Regional fica garantida com a abstenção do Chega, PAN e IL na votação do Programa do Governo – no total foram 26 votos a favor, 24 contra (PS e BE) e sete abstenções. Depois das Legislativas Regionais de 4 de fevereiro, o Partido Socialista e o Bloco de Esquerda anunciaram o voto contra o Programa do XIV Governo dos Açores. O Chega, a terceira força política mais votada nos Açores, garantiu que o partido quer estabilidade para o arquipélago e é sempre parte da solução e não do problema; o deputado do PAN, Pedro Neves, garante igualmente que não quer criar instabilidade política no arquipélago.

Eleições: evolução eleitoral do centro-direita e direita radical portuguesas nas legislativas entre 2009 e 2024

Os resultados de 2024 não incluem ainda os resultados do apuramento nos círculos da emigração (LFM)

À espera dos resultados dos 2 círculos da emigração

(LFM)

Eleições: evolução eleitoral da esquerda portuguesa nas legislativas entre 2009 e 2024


Os resultados de 2024 não incluem ainda os resultados do apuramento nos círculos da emigração (LFM)

Balanço eleitoral simples de perceber: Sem os 3 deputados da Madeira, Montenegro e a sua AD teriam sido derrotados!

Acho que se há balanço eleitoral - mesmo sem termos os resultados eleitorais finais dos dois círculos da emigração, e que eu antevejo possam atribuir 2 mandatos ao PS e 2 mandatos à AD (eventualmente o Chega até pode "roubar" 1 deles na Europa), a única conclusão possível e verdadeira é simples: sem os 3 deputados eleitos na Madeira pela coligação PSD-CDS, Luis Montenegro e a sua AD teriam sido derrotados nas eleições legislativas do passado dia 10 de Março. E isto é demasiado mau para uma coligação que pelos vistos, foi derrotada em muitos distritos continentais e que nem sequer conseguiu aproveitar os falhanços socialistas a seu favor. Inclusivamente no Algarve acabou por ser a terceira força política, depois do Chega e do PS. Ponto final! Perante esta evidência, elaborei um conjunto de constatações, acompanhadas de alguns quadros explicativos, que procuram fazer o balanço eleitoral de modo que todos entendam.

- Considerando os resultados do território nacional - sem, os dois círculos da emigração - o PS é o mais votado com 1,759 milhões de votos, 77 deputados, contra 1,757 milhões de votos da AD com 76 deputados. O que salva a AD, mesmo desconhecendo os resultados dos dois círculos da emigração que elegem 4 deputados, são os 3 deputados que o PSD-CDS elegeram na Madeira

Vamos a números:

- Total de deputados, 230

- Maioria absoluta (metade mais um), 116 deputados

- Deputados do centro-direita (AD e IL), 87

- Deputados da direita radical (Chega), 48

- Deputados do centro-direita mais direita radical, 135 (maioria absouta)

- Deputados do PS, 77

- Deputados do PS mais esquerda, incluindo a esquerda radical, 91.

- Os fenómenos político-eleitorais PRD e CHEGA, diferentes, apesar de ambos não terem identidade ideológica clara mas dependerem apenas de uma pessoa, Ramalho Eanes e André Ventura

Tal como o Chega, que diz combater o sistema o PRD combatia alguns aspectos do sistema e particularmente do sistema partidário, com propostas de alteração constitucional e do sistema eleitoral. A principal vítima do PRD foi o PS, a principal vítima do Chega é o PSD.

Nota: Uma cábula...


- Açores – potencial crise com não aprovação do programa de governo foi ultrapassada com abstenção PAN e Chega. Mas este partido exige acordo escrito com AD – ainda inexistente – e admite que se propostas orçamentais não corresponderem o Chega vota contra;

- Votação da emigração será decisiva. Em 2022 o PS ficou com 3 mandatos e o PSD com 1. Este ano com mais de 400 mil votantes será diferente sobretudo na Europa onde o Chega pode eleger um mandato;

- Madeira, coligação resiste, sobe em votos, mas esta foi a pior percentagem mesmo que se saiba que os mandatos são obtidos em função de votos e não de percentagens;

- PSD – tenho receio que as directas, o que não seria a primeira vez, sejam distorcidas e manipuladas mesmo antes de se realizarem. Eu acho que tem havido falta de verdade, de honestidade e de dignidade, confundindo-se interesses particulares e restritos com interesses mais amplos e alargados, do partido ou da Região. Acho que seria de bom tom que as pessoas finalmente percebessem por que motivo MA é arguido, quais os processos que impedem sobre ele, estatuto de arguido, que não é inibidor de coisa nenhuma nem representa qualquer condenação, enfim quais as acusações que o MP tem contra ele até para que se acabe c om muita especulação. Todos sabemos que apesar de MA se ter disponibilizado para prestar declarações sabe-se, todos sabem, que isso não é possível sem que a imunidade parlamentar seja levantada, neste caso quer pelo parlamento regional, quer pelo Conselho de Estado. Costa também fez o mesmo me há dias queixa-se de que ninguém ainda falou com ele. Nem o farão, e ele sabe disso, pelo menos até que a imunidade deixe de existir. Mas em Bruxelas, quando se associa Costa a um cargo europeu, todos dizem que o sucesso de uma candidatura depende, do resultado eleitoral das europeias, obviamente, mas também de uma decisão da justiça portuguesa, para que não subsistam pontas soltas que ponham em causa os titulares de cargos europeus. E Costa em Portugal nunca foi declarado arguido pela justiça no âmbito da chamada "Operação Influencer"...;

Eleições: Chega igual ao ex-PRD se não tiver juízo? Responda quem souber

Há quem erradamente, em meu entender - dadas as diferenças existentes, desde logo no tempo da política e nos instrumentos ao seu dispor - tente comparar o fenómeno político-eleitoral do Chega com o que se passou com o extinto PRD, partido que foi associado à figura ao ex-presidente da República, António Ramalho Eanes mas que nunca assumiu claramente essa iniciativa dos seus apoiantes, acabando por se revelar no coveiro do partido, quando abandonou Belém. A política hoje, nada tem a ver com o que se passava nos tempos do ex-PRD. As redes sociais, por si só, mudaram muita coisa...

Acresce que é recorrente considerar o Chega como um partido de um homem só, André Ventura. Provavelmente assim será. O PRD, apesar de ser colado ao então Presidente Eanes, nunca o viu assumir a sua liderança, o que explica o seu rápido desaparecimento da cena política portuguesa em apenas 3 anos. Eu recordo o que se passou com o extinto Partido Renovador Democrático, incluindo na Madeira:

(LFM)

Tribunal de Contas deixa alertas ao futuro governo de Lisboa

Tal como fizera anteriormente com  os dois governos regionais da Madeira e dos Açores, saídos das eleições regionais de 2023 e 2024, o Tribunal de Contas deixou alguns alertas e recomendações ao futuro governo de Lisboa. De facto, o Tribunal de Contas divulgou o seu denominado "Contributo para o início da nova Legislatura", documento de natureza pedagógica e construtiva, elaborado antes do ato eleitoral, que será entregue à Assembleia da República e ao Governo "no sentido de contribuir para a melhoria da gestão pública e da sustentabilidade das finanças públicas".

"O Contributo traduz-se num conjunto organizado de recomendações formuladas pelo Tribunal, na sequência das suas ações de controlo nas matérias e domínios abrangidos, nos quais a atuação dos poderes legislativo e executivo poderá resultar em aperfeiçoamento da gestão pública", diz o Tribunal.

Leia aqui o "Contributo para a melhoria da gestão pública e da sustentabilidade das finanças públicas​"

Eleições: pela primeira vez a emigração vai decidir o vencedor

Eu acho que há muitas pessoas que ainda não perceberam o rescaldo eleitoral nacional, numa altura em que faltam apurar 4 deputados e contabilizados cerca de 400 mil votos, ou mais, de acordo com as previsões da CNE. Neste momento, considerando os resultados do território nacional - sem os dois círculos do estrangeiro, Europa e Fora da Europa - temos:

- Toda a esquerda, PS e demais partidos com representantes parlamentares, totaliza 2,56 milhões de votos, 41,6% e 91 deputados;

- Todo o centro-direita, excluindo a direita radical (Chega), tem apenas 2,1 milhões de votos, junto AD, coligação na MadeIra e IL, correspondentes a 34,6% e 87 deputados;

- Se juntarmos a direita radical (Chega) aos resultados da AD, coligação PSD-CDS na Madeira e IL, teremos então uns esmagadores 3,2 milhões de votos, 52,6% e 135 deputados:

- Se considerarmos o somatório da AD com a coligação PSD-CDS na Madeira, temos 1,8 milhões de votos, 24,5% e 79 deputados, contra 1,7 milhões de votos do PS, 28,7% e 77 deputados (LFM)

sexta-feira, março 08, 2024

Sondagem Correio da Manhã: Luís Montenegro ganha a Pedro Nuno Santos na corrida para primeiro-ministro

Líder do PSD distancia-se 13 pontos face ao do PS. Quase 56% não compram carro em segunda mão a nenhum. Luís Montenegro, presidente do PSD, ou Pedro Nuno Santos, secretário-geral do PS, qual deles será melhor primeiro-ministro? As respostas à mais recente sondagem da Intercampus para o CM/CMTV e ‘Jornal de Negócios’ são claras: o líder do PSD é o preferido, ao surgir como a escolha de 44,1% dos inquiridos, contra os 30,8% que optam pelo ex-ministro das Infraestruturas.

Votos desperdiçados: Partidos debatem círculo de compensação

Ao longo de todos os anos da democracia portuguesa, milhões de votos foram literalmente desperdiçados em eleições legislativas. A discussão sobre a reforma do sistema eleitoral tem décadas, mas nunca avançou.

Milei manda encerra agência de notícias da Argentina

A agência de notícias pública da Argentina está fechada desde segunda-feira. E a sede da Télam está cercada pela polícia. É mais uma medida polémica do presidente argentino. Javier Milei diz que a agência tem sido um meio de propaganda e que o encerramento vai contribuir para resolver a grave crise económica no país.

Eleições na Venezuela vão decorrer no dia do nascimento de Hugo Chávez

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela marcou as eleições presidenciais para o próximo 28 de julho, dia de aniversário do antigo presidente Hugo Chávez. Nicolás Maduro deverá ser candidato a mais um mandato de seis anos, mas ainda não confirmou oficialmente. Disse apenas que acredita na vitória do "chavismo".

Sondagem do Público: AD sobe no eleitorado mais escolarizado e PS no menos instruído

É uma tendência que vem de trás, mas que a sondagem desta semana do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) vem reforçar. A Aliança Democrática (AD) é a força política mais forte no segmento do eleitorado com maior nível de escolarização, enquanto o PS é o partido proeminente entre a faixa eleitoral menos instruída. A sondagem da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 – a última antes das legislativas de domingo próximo – revela que 34% dos inquiridos com o ensino superior indicam querer votar na AD, enquanto 14% preferem o PS. A AD sobe assim face aos 29% registados na semana passada e o PS recua relativamente aos 17% obtidos há uma semana.

Dos entrevistados com escolarização aquém do terceiro ciclo, 34% dizem que irão votar no PS, um aumento de sete pontos face aos 27% da semana passada. Já a AD regista uma ligeira descida, deslizando de 22% para 21% neste segmento eleitoral. O Chega surge destacado na terceira posição com 14%. Quanto aos eleitores com o ensino secundário, a AD continua a liderar. Porém, o Chega consegue ultrapassar o PS comparativamente aos dados da sondagem do Cesop de há uma semana: a AD continua com 24% deste eleitorado, o Chega sobe de 15% para 19% e o PS cai de 19% para 17%.

No que diz respeito à segmentação por faixa etária, PS (cresce de 32% para 36%) e AD(sobe de 27% para 29%) ganham força entre os eleitores com 65 anos ou mais, mas após semanas de recuperação da coligação liderada por Luís Montenegro, o partido de Pedro Nuno Santos consegue agora alargar a diferença, que passa de cinco pontos percentuais há uma semana para sete.

Sondagem Público: AD continua seis pontos à frente do PS, mas esquerda ultrapassa direita (sem Chega)

O Chega desce um ponto percentual e a CDU sobe dois. A diferença entre AD e PS está claramente fora da margem de erro. Os indecisos baixam para 16%. A Aliança Democrática (AD) continua à frente do PS por seis pontos percentuais, embora ambos tenham subido um ponto percentual cada na sondagem desta semana, a última da actual campanha eleitoral, feita pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (Cesop) da Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1. Mas se, na semana passada, havia um empate entre esquerda e direita – cada um dos blocos dos partidos que podem garantir a governação tinha 39% –, agora a esquerda está ligeiramente à frente. Isto porque PS, Bloco de Esquerda, CDU (aliança PCP-PEV) e Livre juntos somam 41%, enquanto a AD (PSD/CDS-PP/PPM) e a Iniciativa Liberal somados têm40%.

Fora destas contas estão o Chega e o PAN, uma vez que quer o líder da AD quer o presidente da IL têm excluído, de forma peremptória, qualquer acordo com o Chega, e o PAN tanto pode entender-se à esquerda como à direita. Já à esquerda, os líderes do PS, do PCP, do BE e do Livre têm assumido que podem vir a negociar acordos depois das eleições de domingo.

No entanto, esta maioria assente nas intenções de voto não tem correspondência directa no exercício de distribuição de deputados feito pelo Cesop com base em critérios territoriais, segundo a qual a esquerda, mesmo no melhor cenário, não vai além de 96parlamentares, abaixo do melhor cenário de mandatos da AD (98). Esta distribuição indica ainda que AD e IL registam, no melhor cenário, 108 deputados (mais dois do que há uma semana), pelo que continuam distantes do mínimo de 116 deputados que garante uma maioria absoluta, a qual só seria possível se, à direita, também fosse incluído o Chega. A AD tem 34% das intenções de voto contra os 33% registados há uma semana, e o PS sobe de 27% para 28%. Mantém- se, assim, uma diferença de seis pontos.

Venezuela convidou UE e ONU a observar eleições presidenciais de julho

O Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela (CNE) anunciou que convidou a União Europeia (UE), a ONU e o Centro Carter, entre outros, a enviar missões de observação para as eleições presidenciais de 28 de julho. O presidente do CNE, Elvis Amoroso, adiantou que, além da UE, de peritos da ONU e do Centro Carter, foram também convidados o grupo BRICS, a Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC) e a Comunidade das Caraíbas (Caricom).

Segundo Amoroso, desta forma o CNE dá cumprimento ao Acordo de Barbados, assinado em 17 de outubro de 2023 pelo Governo e a oposição, e ao Acordo de Caracas, de 28 de fevereiro, sobre a participação de observadores internacionais e garantias eleitorais. O presidente do CNE adiantou que foram também enviados convites à União Interamericana de Organismos Eleitorais e à União Africana, entre outros. Amoroso sublinhou que o CNE se encontra em sessão permanente para garantir o calendário eleitoral. A formalização de candidaturas terá lugar entre 21 e 25 de março, seguindo-se o recenseamento eleitoral no país e no estrangeiro, entre 18 de março e 26 de abril, e a campanha eleitoral, entre 4 e 25 de julho.

Entre 6 e 16 de abril terá lugar uma atualização do registo eleitoral. A 05 de março, dia do 11.º aniversário da morte do ex-presidente Hugo Chávez (1999-2013) o CNE marcou as eleições presidenciais para 28 de julho, data do 70.º aniversário do nascimento do mesmo ex-chefe de Estado. A data foi marcada três dias depois de o parlamento da apresentar 27 datas possíveis para as presidenciais, sem o aval da Plataforma Unitária Democrática (PUD), que agrupa os principais partidos opositores, nem da líder opositora Maria Corina Machado, que continua impedida de candidatar-se (RTP)

Adesão da Ucrânia à UE teria um impacto de até 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário, apontam especialistas

A adesão da Ucrânia à União Europeia poderá ter um impacto de entre 110 e 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário, segundo apontou o think tank ‘Bruegel’, o que representa entre 0,1 e 0,13% do PIB da UE. Um valor que, garantem os especialistas, exclui os enormes custos de reconstrução – estimados em pelo menos 450 mil milhões de euros na próxima década – e na expectativa de que Kiev consegue recuperar todos os territórios ocupados pelas tropas russas. Segundo a ‘Bruegel’, Kiev teria direito a 85 mil milhões de euros provenientes da Política Agrícola Comum (PAC) – considerando que o programa, uma vez implementado de acordo com os hectares de terras cultivadas, vai tornar a Ucrânia, com o seu poderoso sector agrícola, o maior beneficiário.

Os especialistas revelaram ainda que Kiev verá chegar 32 mil milhões de euros da Política de Coesão, que financia projetos de desenvolvimento. A atribuição de fundos de coesão está limitada a 2,3% do PIB de um Estado-Membro. Sem este limite, a Ucrânia teria direito a cerca de 190 mil milhões de euros, seis vezes mais. Por último, mais 7 mil milhões de euros de outros programas. Tudo somado, Kiev receberia cerca de 136 mil milhões de euros no orçamento comunitário de sete anos – no entanto, se a Ucrânia não recuperar os territórios nas mãos dos russos, essa dotação reduz-se para 110 mil milhões de euros. Mesmo que o país conseguisse uma recuperação robusta após a guerra, apontou a ‘Bruegel’, continuaria a ser consideravelmente mais pobre do que o estado mais pobre da UE, a Bulgária, e provavelmente do que os dos Balcãs Ocidentais. Por isso, o PIB per capita da UE diminuiria, o que iria provocar mudanças na quantidade de fundos de coesão distribuídos a cada região elegível, salientou Zsolt Darvas, investigador sénior da ‘Bruegel’ e um dos autores do relatório.

“Se a média diminuir, isso significa que algumas regiões da UE que estão atualmente na categoria mais baixa poderão passar para as regiões de transição e algumas regiões de transição poderão passar para regiões mais desenvolvidas”, referiu Darvas, em declarações ao site ‘Euronews’. “Concluímos também que os atuais países da UE obteriam menos cerca de 24 mil milhões de euros do financiamento da coesão, simplesmente devido ao impacto mecânico da Ucrânia.” (Executive Digest, texto do jornalista Francisco Laranjeira)

Portugal tem 382,6 toneladas: reservas de ouro valem mais de 20 mil milhões de euros

Portugal tem nos cofres do Banco de Portugal (BdP) 382,6 toneladas de ouro, uma das maiores reservas do Mundo, que está a valorizar desde 2012, altura em que valia 9,3 mil milhões de euros, e que já mais do que duplicou até 2022. Este ano a registar os valores mais elevados de sempre, os preços do ouro chegaram no ano passado a mais de dois mil dólares por onça, fechando 2023 com uma valorização de 13,28%, para 2066,29 dólares por onça. Desde início do ano há um crescimento de 3,25% no valor dos preços negociados. Segundo o Jornal de Negócios, no final de 2022 a reserva de ouro no Banco de Portugal valia mais de 20,9 mil milhões de euros. Nesse ano contou-se um acréscimo de 189 milhões de euros, conseguido pela evolução da cotação da onça de ouro, efeito da valorização do dólar face ao euro. Olhando à evolução, desde a desvalorização de cerca de 660 milhões de euros das reservas de ouro nacionais entre 2011 e 2012, o metal precioso nos cofres do banco de Portugal tem sempre vindo a valer mais (Executive Digest)

Sondagem Católica: AD mantém-se à frente num Parlamento fragmentado

A poucos dias das eleições legislativas, a Aliança Democrática e o PS sobem ligeiramente na derradeira sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público. A coligação liderada por Luís Montenegro continua na frente, com 34 por cento nas estimativas dos resultados, seguindo-se o PS, com 28 por cento. Houve desde a última semana uma ligeira diminuição no número de indecisos, que são agora 16 por cento. Destaque para a grande fragmentação do Parlamento, com a maioria dos deputados a serem eleitos à direita.

À medida que a campanha se aproxima da reta final, os eleitores vão ficando um pouco mais esclarecidos e decididos em relação ao seu voto. Mas, de acordo com a sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público, ainda há 16 por cento de indecisos. Na última sondagem eram 20 por cento. Neste inquérito, a AD e o PS sobem ligeiramente, mas mantém-se a diferença de 6 por cento entre os dois partidos registada na última sondagem. A AD tem 34 por cento dos votos e PS conta com 28 por cento. Segue-se o Chega, que desce ligeiramente (16%) mas continua a ser a terceira força política, a uma larga distância dos dois primeiros. A Iniciativa Liberal mantém-se nos 6 por cento, assim como o Bloco de Esquerda, com uma estimativa de 5 por cento dos votos, tal como na última sondagem.

Quem sobe mais nesta estimativa em relação à anterior é mesmo a CDU, que passa a ter 5 por cento dos votos. Segue-se o Livre, que desce ligeiramente para os 3 por cento e o PAN, que desce para 1 por cento. Contas feitas, a distribuição de mandatos mantém-se praticamente inalterada na comparação com a sondagem de 28 de fevereiro. Tal como nesse inquérito, prevê-se que nenhum dos partidos alcance os 116 deputados necessários à formação de uma maioria absoluta. A Aliança Democrática consegue, na melhor das hipóteses, obter até 98 mandatos. O Chega pode conseguir entre 33 e 41 deputados, uma enorme subida em relação às eleições de 2022, em que garantiu 12 mandatos. Já a Iniciativa Liberal poderá eleger entre seis e dez deputados.

Barómetro: Financiamento dos media é maior problema do setor em Portugal

A grande maioria dos jornalistas (86%) defende que o modelo de financiamento dos media, devido à quebra do mercado publicitário é o maior problema que o setor atravessa em Portugal, segundo uma análise agora divulgada. “O modelo de financiamento dos media, resultante da quebra do mercado publicitário, é identificado pela maioria dos jornalistas inquiridos (86%) como o maior problema que o setor dos media atravessa em Portugal”, indicou, em resultado a Sonda +M. Os resultados da primeira edição deste barómetro indicam que a precariedade laboral do setor é apontada por 62% dos inquiridos como o principal problema, seguindo-se a dificuldade em tornar pagos os conteúdos ‘online’ (57%). Depois surgem a concentração em grandes grupos (14%), a diminuição das audiências (14%) e a falta de qualidade do jornalismo (14%).

No que se refere a um eventual modelo de financiamento público do setor, 90% dos inquiridos defendem concordar, com 38% a apontar como melhor opção os ‘vouchers’ de assinatura para os cidadãos. As restantes opções mais votadas são as que defendem um apoio via orçamento do Estado (19%) ou com base na consignação de uma parte do IRS – Imposto sobre o Rendimento de pessoas Singulares (19%). Por sua vez, 14% concordam, mas pedem um outro modelo, enquanto 10% dos jornalistas discordam.

Questionados sobre os 30 debates que as televisões realizaram no âmbito das eleições legislativas, 57% dos inquiridos consideram que estes não foram úteis para esclarecer os portugueses. “A larga maioria (75%) que reprova a iniciativa referiu que os debates não foram esclarecedores e as televisões dedicaram demasiado tempo a comentá-los”, destacou. Já dos 43% que os aprova, mais de metade (56%) disse que nos debates foi possível conhecer as propostas de cada partido. Para a realização desta análise foram inquiridos 50 jornalistas em cargos de edição/chefia de mais de 30 órgãos de comunicação social nacional. O período de auscultação decorreu entre 27 de fevereiro e 04 de março, tendo-se registado uma taxa de resposta de 42%. A Sonda é uma iniciativa que pertence ao +M, que, por sua vez, integra o Eco, e da Central de Informação (Executive Digest)

Nova sondagem mostra AD a fugir ao PS e Chega a perder fôlego


Estudo da Intercampus mostra coligação de direita seis pontos à frente dos socialistas nas intenções de voto para as legislativas. Iniciativa Liberal e Livre também têm motivos para sorrir. Com um crescimento de cinco pontos percentuais no espaço de um mês, a Aliança Democrática (AD) consegue alargar para seis pontos a vantagem sobre o PS (29,3% vs. 23.3%), enquanto o Chega baixa de 16,5% para 15,5% e é, a par da CDU (2,1%), a única força política a perder intenções de voto entre fevereiro e março. Estes são os principais destaques do mais recente barómetro da Intercampus para o Correio da Manhã, que mostram ainda a subida da Iniciativa Liberal (7,8%) para quarta força política – à frente do Bloco de Esquerda (5,5%) – e também do Livre (4,3%), que supera mesmo a coligação liderada pelos comunistas e o PAN (3,7%). O estudo divulgado esta quinta-feira, na véspera do fecho da campanha eleitoral para as legislativas de 10 de março, evidencia ainda uma subida expressiva da direita face a fevereiro. Juntando a coligação que integra o PSD, CDS-PP e PPM, aos liberais e aos populistas do Chega, somam agora 52,7% das intenções de voto (vs. 47,4%), com a esquerda unida a valer apenas 35,2% (vs. 33,2% há um mês) (ECO online)


Legislativas: Mulheres mais indecisas do que homens e jovens com mais tendência a votar à direita, revela especialista

A poucos dias do domingo de eleições legislativas, serão os eleitores indecisos os decisivos no ‘tira-teimas’ que determinará o resultado do sufrágio, isto sabendo que, segundo as sondagens, a percentagem de portugueses nesta situação tem variado nas últimas semanas, mas mantém-se mais alta do que o habitual. Segundo indica ao Público Marco Lisi, professor e investigador da Universidade Nova de Lisboa, como se tratam de eleições antecipadas, isso “pode influenciar a percentagem de indecisos, como no caso de outros choques externos”. No entanto, neste caso em particular, o investigador aponta que o fenómeno se relaciona sobretudo com a oferta partidária, nomeadamente o facto de haver novos partidos e novos líderes. Recorde-se que apenas André Ventura foi eleito líder do Chega antes das eleições de 2022 (todos os outros líderes partidários foram-no depois). O politólogo sustenta que são os mais jovens os que estão entre os eleitores mais indecisos.

“Os jovens apresentam uma maior probabilidade de decidir o seu sentido de voto durante a campanha, mas o fator subjacente será principalmente o facto de não terem uma identificação partidária definida, isto é, não se sentem muito próximos de nenhum partido, pelo menos quando comparados com as faixas etárias mais avançadas”, efeito da socialização política. Normalmente mais moderados, estes jovens indecisos têm tendência para votar mais à direita. Quanto ao primeiro aspeto, “reflete uma característica geral dos indecisos, que é assumirem uma posição central do ponto de vista ideológico”. Já quanto ao espetro político, há uma tendência para os jovens indecisos votarem mais nos partidos de direita, enquanto os indecisos mais velhos nos de esquerda, efeito que estará relacionado com as mudanças nas bases eleitorais dos partidos, e não propriamente com “grandes diferenças” de ideologia.

Os jovens têm também maior propensão à abstenção. “Uma maior insatisfação ou descontentamento em relação à situação económica ou política do país tende a favorecer o voto de protesto, antissistema ou populista”, alerta Marco Lisi. O professor universitário explica ainda que, em geral, pode dizer-se que as mulheres tendem a ser mais indecisas do que os homens. Os motivos são difíceis de desvendar mas prendem-se com falta de uma identidade ou proximidade com os partidos, menor nível de informação e de envolvimento na campanha e uma maior indefinição nas convicções políticas (Executive Digest)

Sondagem RTP/Católica. AD mantém vantagem de seis pontos sobre o PS

A Aliança Democrática continua à frente nas intenções de voto dos portugueses. A sondagem da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e jornal Público revela que a vantagem da AD sobre o Partido Socialista é agora de seis pontos.

terça-feira, março 05, 2024

Método de Hondt: e se as regionais de 2023 fossem para a República?

(LFM)

Legislativas na Madeira: alguns dados curiosos




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Bancos privados com 3,3 mil milhões de lucros em 2023 a subirem 74,2% face ao ano anterior


Os seis maiores bancos privados portugueses – BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI, Crédito Agrícola e Banco Montepio – lucraram 3,3 mil milhões, mais 74,2% do que um ano antes. A rentabilidade dos capitais próprios ronda agora em média os 16%, acima do custo do capital, que oscila entre os 12% e os 14%. Em 2022 os sete maiores bancos portugueses – CGD, BCP, Novobanco, Santander Totta, BPI, Crédito Agrícola e Banco Montepio – lucraram 2.761 milhões de euros, mas, excluindo a Caixa que ainda não apresentou as contas de 2023, os seis maiores bancos privados tiveram em 2022 lucros agregados de 1.918 milhões de euros. Ora, esse valor é 74,2% inferior ao lucro agregado dos mesmos seis bancos em 2023, que somou 3.342,9 milhões de euros.

Sem surpresas a receita da margem financeira que no conjunto dos seis bancos soma 6.965,8 milhões de euros justifica a subida dos lucros. A margem financeira, que integra o produto bancário, subiu em média (simples) 73,4%, acompanhando a evolução dos lucros. Os maiores crescimentos da margem financeira observam-se no Crédito Agrícola, no Santander Portugal e no Novobanco, aumentando 103,8%, 91% e 82%, respetivamente. A subida foi de quase 70% no BPI, de 31,4% no BCP e de 62,3% no Banco Montepio. Mas o indicador que melhor revela os ganhos da banca é a rentabilidade dos capitais próprios, que ronda agora 16%, acima do custo do capital. A última informação do BCE é de que o custo do capital estava em 13,2% no final do primeiro semestre e a estimativa da banca é que está agora entre 12 e 14%. Como as taxas de juro pouco mexeram desde o primeiro semestre, o custo do capital não se terá alterado muito face ao primeiro semestre.

Os bancos geram muitos lucros porque investiram muito capital na atividade, defendeu recentemente o presidente da Associação Portuguesa de Bancos, Vítor Bento, que sublinhou que “a banca, em 2022 na sua totalidade, tinha investido cerca de 36 mil milhões, mais do que qualquer outro sector individual e perto de metade do conjunto das grandes empresas não-financeiras. Logo, é natural que deva apresentar lucros mais volumosos”, num artigo do “Público”.

Abandono está a aumentar no ensino superior público, sobretudo no interior

Cada vez mais estudantes estão a desistir do ensino superior público após o primeiro ano do curso, mas apesar das dificuldades de alojamento em Lisboa e Porto, é sobretudo no interior que o abandono escolar aumenta. Os dados mais recentes divulgados no portal Infocursos referem-se ao ano letivo 2021/2022 e mostram que, ao contrário do setor privado, o abandono no final do primeiro ano do curso aumentou desde 2013/2014. Entre esse período, a percentagem global de alunos que já não estavam inscritos em nenhum curso um ano após começarem uma licenciatura ou mestrado integrado manteve-se, mas se diminuiu no setor privado, de 15,8% para 12,5%, aumentou no público, de 10,2% para 11,6%. Depois de cinco anos a diminuir consecutivamente, registando um mínimo de 8,7% em 2018/2019, o abandono voltou a subir ainda antes da pandemia da covid-19 e da crise da inflação.

Nos últimos anos, o custo do alojamento, sobretudo nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto, tem sido apontado como uma das principais barreiras à frequência do ensino superior, mas os dados mostram que não é nessas cidades que o problema é mais significativo. Nas principais instituições da capital, por exemplo, há menos alunos a desistir na Universidade de Lisboa, na Universidade NOVA de Lisboa e no Instituto Politécnico de Lisboa, tendo a percentagem aumentado apenas do ISCTE-IUL, de 6,1% para 7,9%. Por outro lado, o abandono subiu ligeiramente na Universidade e no Instituto Politécnico do Porto, fixando-se em 8,6% e 9,2%, respetivamente, abaixo, ainda assim, da média nacional.

Publicidade 'on-line' proibida contra PSD atinge mais de dois milhões


Investigadores do MediaLab do ISCTE identificaram publicidade anónima e paga no Facebook, que liga o líder do PSD aos cortes durante a 'troika' e que já alcançou mais de dois milhões de pessoas.
Esta publicidade, proibida em campanha eleitoral, “está escondida atrás de uma página de Facebook não identificada”. Desde que foram criados, em 26 de fevereiro, quatro ‘posts’ publicitários “atingiram entre 11 mil e 500 mil destinatários cada”, sendo que um deles foi “visto por um milhão e 185 mil portugueses entre os 25 e os 65 anos”, segundo informações recolhidas pelo MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE-IUL).
No total, os “‘posts’ patrocinados podem ter chegado a mais de dois milhões de portugueses, cerca de 22% da população com capacidade eleitoral”, diz o relatório do MediaLab, que resulta de um projeto, em parceria com a agência Lusa, sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março.
Segundo uma estimativa do Medialab, e face ao tipo de segmentação e alcance atingido, “o investimento total pode rondar os 12 mil euros em apenas três dias de campanha publicitária”, o que leva os investigadores a admitir que se pode “estar perante uma operação bastante profissional, mas procurando escapar às regras da comunicação eleitoral”.

Pesquisa do ISCTE deteta "indícios de interferência externa nas eleições em Portugal" contra PS e PSD

A conclusão resultou de uma pesquisa realizada pela equipa do MediaLab, do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE-IUL), em parceria com a Agência Lusa. Dois anúncios - um visando o PS, outro o PSD - mostram uma inversão de paradigma num país onde, até agora, não se tinham detetado indícios claros de interferência externa direta em eleições. Foram identificados, pela primeira vez, “indícios de interferência externa nas eleições em Portugal", revelou uma pesquisa realizada por investigadores do MediaLab do ISCTE, liderada por Gustavo Cardoso e José Moreno, em parceria com a Agência Lusa. Em causa um resultado que derivou de uma investigação sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação no período pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março, que se centrou em dois exemplos em concreto: um anúncio que acusava o PS de corrupção, e um outro que recordava os cortes feitos pelo Executivo do PSD durante o período da “troika”. 

O primeiro destes vídeos remetia para um canal do YouTube, “Bolsonaristas em Portugal”. Começou a circular “online” a 22 de fevereiro, acabando por ser distribuído em vários “sites” portugueses, nomeadamente páginas “online” de jornais”. Porém, entretanto, deixou de estar disponível para visualização. Tratava-se de um vídeo que acusava dirigentes socialistas de corrupção, no qual estavam inseridas fotografias de António Costa e José Sócrates, acompanhadas de títulos descontextualizados de jornais nacionais. Segundo recordam os investigadores, esta é uma “estratégia habitual na produção de conteúdos desinformativos”. 

PSD atingido por publicidade anónima: mais de 2 milhões leram 'posts' proibidos durante a campanha

Publicidade anónima e paga no Facebook ligando Luis Montenegro aos cortes durante a ‘troika’ pode ter chegado a mais de dois milhões de portugueses, cerca de 22% da população com capacidade eleitoral. 'Posts' detetados por investigadores do MediaLab do ISCTE são proibidos durante a campanha eleitoral. Investigadores do MediaLab do ISCTE identificaram publicidade anónima e paga no Facebook, que liga o líder do PSD aos cortes durante a 'troika' e que já alcançou mais de dois milhões de pessoas. Esta publicidade, proibida em campanha eleitoral, "está escondida atrás de uma página de Facebook não identificada". Desde que foram criados, em 26 de fevereiro, quatro 'posts' publicitários "atingiram entre 11 mil e 500 mil destinatários cada", sendo que um deles foi "visto por um milhão e 185 mil portugueses entre os 25 e os 65 anos", segundo informações recolhidas pelo MediaLab do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e a Empresa (ISCTE-IUL). No total, os "'posts' patrocinados podem ter chegado a mais de dois milhões de portugueses, cerca de 22% da população com capacidade eleitoral", diz o relatório do MediaLab, que resulta de um projeto, em parceria com a agência Lusa, sobre as eleições nas redes sociais e os processos de desinformação na fase pré-eleitoral para as legislativas de 10 de março.

Segundo uma estimativa do Medialab, e face ao tipo de segmentação e alcance atingido, "o investimento total pode rondar os 12 mil euros em apenas três dias de campanha publicitária", o que leva os investigadores a admitir que se pode "estar perante uma operação bastante profissional, mas procurando escapar às regras da comunicação eleitoral".

PS e PSD tiveram mais de dois terços dos votos em 35 anos

Em 50 anos de democracia, as eleições mais participadas foram aquelas que deram a vitória à AD de Sá Carneiro- A Pordata retrata a evolução das eleições em quase cinco décadas. Apenas seis governos cumpriram mandato até ao fim. PS e PSD representam, desde 1987, mais de dois terços dos votos válidos. E, ao longo da democracia, quem teve mais votos em legislativas foram os sociais-democratas na recondução de Cavaco Silva, em 1991 (2,9 milhões de votos). O PS teve a sua maior votação em 2005, com o primeiro Governo de José Sócrates (2,6 milhões), sublinha a Pordata. Num retrato dos últimos 50 anos, destaca que apenas seis executivos concluíram o mandato. Já com base no Eurobarómetro de 2023, avisa que oito em cada 10 residentes em Portugal inquiridos tendem a não confiar nos partidos.

Eleições 2024: 80% dos portugueses não confiam nos partidos, conclui estudo da Pordata

A Pordata fez o retrato em números da evolução das eleições em democracia. Que, nos seus fundamentos, pode estar a mudar – mesmo que depois regresse ao mesmo de sempre: o centro do espectro político está a esvaziar-se. Tudo para seguir na noite do próximo dia 10 de março. Numa altura em que o país se encaminha para definir a composição da Assembleia da República, nas eleições do próximo dia 10 de março, a Pordata, base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, divulga um conjunto de dados que permitem fazer um retrato da evolução das eleições legislativas em Portugal. Um dos aspetos mais marcantes dos 50 anos de democracia é que o eleitorado nunca deixou de se concentrar nos dois partidos do centro do espectro político: PS E PSD. Mas as sondagens indicam que esse elemento fundacional da democracia pode estar a desaparecer – com as margens mais radicais, à direita e à esquerda, a assumirem posições de relevo.

A ‘jurisprudência’ europeia indica, contudo, que pode ser um movimento meramente passageiro – um interregno até tudo voltar ao ‘normal. “PS e PSD representam, desde 1987, mais de dois terços do total dos votos válidos”, referem os dados coligidos pela Pordata. Afinal, “59% dos cidadãos afirmam posicionar-se politicamente ao centro ou mais à esquerda” – o que implica uma concentração de votos ao centro.

A segunda parte do estudo retrata a população dos residentes em Portugal sobre a política nacional e “demonstra que 8 em cada 10 residentes tendem a não confiar nos partidos políticos; que 62% tendem a não confiar na Assembleia da República; que 56% dos cidadãos estão satisfeitos com a democracia nacional (comparando com 55% da média europeia); e que, a nível europeu, estão entre os que menos confiam na sua capacidade de participar na política.

Sondagem: Empate técnico mas com vantagem do PS sobre a AD

A uma semana das legislativas, há 240 mil indecisos e um milhão que só decide “em cima da eleição”. Chega solidifica terceiro lugar, comunistas voltam à tona. Quando falta uma semana para a ida às urnas, e no dia em que algumas dezenas de milhares de portugueses votam antecipadamente, continua tudo em aberto relativamente ao vencedor e aos cenários de governabilidade. De acordo com a sondagem da Aximage, a vantagem ainda é do PS (33,1%), mas a AD (29,6%) encurtou a distância, ao ponto de ter de se afirmar, quando se tem em conta a margem de erro, que há um empate técnico. Há dois outros sinais significativos nesta última projeção antes das legislativas: a recuperação dos comunistas (4%) e a quebra dos liberais (3,9%). O Chega mantém um sólido terceiro lugar (16,7%), seguindo-se um BE ligeiramente reforçado (6,6%), e por fim PAN (2%) e Livre (1,7%) em perda.

A projeção, recorde-se, fala para o passado, não pode ser entendida como uma previsão rigorosa das escolhas dos eleitores a 10 de março. Neste caso, é o retrato do sentimento político dos portugueses entre 23 e 27 de fevereiro, quando já tinham terminado os debates televisivos e começava em força a campanha nas ruas. E o que o estudo nos diz, quando se tem em conta a margem mínima e máxima, é que o PS ficaria entre os 29,7% e os 36,5%, enquanto para a AD se aponta para 26,2% a 33%. Mas há outros dados que reforçam a incerteza quanto ao resultado.

Direita à frente

Desde logo, os 4,4% de indecisos: ou seja, cerca de 240 mil eleitores (se projetarmos esta percentagem para os pouco mais de cinco milhões que votaram em 2022). Depois, os 20% que garantem que só decidem em definitivo “mais em cima da eleição” (no mínimo, um milhão de eleitores). O suficiente para se perceber que os três pontos percentuais, ou cerca de 160 mil votos, que separam PS e AD são quase insignificantes (de novo projetando as percentagens atuais no universo dos que votaram nas últimas legislativas em território nacional).

Estudo Pordata: Maioria não confia nos partidos e não é de esquerda ou direita

O DN falou com a diretora da Pordata, Luísa Loura, que alerta: “Descrença nos partidos” leva a uma menor participação eleitoral. Esta ideia surge no estudo do gabinete estatístico da Fundação Francisco Manuel dos Santos, que fez um retrato das eleições pós-25 de Abril. A Pordata divulga esta segunda-feira um retrato histórico das eleições, desde o 25 de Abril até agora, e revela que “oito em cada dez inquiridos em Portugal tendem a não confiar nos partidos políticos”. O DN conversou com a diretora deste gabinete de estatística, afeto à Fundação Francisco Manuel dos Santos, Luísa Loura, que explica: “Os partidos não mudaram de opinião. Muitas vezes não se consegue concretizar medidas que têm na ideia, mas isso leva a que a população ganhe alguma descrença neles, e com isto começam a participar cada vez menos”. 

“Esta é, aliás, uma tendência em 19 dos 27 países da União Europeia [UE], em que mais de 70% das pessoas tendem a não confiar nos partidos políticos (a média da UE é 77%)”, continua o estudo da Pordata, salvaguardando que “em todos os países, com exceção da Dinamarca, que regista empate, é maior a proporção de pessoas que não confiam do que as que confiam”.

O documento indica ainda que os portugueses só estão abaixo da média europeia, no que diz respeito a descrença nas instituições, quando se referem a organismos europeus (ver gráfico intitulado Confiança dos eleitores, que, de acordo com a Pordata é alimentado por dados do Eurobarómetro). Sobre as instituições nacionais, os vários partidos políticos são os que permitem que a credulidade dos portugueses caia por terra, com 81% dos inquiridos  a demonstrarem que não confiam neles. Em relação à casa da democracia, os dados não variam muito, mas a falta de confiança é menor, com 62% dos inquiridos a revelarem que não confiam na Assembleia da República. Por fim, a justiça, pelo menos no que diz respeito a este gráfico, também é alvo da falta de confiança dos portugueses, com 53% dos participantes no estudo a refletirem isso, mas a proporção é menor face às outras instituições.

Governo regional dos Açores já tomou posse. Resta saber por quanto tempo....

O Governo regional tomou posse com apelos à estabilidade e à responsabilidade. A coligação PSD/CDS/PPM assume o executivo minoritário e espera que o orçamento regional seja aprovado no próximo dia 12 de março.

Grande maioria de portugueses desconfia do Parlamento

A maioria dos portugueses não confia nos partidos políticos nem na Assembleia da República. Mais de 60% dos portugueses desconfiam do Parlamento, o que é um valor acima da média europeia. Os dados são avançados pela Pordata.

Quantos governos e quantas maiorias absolutas teve cada um? PS e PSD concentram mais de 65% dos votos em legislativas desde 1987

O PS formou Governo por nove vezes (cinco nas últimas duas décadas), e o PSD liderou seis executivos nos últimos 21 anos. De acordo com a evolução histórica das eleições e a perceção dos portugueses sobre a política, desde o 25 de abril de 1974 até às últimas eleições, em 2022, num retrato elaborado pela base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, o partido com mais votos numa eleição legislativa foi o PSD, que obteve 2,9 milhões de votos na recondução de Cavaco Silva, em 1991. Já o PS obteve a sua maior votação em 2005, com o primeiro Governo de José Sócrates (2,6 milhões de votos). Desde que Portugal é uma democracia, o PS formou Governo por nove vezes, das quais cinco ocorreram nas últimas duas décadas, enquanto o PSD liderou seis executivos nos últimos 21 anos. Desde 1976, apenas seis dos 16 governos concluíram o mandato: 1987-1991 e 1991-1995 com Cavaco Silva, 1995-1999 com António Guterres, 2011-2015 com José Sócrates, 2005-2009 com Pedro Passos Coelho e 2015-2019 com António Costa.

No período democrático, foram eleitos seis Governos com maioria absoluta, quatro liderados pelo PSD (dois com a Aliança Democrática (AD) liderada por Sá Carneiro, em 1979 e 1980, e dois com Cavaco Silva, em 1987 e 1991) e dois pelo PS (um com José Sócrates, em 2005, e um com António Costa, em 2022), sendo que apenas Cavaco Silva e José Sócrates conseguiram concluir os seus mandatos. O relatório também salienta que, nos últimos 30 anos, o partido que elegeu o maior número de deputados numa eleição foi o PS, com 121 nas legislativas de 2005, enquanto o partido que mais deputados perdeu foi o PSD, em 2005, quando passou de 105 para 75.

Oito milhões de votos foram “desperdiçados” em todas as legislativas: mudar lei eleitoral tornaria “democracia mais sã”

As listas independentes incentivam a participação eleitoral. Outras variáveis, como taxas de desemprego altas e locais com pouca população, também  Foto Marcos Borga. As listas independentes incentivam a participação eleitoral. Outras variáveis, como taxas de desemprego altas e locais com pouca população, também. As legislativas “são as únicas eleições em que não há métodos de representatividade”. Ano após ano, milhares de votos não são convertidos em mandatos — e os partidos e os círculos eleitorais de menores dimensões são historicamente os mais prejudicados. “Muita gente já me disse: ‘Aqui na minha zona nem vale a pena votar nesse partido porque já sei que vai cair em saco roto’”, conta o politólogo Luís Humberto Teixeira. Há soluções para resolver o problema, mas falta vontade política

8.330.434 é o número de votos que foram ‘desperdiçados’ em todas as eleições legislativas desde 1975. Por outras palavras, cerca de 9,5% dos mais de 87 milhões de votos válidos até hoje não foram convertidos em mandatos, avança o politólogo Luís Humberto Teixeira, responsável pelo portal “O meu voto” e pela petição “Por uma maior conversão de votos em mandatos”. O problema não é de agora e as soluções já estão identificadas — mas há “indiferença” e “comodismo” em mudar a lei eleitoral, considera.

Luís Humberto Teixeira estuda este tema há mais de 20 anos e, nas últimas legislativas, a petição e o portal “fizeram com que a consciência das pessoas aumentasse”. “Recebi muitas mensagens de eleitores a dizer que não tinham conhecimento disto, apesar de votarem há décadas”, conta ao Expresso. “Muita gente já me disse: ‘Aqui na minha zona nem vale a pena votar nesse partido porque já sei que vai cair em saco roto’”, acrescenta.